Medo de recessão nos EUA derruba mercados globais, e Ibovespa B3 cai 0,41%; dólar dispara mais de 1% e fecha em R$ 5,85
Veja como se comportaram o Ibovespa e o dólar nesta segunda-feira (10) e o que movimentou os ativos
O abalo provocado nos mercados acionários americanos pelo fantasma da recessão foi sentido também aqui no Brasil, mas em menor força. Ao contrário de Wall Street, que amargou perdas expressivas, o Ibovespa B3 recuou 0,41%, aos 124.519 pontos, distante da mínima do dia, de 123.471 pontos. Na máxima, o índice chegou a tocar os 125.031 pontos.
Ibovespa hoje
A fraqueza dos últimos dados de atividade nos EUA levantou dúvidas sobre uma possível desaceleração mais forte da economia americana, o que, somado a um cenário de demanda desaquecida na China, provocou um forte movimento de aversão a risco ao redor do mundo.
Ações de commodities que podem ser afetadas pela fragilidade da demanda chinesa foram algumas das mais penalizadas, caso de Vale, que recuou 1,62%, além de CSN (-1,59%) e CSN Mineração (-0,91%).
Depois de um pregão mais negativo ao longo do dia, as ações da Petrobras encerraram perto da estabilidade: as PN terminaram em queda de 0,03%, enquanto as ON recuaram 0,19%.
Segundo especialistas ouvidos pelo Valor, a maior resiliência do Ibovespa na sessão de hoje pode ser explicada pelo fato de a bolsa brasileira possuir mais ações de “valor” (value) e não de “crescimento” (growth), o que favorece fluxos para cá em momentos de rotação para esses tipos de papéis, como agora.
Além disso, a divulgação de um relatório do J.P. Morgan em que o banco elevou a recomendação para as ações brasileiras de “neutro” para “compra” (overweight) ajudou a reforçar uma visão tática mais positiva do estrangeiro sobre o país.
Os papéis da Brava Energia ficaram entre as cinco maiores perdas na sessão, ao recuar 5,72% em dia de queda nos preços do petróleo.
Já as ações da Magazine Luiza ficaram entre as maiores valorizações, com alta de 4,96%. A companhia informou que as vice-presidências de plataforma e negócio do Magazine Luiza, até então independentes entre si, serão unificadas sob a liderança de André Fatala.
O volume financeiro do índice na sessão foi de R$ 15,2 bilhões e de R$ 20,3 bilhões na B3.
Dólar hoje
O dólar à vista encerrou a sessão desta segunda-feira em forte alta, superior a 1%, em um dia marcado pelo temor de que a economia dos Estados Unidos entre em recessão.
A apreensão foi engatilhada por dados econômicos mais fracos e também por recentes comentários do próprio presidente americano, Donald Trump, e do secretário do Tesouro, Scott Bessent, de que a maior economia do planeta pode passar por um “período de detox” por conta de ajustes nos gastos públicos.
Isso bastou para que os investidores enxergassem espaço para ajustes em posições, com os índices acionários em Wall Street derretendo, assim como outros ativos de risco, como moedas de mercados emergentes.
Encerradas as negociações, o dólar à vista registrou valorização de 1,06%, cotado a R$ 5,8515, depois de ter tocado na mínima de R$ 5,7730 e batido na máxima de R$ 5,8710.
Já o euro comercial exibiu apreciação de 0,96%, cotado a R$ 6,3396.
No exterior, perto do horário de fechamento, o índice DXY avançava 0,09%, aos 103,927 pontos.
No mesmo horário, o dólar apreciava 1,57% ante o peso chileno, 1,22% contra o peso colombiano, 0,86% ante o florim da Hungria, 0,44% ante o peso mexicano e 0,30% contra o rand sul-africano.
Bolsas de Nova York
Os principais índices de ações de Nova York tiveram forte queda nesta segunda-feira, com o temor de uma recessão nos Estados Unidos pesando sobre os ativos.
O mercado já vinha cogitando essa possibilidade, com a divulgação de dados fracos sobre sentimento e confiança do consumidor, e isso se agravou após entrevista do presidente Donald Trump à Fox News neste domingo, na qual ele disse que não descartava uma recessão neste ano.
A percepção entre os investidores é de que as incertezas em torno da política econômica e das tarifas pode ameaçar o crescimento americano.
Na mínima do dia, o Nasdaq chegou a registrar perda de quase 5% e as big techs tiveram uma desvalorização expressiva.
No fechamento, o Dow Jones teve queda de 2,08%, aos 41.911,71 pontos, o S&P 500 recuou 2,70%, aos 5.614,59 pontos e o Nasdaq caiu 4%, aos 17.468,321 pontos.
Tecnologia (-4,34%) liderou as perdas do S&P 500, seguida por consumo discricionário (-3,9%) e comunicação (-3,54%). Apenas serviços públicos (+1,04%) e energia (+0,95%) terminaram o dia no positivo.
Entre os destaques, as ações da Tesla tiveram forte queda de 15,42%, constituindo a segunda maior queda do índice Nasdaq. A Nvidia (-5,06%) e a Apple (-4,84%) também caíram.
O índice de volatilidade VIX, que mede o nível de estresse nos mercados, disparou 19,13%, aos 27,84 pontos, chegando até 29,56 na máxima do dia.
Bolsas da Europa
Os principais índices de ações da Europa fecharam em queda nesta segunda-feira, com peso do mau humor do mercado, causado pela incerteza em torno das ameaças de tarifas de Donald Trump, tensões geopolíticas e o temor de uma recessão nos Estados Unidos.
O sentimento também foi afetado pela notícia de que o partido Verde da Alemanha não irá apoiar os planos de Friedrich Merz, o provável novo chanceler, para investir bilhões de euros em defesa e infraestrutura.
No fechamento, o índice Stoxx 600 teve queda de 1,35%, aos 545,90 pontos.
O FTSE 100, da Bolsa de Londres, recuou 0,92%, aos 8.600,22 pontos, e o DAX, de Frankfurt, cedeu 1,69%, aos 11.620,95 pontos.
O CAC 40, de Paris, caiu 0,90%, aos 8.047,60 pontos.
O setor de tecnologia esteve entre as maiores perdas, em linha com as big techs nos Estados Unidos, com o Stoxx Europe 600 Technology recuando 3,26% no dia, apagando os ganhos do ano até o momento.
O setor de bancos (-2,74%), que vinha se destacando no rali de 2025, também caiu, bem como defesa (-2,01%).
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