Mercado

Mercados financeiros hoje: Campos Neto, revisão de gastos e Caged guiam negócios

No exterior, mercados esperam balanço da Nvidia

Palestra do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em conferência anual do banco Santander, será acompanhada pelos investidores nesta quarta-feira. O Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO) faz coletiva à imprensa para detalhar a agenda de revisão de gastos, que pode gerar uma economia de cerca de R$ 25,9 bilhões no ano que vem, a maior parte relacionada ao “pente-fino” em programas sociais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros recebem empresários no Palácio do Planalto para discutir propostas na área econômica para o G20. O relatório do Caged, com o saldo líquido de criação de empregos com carteira assinada no Brasil em julho, também será monitorado. Com a agenda econômica internacional esvaziada, os mercados operam sob expectativas pelo balanço da Nvidia e um discurso do presidente do Federal Reserve de Atlanta, Raphael Bostic .

Exterior

Os mercados em Nova York passam por ajustes moderados em meio à falta de um catalisador forte de negócios nesta manhã. Após o sinal do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, em Jackson Hole, de que “chegou a hora” de ajustar a política monetária americana, os investidores voltam os olhos para novas falas de dirigentes do BC americano, enquanto aguardam o dado da inflação americana do PCE nesta sexta-feira e o relatório de criação de empregos payroll na semana que vem. O diretor do Fed Christopher Waller não comentou sobre política monetária em sua fala no evento Global Fintech Fest, que ocorre na Índia. A apresentação do dirigente foi focada no setor de pagamentos e as atenções ficam ainda em Bostic mais tarde.

Operadores hesitam em tomar posições mais convictas antes dos números da Nvidia, que se tornou a principal referência do entusiasmo relativo ao desenvolvimento da inteligência artificial. “Assim, [o balanço] tem potencial para movimentar os mercados globais, apesar de estar programado [para ser divulgado] após o fechamento do mercado dos EUA”, destaca o Danske Bank.

O petróleo acelerou perdas, retornando aos níveis de antes da notícia de interrupção da produção da Líbia, que induziu ganhos de 3% à commodity na segunda-feira. Segundo a analista Ipek Ozkardeskaya, do Swissquote Bank, as preocupações sobre a demanda global voltaram à mesa, diante da fraca recuperação econômica da China, que tem pressionado as ações de empresas chinesas na Ásia. Hoje, o índice Hang Seng caiu 1,02% em Hong Kong, refletindo queda de 10,43% do papel da Nongfu Spring na esteira da desaceleração no crescimento das vendas e recuo de 3,51% da Evergrande New Energy Vehicle, depois de projetar aumento do prejuízo nos próximos meses.

Brasil

A bolsa brasileira pode ter oscilações contidas, como em Nova York e diante da queda do petróleo e da estabilidade do minério de ferro na China hoje, que sugerem possível pressão de baixa às ações da Petrobras e da Vale. Os papéis da mineradora podem passar por alguma realização de lucros em meio a dúvidas sobre a futura gestão, após subirem 3% ontem, com um ganho de valor de mercado de R$ 8 bilhões no pregão, a R$ 271 bilhões, após o anúncio do novo CEO, Gustavo Pimenta, que assumirá o posto a partir de 1º de janeiro.

As atenções ficam também na coletiva sobre a revisão dos gastos do governo, no Caged e em Campos Neto, em especial nos juros, em meio ao reforço nas apostas do mercado sobre uma postura mais agressiva do Copom sobre a Selic e a indefinição do novo presidente do BC a partir de janeiro de 2025. Ontem à noite, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva considera anunciar “em breve” o nome do sucessor do atual presidente do BC. “Conversei com Campos Neto de que agosto ou setembro seria bom mês para o anúncio do sucessor e repassei a mensagem ao presidente Lula”, disse Haddad. Ele reiterou o compromisso com as metas fiscais e comentou que o projeto de orçamento do ano que vem, a ser anunciado na sexta-feira, está mais ajustado com o que deve acontecer na economia.

*Agência Estado