Ibovespa fecha em alta em dia de otimismo pós-fala de Powell; dólar tem maior queda diária de 2024
O índice foi impulsionado por ações ligadas à economia doméstica, que registraram fortes ganhos devido à queda dos juros futuros
O Ibovespa fechou em alta de 0,32%, aos 135.608,47 pontos nesta sexta-feira (23). Já o dólar teve uma queda de 1,97%, cotado a R$ 5,47, considerada a maior baixa diária neste ano. O índice foi impulsionado por ações ligadas à economia doméstica, que registraram fortes ganhos devido à queda dos juros futuros.
Em meio às expectativas pelo simpósio em Jackson Hole, a bolsa brasileira se aproximou das máximas após o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, afirmar que é o momento de começar o início do ciclo de flexibilização da política monetária nos Estados Unidos.
Ibovespa
Na mínima intradiária, tocou os 135.174 pontos e, na máxima, os 136.478 pontos. Na semana, o índice acumulou alta de 1,24%.
O volume financeiro negociado na sessão (até as 17h45) foi de R$ 15,55 bilhões no Ibovespa e R$ 20,74 bilhões na B3.
Dólar
Depois de subir quase 2% na sessão de ontem, na maior valorização diária deste ano, hoje o dólar comercial devolveu quase todo o movimento e recuou quase 2% na também maior depreciação diária do ano.
Tal dinâmica eleva a volatilidade histórica anualizada da moeda brasileira, que já encosta em 17% no mês de agosto (em julho, tal volatilidade ficou em 13,5%).
No caso específico desta sexta-feira, não houve dúvidas do gatilho para o movimento: o discurso mais “dovish” (favorável ao corte de juros) do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, em evento em Jackson Hole. O dirigente do BC americano indicou que chegou a hora de ajustar a política monetária.
Diante disso, todas as moedas mais líquidas acompanhadas pelo Valor se valorizavam contra o dólar perto do fechamento do mercado, e o real listava entre as que apresentavam melhor performance.
No fim das negociações do mercado à vista, o dólar comercial encerrou em queda de 1,97%, a R$ 5,4794, depois de ter encostado na mínima de R$ 5,4744 e tocado na máxima de R$ 5,5830.
No saldo semanal, no entanto, o dólar teve valorização de 0,21%. Já o euro comercial exibiu depreciação diária de 1,24%, a R$ 6,1314, enquanto subiu 1,71% na semana.
Perto das 17h15, o índice DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de seis moedas de mercados desenvolvidos, recuava 0,80%, a 100,693 pontos. O real avançava 0,93% ante o peso colombiano, 0,80% contra o peso chileno, mas recuava 0,24% ante o peso mexicano.
Bolsas de Nova York
As bolsas de Nova York encerraram o pregão em forte alta, de mais de 1%, impulsionadas pelo aguardado discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, durante o Simpósio de Jackson Hole.
Na sua apresentação, Powell afirmou que “chegou a hora de ajustar a política [monetária]” diante do progresso da inflação em direção à meta de 2% e o enfraquecimento do mercado de trabalho nos Estados Unidos.
O comentário praticamente sacramentou o corte de juros em setembro, o que levou a um amplo movimento de apetite por risco nos mercados globais que favoreceu as bolsas ao redor do mundo.
Desta forma, o índice Dow Jones fechou em alta de 1,14%, a 41.175,08 pontos; o S&P 500 subiu 1,15%, a 5.634,61 pontos; e o Nasdaq avançou 1,47%, a 17.877,79 pontos. No acumulado da semana, os índices anotaram ganhos de 1,27%, 1,45% e 1,40%, respectivamente.
Como de costume, as ações mais beneficiadas pela perspectiva cada vez mais clara de início do ciclo de flexibilização monetária nos Estados Unidos foram as dos setores de de consumo discricionário e de tecnologia, que acumularam alta conjunta de 1,7% e 1,66%, respectivamente, no S&P 500.
Com ganhos acima de 4%, Nvidia e Tesla se destacaram entre os papéis de maior peso do índice de referência da bolsa nova-iorquina.
Bolsas da Europa
As bolsas europeias encerraram o pregão desta sexta-feira (23) em alta firme, impulsionadas pelo discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, durante o Simpósio de Jackson Hole. Powell praticamente sacramentou o corte de juros nos Estados Unidos em setembro, o que abriu espaço para um amplo movimento positivo de ativos de risco.
Com isso, o índice Stoxx 600, que compila ações de 17 mercados europeus, anotou ganho de 0,51%, a 518,35 pontos. Na semana, o índice acumulou ganhos de 1,35%. Na bolsa de Frankfurt, o DAX subiu 0,76%, hoje, e 1,70%, na semana, a 18.633,10 pontos. Já o índice londrino FTSE 100 teve avanço diário de 0,48% e alta semanal modesta de 0,20%, a 8.327,78 pontos. Por fim, o CAC 40, da bolsa de Paris, valorizou 0,70%, nesta sexta, e 1,71%, na semana, a 7.577,04 pontos.
Após uma manhã de ganhos modestos, o gatilho para o bom desempenho das ações europeias foi o discurso de Powell em Jackson Hole.
Powell não só abriu caminho para o início do ciclo de cortes de juros, como também enfatizou os riscos para o mercado de trabalho americano e o progresso da inflação nos Estados Unidos em direção à meta de 2%, o que aumentou as especulações quanto à possibilidade do Fed reduzir a sua taxa básica em 0,5 ponto percentual (p.p.) no mês que vem.
“Se tivermos um ‘payroll’ abaixo de 100 mil [novos empregos] e a taxa de desemprego subir para 4,4% ou até mesmo 4,5%, então [um corte de] 0,50 ponto parece mais provável”, avalia James Knightley, economista-chefe internacional do banco holandês ING.
Durante o seu discurso, Powell afirmou que o Fed “não buscará nem receberá bem” mais desaquecimento do mercado de trabalho a essa altura.
A política monetária do Banco Central Europeu (BCE) também ficou no radar dos investidores no velho continente. Segundo fontes ouvidas pela Reuters, há “amplo suporte” para um corte de juros na decisão de setembro da autarquia.
Em entrevista à Bloomberg, Mario Centeno, presidente do Banco de Portugal e membro do BCE, afirmou que a decisão de setembro “será fácil”, indicando a retomada do processo de flexibilização monetária.
“É claro que o movimento mais provável em termos de política monetária é continuar reduzindo as taxas”, disse ele, ressaltando os riscos a uma economia europeia “que não cresce”, mesmo diante do cenário global de pouso suave.
*Com informações do Valor Econômico
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