Mercado

Mercados financeiros hoje: Copom e revisão de gastos concentram atenções

Investidores também acompanham discussões sobre a política fiscal

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Expectativa é de manutenção da Selic na reunião do Copom de quarta-feira. Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo

A decisão de juros do Comitê de Política Monetária (Copom) na quarta-feira é o destaque da semana no mercado brasileiro, que espera majoritariamente pela manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano e um placar unânime no colegiado. De volta de viagem à Europa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne hoje com os ministros que compõem a Junta de Execução Orçamentária, e a expectativa é de que a revisão de gastos entre na pauta do encontro. Também é aguardada a apresentação pelo Senado de medidas de compensação à prorrogação da desoneração da folha de pagamentos de empresas e municípios. Lá fora, estão previstos dados de varejo, produção industrial dos EUA, PMIs americano e de países europeus, além de uma série de discursos de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e reuniões de política monetária, como as do Banco da Inglaterra (BoE) e do BC da China (PBoC). Na quarta-feira, os mercados em Wall Street ficam fechados pelo feriado Juneteenth nos EUA.

Exterior

A maioria das bolsas na Ásia, incluindo a chinesa de Xangai, fechou em baixa nesta segunda-feira, após dados de atividade e do setor imobiliário da China virem abaixo das previsões de avalistas. O BC chinês também manteve a taxa de juro de sua linha de empréstimo de médio prazo em 2,5%. Na comparação anual de maio, a produção industrial chinesa subiu 5,6% e as vendas no varejo avançaram 3,7%, menos do que o esperado em ambos os casos. Já as vendas de imóveis na segunda maior economia do mundo tiveram queda de 30,5% de janeiro a maio, apesar de uma série de recentes medidas para incentivar o setor.

Em Nova York, predominam perdas leves entre os índices futuros de ações em meio à alta dos juros dos Treasuries, após quatro sessões em baixa, e uma relativa acomodação do dólar ante outras moedas principais, após a divisa acumular ganho de 0,63% na semana passada. Os mercados aguardam comentários de dirigentes do Fed e do BCE, além das decisões de juros na semana do Banco da Inglaterra e do BC chinês.

Investidores devem manter o foco nas perspectivas para o Fed, que manteve juros na última quarta-feira à faixa de 5,25% a 5,50% ao ano. Na sexta passada, a Universidade de Michigan informou uma queda no sentimento do consumidor na leitura preliminar de junho, enquanto as expectativas de inflação para 1 ano ficaram estáveis. Neste cenário, a curva futura consolida a precificação por uma redução acumulada de 50 pontos-base na taxa básica do Fed este ano, enquanto a maior parte dos dirigentes do Fed espera apenas 1 corte, de acordo com o gráfico de ponto. O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) de Minneapolis, Neel Kashkari, disse neste domingo, 16, que a previsão do mercado financeiro de que a autoridade de política monetária reduzirá os juros uma vez em 2024 é “razoável”, e deve ocorrer “provavelmente mais para o fim do ano”.

Brasil

Os sinais divergentes em Nova York e quedas do petróleo e de 1,63% do minério de ferro na China podem pressionar o Ibovespa, que acumula perdas de 0,91% na semana passada, de 1,99% em junho e de 6,89% em 30 dias. O mercado deve ficar à espera de medidas de revisão de gastos do governo e digerir novas críticas do presidente Lula à taxa de juros e ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, às vésperas de decisão do Copom. As críticas ocorreram em meio às reclamações do petista de que o foco da discussão na mídia nacional está centrada na revisão de gastos do governo e nos planos fiscais da Fazenda e “ninguém fala da taxa de juros num país com inflação de 4%. Pelo contrário, faz uma festa ao presidente do Banco Central em São Paulo e ganha dinheiro com a Selic”, referindo-se a um jantar em homenagem ao presidente do BC oferecido pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O EWZ, principal fundo de índice (ETF) do Brasil negociado em Wall Street apontava viés de alta de 0,07% no pré-mercado às 6h19.

Petrobras fica no foco, após perdas de 1,05% (ON) e 2,20% (PN) na sexta, quando a presidente da empresa, Magda Chambriard, indicou três nomes para compor a diretoria executiva. Segundo fontes consultadas pelo Broadcast, os três nomes indicados não devem enfrentar dificuldades na aprovação pela governança da companhia e seu conselho de administração e podem ser aprovados em reunião ordinária do conselho marcada para 28 de junho. Pode pesar ainda a decisão da Justiça Federal do Amazonas de suspendeu a homologação de quatro blocos exploratórios de petróleo na Bacia Sedimentar do Amazonas e da Área de Acumulação Marginal do Campo de Japiim, até que sejam ouvidas as comunidades indígenas impactadas.

À espera do principal evento da semana, a decisão do Copom, na quarta, os mercados de juros e câmbio devem analisar também hoje o boletim Focus e o IGP-10, para o qual é esperado arrefecimento para 0,77% em junho, após alta de 1,08% em maio. Convém lembrar que, na semana passada, o IPCA de maio (0,46%) veio exatamente no teto das estimativas do mercado colhidas pelo Projeções Broadcast (de 0,32% a 0,46%), e ampliou a convicção de parte do mercado de que a Copom deve manter inalterada a taxa Selic, atualmente em 10,50% ao ano, na quarta-feira. Há expectativa ainda de placar unânime, após o racha na última reunião, com a maioria dos membros do colegiado votando por uma redução de 0,25 ponto porcentual, um ritmo menor do que vinha sendo usado pelo BC desde agosto do ano passado, de 0,50 pp.

*Agência Estado

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