Mercado

Mercados financeiros hoje: corte de juro na China não anima e bolsas mostram cautela

Balanços e negociações no Congresso devem direcionar negócios em dia de agenda vazia de indicadores

A terça-feira traz uma agenda vazia de indicadores e as atenções devem se voltar para notícias corporativas e para o quadro político e fiscal interno. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem reunião com ministros e os representantes do governo no Legislativo, para definição da pauta prioritária do Executivo no Congresso. À tarde, o presidente Lula também terá um encontro apenas com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para discutir a desoneração da folha de pagamentos. O governo tenta reonerar gradualmente a folha, mas a medida enfrenta dificuldades no Congresso.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e os diretores Joelson Mendes (Exploração & Produção) e Carlos Travassos (Engenharia, Tecnologia e Inovação) promovem entrevista coletiva sobre a fase piloto e de implantação da tecnologia utilizada para o aumento da eficiência e descarbonização da produção, com aplicação piloto no campo de Mero, localizado no pré-sal. Os leilões do Tesouro de venda de NTN-B e LFT ficam no radar também em meio a expectativas por balanços trimestrais de Telefônica Brasil (dona da Vivo), da Gerdau e do Iguatemi, entre outras empresas, após o fechamento dos negócios.

Exterior mostra pouca reação ao corte de juros na China

As bolsas chinesas fecharam com altas modestas após o Banco do Povo (PBoC) da China reduzir taxas de juros para empréstimos (LPR, na sigla em inglês) de 5 anos em 25 pontos-base, de 4,2% para 3,95%. O corte, recorde e maior do que o esperado, tem o claro objetivo de impulsionar o combalido mercado imobiliário chinês, segundo analistas da Capital Economics. Por outro lado, a LPR de 1 ano ficou inalterada em 3,45% pelo sexto mês seguido. O anúncio do PBoC é recebido com certa frieza pelos investidores.

Os índices futuros em Nova York e as bolsas europeias recuam majoritariamente nesta manhã em meio a expectativas ainda pelas atas das últimas reuniões monetárias do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), amanhã, e do Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira. Os juros dos Treasuries estavam mistos e o dólar exibia queda modesta em relação a seus pares principais, mesmo com o petróleo caindo.

Com uma agenda vazia de dados hoje, o investidor repercute balanços corporativos e já esta monitorando audiência de dirigentes do Banco da Inglaterra (BoE) no Parlamento britânico. No começo deste mês, o BoE deixou seu juro básico inalterado, mas a decisão foi dividida. Após os resultados trimestrais, a ação do banco britânico Barclays saltou 4,40% mais cedo em Londres, após reportar lucro menor do que o esperado, mas planos de devolver 10 bilhões de libras em capital aos acionistas entre 2024 e 2026 e de reestruturar seus negócios. De outro lado, a ação da anglo-australiana BHP caía 2,40% e a da chilena Antofagasta recuava 0,40%, refletindo a insatisfação com os balanços.

No Brasil, mercado repercute balanços

O EWZ, principal fundo de índice do Brasil em Nova York, subia 0,72% perto das 7h30 em meio à queda modesta dos juros dos Treasuries. Porém, há um movimento aparente de busca de proteção lá fora e as commodities perdem, sugerindo pressão ao Ibovespa na sessão. O petróleo caía perto de 1%, enquanto o minério de ferro perdeu 5,41% no mercado futuro da Dalian, na China.

O investidor deve ficar ainda na expectativa por balanços e repercutir alguns resultados publicados ontem, como o de Carrefour Brasil. Fica no radar também a paralisação de 48 horas dos funcionários do Banco Central, hoje e amanhã, que provocou novo adiamento da publicação do boletim Focus para quinta-feira, em vez de hoje. Insatisfeitos com as negociações com o Ministério do Planejamento sobre suas reivindicações, os servidores decidiram intensificar o movimento e começaram também um movimento de entrega de cargos comissionados.

Já em relação ao fiscal, entre os assuntos que serão levados ao presidente Lula hoje, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que, estará a medida provisória que prevê a reoneração da folha de pagamentos. Na avaliação de Haddad, o ambiente hoje está “muito mais favorável” para o Executivo “sentar e discutir” com o Congresso sobre o assunto ao longo do próximo mês, reforçando a expectativa de que, em breve, as negociações sobre a desoneração sejam finalizadas. “E óbvio que os nossos projetos, não apenas a MP, mas sobretudo o conjunto de leis que já estão tramitando, que melhoram ambiente de negócios, em seguros, mercado de capitais, crédito, tudo isso vai ser levado”, disse o ministro, lembrando que alguns projetos foram enviados com urgência constitucional ao Congresso, mas tiveram essa etiqueta retirada a pedido das Casas. “Então queremos que as duas Casas reconsiderem e aprovem”, acrescentou.

*Agência Estado