Mercados financeiros hoje: cautela predomina em meio a dúvidas sobre juros nos EUA
Mercados espera mais dados sobre inflação e atividade da economia americana e novos sinais de dirigentes do Fed
Indicadores de produção industrial no Brasil e o relatório ADP de empregos no setor privado dos EUA, além de PMIs de Serviços, devem ser acompanhados pelos mercados nesta quarta-feira, além de discursos do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e de vários dirigentes do Federal Reserve, incluindo o seu presidente, Jerome Powell. Reunião da Opep+ pode ainda afetar os preços do petróleo.
Exterior
As dúvidas sobre o ciclo de corte de juros neste ano nos EUA mantêm os futuros de Nova York em baixa e os juros dos Treasuries em alta, enquanto o dólar oscila perto da estabilidade frente outras moedas relevantes em meio à espera de novos indicadores e sinais de dirigentes do Fed, principalmente de Jerome Powell. Na última sexta-feira, Powell afirmou que dependerá exclusivamente dos dados e do desempenho da economia a definição sobre o momento para cortes de juros, alertando que o Fed pode, inclusive, estender o período de manutenção da política restritiva, se não houver progresso na redução da inflação. “Estamos muito comprometidos em reduzir inflação à meta de 2%”, reiterou.
O índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) dos EUA, medida de inflação preferida do Fed, avançou 0,3% em fevereiro ante janeiro, vindo abaixo da previsão de analistas (0,4%) mas, na comparação anual, o PCE subiu 2,5% em fevereiro, ganhando leve força ante o acréscimo de 2,4% visto em janeiro.
O Nasdaq futuro é pressionado ainda pela queda de 5,21% das ações da Intel no pré-mercado às 7h10, que estendem perdas de 4% registradas no after hours, após informar que sua unidade de fabricação de chips ampliou o prejuízo operacional de US$ 5,2 bilhões em 2022 para US$ 7 bilhões no ano passado.
Na Europa, predominam ganhos nas bolsas, à exceção de Londres, mas o euro perdeu força ante o dólar após a desaceleração da inflação ao consumidor (CPI) da zona do euro e seu núcleo, que ficaram abaixo do esperado em março, enquanto a taxa de desemprego na região permaneceu em 6,5% em fevereiro ante janeiro. O petróleo sustenta ganho leve e segue nos maiores níveis em cinco meses, em meio a persistentes tensões no Oriente Médio e o conflito entre Rússia e Ucrânia, fatores que ameaçam a oferta da commodity.
Brasil
O tom negativo em NY e a queda de 2,54% do minério de ferro na China devem manter pressão sobre o Ibovespa e ações da Vale, enquanto leve alta do petróleo pode beneficiar os papéis da Petrobras. Os investidores vão repercutir também os dados de produção industrial, PMIs e monitorar a palestra de Campos Neto, em meio a expectativas de possível antecipação no processo de transição no Banco Central. A mediana do mercado indica avanço de 0,3% da produção industrial em fevereiro, após queda de 1,6% em janeiro, e na comparação com janeiro de 2023, crescimento de 5,7%, ante +3,6% em janeiro, na mesma métrica, de acordo com o Projeções Broadcast.
Nos mercados de câmbio e de juros futuros, a alta dos rendimentos dos Treasuries deve influenciar os ajustes e os agentes financeiros não descartam nova intervenção do BC com venda de dólar, após a moeda americana fechar em alta ontem, a R$ 5,0583, mesmo depois do mercado absorver o lote integral de US$ 1 bilhão em swap cambial em leilão extraordinário.
As notícias relacionadas ao campo fiscal ficam na mira também. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou ontem que o gasto tributário triplicou nos últimos dez anos e isso é disfuncional, em fórum do Bradesco BBI. “O caminho é o limite de gastos, revisão de gastos tributários e uma reforma tributária neutra.” Ele disse que com base apenas em planilhas, a resolução do déficit público se dá em 15 dias, mas dentro da realidade política e social exige mais tempo. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que a meta fiscal deste ano é avaliada “mês a mês” e destacou maio como o período em que o governo terá uma “visão real” do que acontecerá com o alvo de 2024, traçado para zerar o déficit do resultado primário. No próximo mês é quando o governo publica o segundo relatório bimestral de avaliação de Receitas e Despesas.
*Agência Estado