Ibovespa fecha em queda e testa suporte de 100 mil pontos com cautela diante de arcabouço fiscal
Queda das commodities pode exercer pressão negativa sobre os ativos locais no Ibovespa; dólar recua a R$ 5,24
O Ibovespa hoje se descolou completamente das bolsas estrangeiras, que esboçaram reação, fechou em queda de 1,04% (pós ajuste), aos 100.922 pontos, pressionado pela precaução dos investidores diante do texto do novo arcabouço fiscal a ser apresentado pelo governo.
Prometido para esta semana, o texto ainda deve passar por novas rodadas de apresentação e de negociação de alguns pontos. Hoje, o ministro Fernando Haddad se reúne com líderes partidários do Congresso para mostrar o projeto.
O dólar comercial fechou o dia em queda de 0,52%, a R$ 5,2425. Os contratos de juros futuros encerraram mistos nesta segunda.
Bolsas dos EUA fecham em alta
Nos EUA, os papéis de bancos regionais tiveram forte alta, recuperando parte das perdas da semana anterior. O movimento ocorre após o anúncio de um acordo fechado ontem que garante depósitos a clientes do falido Signature Bank.
Por lá, os três principais índices fecharam em firme em alta. O Dow Jones subiu 1,20%, S&P 500 avançou 0,89% e o Nasdaq 0,39%.
O destaque era o New York Community Bancorp, cuja ação chegou a disparar 36,55% depois que uma subsidiária da empresa fechou um acordo com o Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC, agência garantidora de depósitos bancários nos EUA) para comprar a maioria dos depósitos do Signature Bank, fechado por autoridades reguladoras na semana passada.
Arcabouço fiscal
No Brasil, o investidor acompanha também a proposta para o novo arcabouço fiscal, cuja apresentação é esperada para esta semana.
O projeto foi apresentado na sexta-feira pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Como informou o Valor, há integrantes da base do governo que pedem que o texto amplie os investimentos públicos, como a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que se manifestou publicamente nesse sentido.
UBS compra Credit Suisse
Estados Unidos, Europa, Suíça e Japão garantirem socorro ao sistema bancário – caso necessário seja – os investidores retomaram o apetite por risco.
O anúncio ocorreu na noite ontem, logo na sequência da compra do Credit Suisse pelo UBS, que segurou a quebra do segundo maior banco da Suíça.
Diante das garantias que o setor bancário não quebre – e leve consigo a economia mundial – as ações ganharam fôlego. Menos aqui no Brasil.
Commodities
As commodities também estão no foco, já que as companhias do setor têm peso expressivo na formação do índice brasileiro.
O minério de ferro caiu 2,5% na bolsa de Dalian, aos 883 yuans (cerca de US$ 128) a tonelada, após o governo chinês informar que analisará maneiras de conter o preço da commodity, considerado excessivamente alto.
O petróleo Brent – utilizado como referência pela Petrobras para sua política de preços – fechou em alta de 1,06%, a US$ 73,54 o barril com entrega para maio.
O movimento derrubava as ações preferenciais e ordinárias da Petrobras (-1,02% e -0,80%, respectivamente). Caíam ainda os papéis da 3R (-1,42%), Prio (0,64%) e Enauta (-0,73%).
Já os contratos futuros do ouro encerraram o dia em alta, tendo ultrapassado os US$ 2.000 pela primeira vez desde março de 2022, enquanto agentes do mercado avaliam a situação no setor bancário.
Na Comex, divisão para metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com entrega prevista para abril fechou em alta de 0,47%, a US$ 1.982,80 por onça-troy.
Boletim Focus
Para a semana, os eventos principais nos mercados serão as decisões de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) e do BC brasileiro, ambas na quarta-feira.
Mercado Europa
As bolsas europeias encerraram o pregão de hoje em alta firme, ao redor de 1%, depois que a compra do Credit Suisse pelo UBS ajudou a acomodar os temores dos mercados sobre uma crise bancária mais ampla, após a quebra de bancos regionais nos EUA ter aprofundado os problemas de liquidez do banco suíço.
O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em alta de 0,98%, a 440,60 pontos. Em Frankfurt, o DAX teve avanço de 1,12%, a 14.933,38 pontos, o londrino FTSE 100 subiu 0,93%, a 7.403,85 pontos, e o parisiense CAC 40 acumulou ganho de 1,27%, a 7.013,14 pontos.
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