Incerteza interna e força dos títulos dos EUA seguram Ibovespa, que fecha em alta de 0,15%; dólar sobe a R$ 5,46
Veja como se comportaram o Ibovespa e o dólar nesta quinta-feira (20)
O Ibovespa avançou na sessão desta quinta (20), impulsionado primordialmente por Petrobras e Vale, mas distante das suas máximas intradiárias.
Apesar da decisão unânime do Copom trazer algum alívio ao mercado, o avanço dos Treasuries nos Estados Unidos e a persistência das incertezas internas limitaram a performance do índice.
Ibovespa hoje
No fim do dia, o Ibovespa subiu 0,15%, aos 120.446 pontos. Nas mínimas intradiárias, tocou os 120.156 pontos, e, nas máximas, os 121.607 pontos.
O volume financeiro negociado na sessão (até as 17h15) foi de R$ 14,58 bilhões no Ibovespa e R$ 21,04 bilhões na B3.
A manutenção da Selic em 10,5% pelo Copom de forma unânime deu algum impulso para os mercados locais nos primeiros negócios do dia, mas o impacto foi limitado devido ao movimento de alta no rendimento dos Treasuries na sessão. Agentes também analisaram novas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao patamar dos juros no Brasil.
Gabriela Joubert, estrategista-chefe do Inter, diz que a decisão unânime do Copom foi importante, já que havia se tornado um ponto de atenção após o dissenso da reunião anterior. E lá fora, diz, apesar de ainda não haver uma definição sobre quando o ciclo de afrouxamento vai se iniciar nos EUA, o cenário deu uma acalmada.
“Alguns agentes até têm falado de uma possível recessão técnica da economia americana, o que aceleraria os cortes pelo Fed. O mercado, o Fed e os BCs de outros países, inclusive o Copom, seguirão atentos aos dados de atividade e inflação para balizar suas decisões. Mas, localmente, o peso das questões fiscais continuará elevado, assim como o comportamento do Banco Central, que o mercado espera que continue técnico”, diz.
A executiva acrescenta que momentos de cortes de juros nos EUA trazem, historicamente, resposta positiva em mercados emergentes. E isso pode ocorrer de novo, mas depende do cenário doméstico. “Uma Selic a 10,5% ainda é restritiva e deixa uma gordura para voltar a cortar quando o Fed iniciar seu ciclo, mas precisamos, paralelamente, de uma melhora interna. Não dependemos mais só do Fed.”
Matheus Amaral, analista-chefe de bolsa do Inter, complementa que a correlação da bolsa brasileira com os Treasuries, que estava elevada, até diminuiu nos últimos tempos, depois da melhora registrada no mercado americano. “Parece que o mercado brasileiro acompanha as notícias ruins, mas as boas, não”, diz.
“Por outro lado, em termos de fundamento, os juros e o endividamento das empresas estão caindo, o que é positivo. Mas, enquanto não temos visibilidade, temos preferido setores mais resilientes, como o financeiro (principalmente seguradoras), ou um pouco mais descorrelacionadas do cenário local, como exportadoras.”
Na sessão, Vale ON avançou 0,90% após divulgar novas estimativas para a divisão de metais. Já Petrobras ON e PN subiram 2,02% e 1,59%, respectivamente, após a posse de Magda Chambriard e em nova sessão de ganhos do petróleo no exterior. O Índice Small Caps, mais pesado em empresas domésticas, teve alta de 0,32%. Na outra ponta, B3 ON recuou 1,34% e Eletrobras ON caiu 1,6%.
Dólar hoje
O dólar à vista encerrou a sessão em alta frente ao real. A moeda americana chegou a depreciar com firmeza no início das negociações, diante de um alívio após a decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom).
Ao longo do dia, porém, o dólar ganhou força globalmente com pressão da alta dos rendimentos dos Treasuries e com relatos de saída de fluxo do país. Operadores mencionaram a dificuldade do real em se recuperar, em um dia em que havia expectativa de um alívio na percepção de risco.
A avaliação é que “o investidor está cansado das promessas do governo [sobre a seara fiscal] e mercado não deve melhorar até sair algo de concreto”. Diante da deterioração de hoje, o dólar à vista atingiu seu maior nível de fechamento desde 22 de julho de 2022, quando era cotado a R$ 5,4977.
Terminadas as negociações do mercado à vista, o dólar exibiu alta de 0,38%, a R$ 5,4622, depois de encostar na mínima de R$ 5,3862 e tocar a máxima de R$ 5,4690. Já o euro comercial teve apreciação de 0,01%, a R$ 5,8472.
No exterior, o índice DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de seis moedas de mercados desenvolvidos, avançava 0,36%, aos 105,633 pontos, perto das 17h05.
Bolsas de Nova York
As bolsas de Nova York fecharam sem direção única nesta quinta-feira (20), pregão que marcou o retorno dos mercados em Wall Street após o feriado de “Juneteenth” nos Estados Unidos.
Ao contrário do que ocorreu na abertura dos negócios, várias das ações mais beneficiadas pelo otimismo do mercado com a inteligência artificial (IA) generativa tiveram queda forte em um movimento de correção após os saltos recentes.
Assim, o índice S&P 500 terminou o pregão em queda de 0,25%, a 5.473,17 pontos, enquanto o Nasdaq recuou 0,79%, a 17.721,59 pontos. Menos influenciado pelo desempenho das empresas de tecnologia, o Dow Jones anotou alta de 0,77%, a 39.134,76 pontos.
A Nvidia, que chegou a ocupar o posto de empresa de capital aberto mais valiosa do mundo por conta do frenesi com a IA, recuou 3,54% hoje e deu lugar à Microsoft, que anotou leve recuo de 0,14% neste pregão. Entre outras fabricantes de chips que tiveram forte queda hoje, a Micron despencou 6,12% e a Qualcomm tombou 5,10%.
Por outro lado, as chamadas ações “blue chips” das bolsas de Nova York desempenharam bem e impulsionam o Dow Jones. Maior alta do dia no índice, a Salesforce saltou 4,31% após a empresa integrar ferramentas de IA aos seus sistemas de CRM, e o mercado especula o impacto que isso poderá ter na receita da companhia.
Bolsas da Europa
Os principais índices acionários da Europa fecharam o dia em alta, enquanto os investidores avaliavam as decisões de juros dos principais bancos centrais da região divulgadas nesta quinta-feira, 20.
Destaque dos BCs, o Banco da Inglaterra (BoE) deixou seus juros básicos inalterados em 5,25%, nível em que a taxa se encontra desde agosto de 2023. Dos nove membros votantes do comitê de política monetária do BoE, sete decidiram pela manutenção das taxas e dois pela redução dos juros para 5%.
Já o Banco Nacional Suíço (SNB) optou por reduzir sua taxa de 1,5% para 1,25%, repetindo o movimento observado em março. Por sua vez, o banco central da Noruega – Norges Bank – manteve sua taxa básica de juros em 4,5% e reiterou a orientação de que a taxa provavelmente permanecerá nesse nível por algum tempo.
Nesse contexto, o índice Stoxx 600 subiu 0,88%, a 518,66 pontos. O setor de tecnologia liderou os ganhos, subindo 1,63%. O Dax de Frankfurt avançou 1,03% a 18.254,18 pontos; e o Cac 40, de Paris, subiu 1,34%, para 7.570,20 pontos. O FTSE, da bolsa de Londres, teve alta de 0,82%, para 8.272,46 pontos.
Entre as ações, o destaque positivo ficou com a fabricante de medicamentos da Alemanha Evotec, que fechou em alta de 14%, enquanto, na ponta negativa, ficou a Tate & Lyle, que caiu 7,32%, depois que a companhia de alimentos e bebidas britânica anunciou que havia firmado um acordo para comprar a CP Kelco.
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