Mercados financeiros hoje: bolsas sobem após vitória de trabalhistas no Reino Unido
Investidores também aguardam dados sobre o mercado de trabalho nos EUA
O relatório de empregos dos Estados Unidos de junho, o payroll, é o destaque da enxuta agenda econômica desta sexta-feira. A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, discursa em evento na França, onde acontece o segundo turno das eleições parlamentares neste domingo. Sem indicadores previstos no Brasil, os investidores vão monitorar comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em eventos na Grande São Paulo, após a trégua no câmbio e juros nos últimos dois dias em meio ao silêncio em crítica ao BC e o anúncio do corte de despesas obrigatórias em 2025.
Exterior
As bolsas europeias, o euro e a libra sobem nesta manhã, após o Partido Trabalhista do Reino Unido confirmar o favoritismo e garantir vitória histórica nas eleições gerais britânicas, tirando os conservadores do poder após 14 anos de governos consecutivos. O líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, será o próximo primeiro-ministro britânico, em substituição a Rishi Sunak. Após a vitória, Starmer disse que terá como prioridade “renovar as ideias que mantêm o país unido” e deve visitar o Rei Charles III ainda nesta sexta, para obter a permissão para a formação do governo. No entanto, os ganhos das moedas europeias são limitados à medida que a supermaioria dos Trabalhistas despertaria receios de que a ala esquerda do Partido Trabalhista pudesse ser reforçada.
Investidores digerem ainda dados da região. As vendas no varejo da zona do euro subiram 0,1% em maio ante abril, menos que o esperado, mas tiveram aumento de 0,3% em maio na comparação anual acima do consenso da FactSet, que era de queda de 0,1%, e os dados de abril foram revisados para cima. Na Alemanha, a produção industrial caiu 2,5% em maio ante abril, frustrando expectativas de alta de 0,2%.
Na volta do feriado nos EUA, os índices futuros de ações em Nova York sobem, enquanto os juros dos Treasuries e o dólar recuam. Após o declínio do PMI de Serviços americano medido pela ISM e da ata do Fomc apontar o mercado de trabalho como decisivo para os próximos passos do Fed, os investidores aguardam o payroll. A mediana do mercado para a criação de empregos nos EUA é de 200 mil postos de trabalho em junho, após as 272 mil vagas geradas em maio, segundo pesquisa do Projeções Broadcast. Uma eventual leitura mais forte dos dados pode mudar o rumo dos mercados, e dar impulso aos ativos financeiros em Nova York.
Brasil
O ambiente positivo em Nova York nesta manhã pode amenizar o impacto negativo na bolsa das quedas do petróleo e de 2,03% do minério de ferro na bolsa de Dalian, que podem pressionar as ações da Petrobras e da Vale. O EWZ, principal fundo de índice (ETF) do Brasil negociado em Wall Street, subia 0,96% no pré-mercado por volta das 6 horas. Além do payroll, que deve impactar os ajustes dos ativos locais, os investidores devem monitorar falas do presidente Lula em meio a uma agenda econômica interna vazia. Já a queda dos juros dos Treasuries e do dólar no exterior pode trazer alívio à curva de juros e ao câmbio na abertura dos negócios.
No entanto, o rumo dos negócios ao longo do dia será determinado pelos números do mercado de trabalho americano e o tom dos discursos do presidente Lula, após uma trégua na alta no câmbio e dos juros futuros nos últimos dois dias em meio ao silêncio do presidente Lula em crítica ao BC e o anúncio do corte de quase R$ 26 bilhões em despesas obrigatórias em 2025.
As apostas de elevação em 25 pontos-base da Selic na reunião do Copom do fim do mês caíram ontem para 24%, ante 80% na manhã de terça-feira, quando o dólar subiu até R$ 5,70 ecoando o mau humor após discurso de Lula. Ainda assim, os analistas justificam que as apostas em alta da Selic neste ano persistem, porque o mercado desconfia da potência das medidas de ajuste fiscal.
O Ministério da Previdência Social prevê que a operação de revisão de benefícios sociais supervisionados pela pasta seja iniciada no próximo dia 23, segundo apurou o Broadcast. Um dos focos principais do pente-fino são os benefícios por incapacidade temporária, o antigo auxílio-doença, e permanente, que continuam sendo pagos irregularmente e podem ser cancelados.
*Agência Estado