Mercados financeiros hoje: apetite externo antes de Fed deve ajudar ativos brasileiros em dia de Copom
No Brasil, discussão sobre fiscal continua no foco
A decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed) e a entrevista coletiva do seu presidente, Jerome Powell, são os principais eventos da agenda internacional desta quarta-feira. Mas os investidores vão acompanhar também vários indicadores, especialmente o relatório de empregos do setor privado dos Estados Unidos em julho. Por aqui, as atenções ficam na taxa de desemprego medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Mensal em meio a expectativas pela definição do Copom para a taxa Selic no início da noite.
Exterior
A bolsa de Tóquio subiu 1,49% e a moeda japonesa, o iene, reage em firme alta ante o dólar após o Banco do Japão (BoJ) elevar a taxa básica de juros da faixa de 0% a 0,1% para 0,25% nesta quarta-feira. A mudança deu continuidade ao ciclo de alta iniciado em março, quando o país asiático colocou fim à política de taxas de juros negativas após 17 anos. O presidente da autoridade monetária japonesa, Kazuo Ueda, sinalizou que continuará aumentando as taxas de juros do país se a economia e os preços se moverem de acordo com as previsões.
Esta é a primeira decisão monetária desta Super Quarta, que ainda tem no radar o anúncio do Federal Reserve. A previsão é que o BC dos EUA deixe seus juros inalterados mais uma vez, mas prepare o terreno para uma redução inicial das taxas, em setembro. Essa perspectiva traz uma relativa acomodação aos juros dos Treasuries, enquanto a divisa dos EUA é pressionada também pela alta de mais de 2,5% do petróleo em meio a renovadas tensões no Oriente Médio.
As Forças de Defesa de Israel confirmaram ontem que mataram o principal comandante militar do Hezbollah, Fouad Shukar, na operação que resultou em explosões no subúrbio de Beirute, a capital do Líbano. O receio é de que uma eventual escalada do conflito possa encarecer os preços de fretes marítimos e da commodity e dar fôlego à inflação global.
Nas bolsas, os ganhos são consistentes na Europa e em Nova York, com destaque para o Nasdaq. O balanço positivo do fabricante de chips Advanced Micro Devices (AMD) impulsiona sua ação e as de outras empresas do setor. No pré-mercado, a ação da AMD saltava 9,3%, enquanto Nvidia, Micron Technology e Broadcom exibiam altas de 5,5%, 4,1% e 4,4%, respectivamente. A da Microsoft, por outro lado, caía 2,2% após a gigante de tecnologia frustrar com o desempenho de suas operações de nuvem.
Brasil
O apetite por ativos de risco em Nova York e o avanço de mais de 2% do petróleo tendem a ajudar as ações da Petrobras. O ADR da estatal subia 1,21% no pré-mercado em NY às 7h07, enquanto o da Vale ganhava 1,40%, apesar da queda de 0,43% do minério de ferro. Com isso, o EWZ, principal fundo de índice (ETF) do Brasil negociado em Wall Street, avançava 1,16% no pré-mercado.
Os investidores vão avaliar também a taxa de desemprego na Pnad Contínua e digerir o decreto que detalha a contenção de R$ 15 bilhões de despesas, publicado ontem à noite em uma edição extra do Diário Oficial da União. Os ministérios da Saúde e das Cidades foram os mais afetados pelo congelamento.
Após o forte relatório do Caged de junho e do IPCA-15 acima da mediana esperada por analistas, os economistas avaliam que o Copom vai manter a Selic em 10,50% ao ano hoje, mas deve subir o tom da cautela com a deterioração das expectativas, depreciação do câmbio e baixa credibilidade da política fiscal. Nos juros, as oscilações podem ser contidas pela relativa acomodação dos rendimentos dos Treasuries e sinais mistos dos dólar no exterior. No câmbio, o dia é de disputa técnica em torno da definição da taxa Ptax, que pode adicionar volatilidade aos negócios.
*Agência Estado
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