Mercado

Mercados financeiros hoje: exterior na defensiva antes de discursos de dirigentes do Fed

Guerra de Israel contra Hamas e balanços corporativos continuam no radar

Jerome powell recessão do Estados unidos pode impactar no bolso do investidor
O presidente do Fed, o Banco Central dos EUA, Jerome Powell. Foto: Susan Walsh via REUTERS

Um discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome Powell, é o destaque nos mercados nesta quinta-feira, 19/10, mas os investidores devem monitorar outros seis dirigentes da instituição que falam durante o dia e votam nas reuniões de política monetária neste ano.

+ Fed: Estados Unidos terá crescimento estável ou fraco em 2023

Dados de pedidos de auxílio-desemprego e de vendas de moradias usadas nos Estados Unidos podem nortear também as expectativas em meio à agenda local esvaziada.

Atenções ficam ainda no ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e no presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que participam de eventos. Na agenda, há também uma entrevista coletiva do secretário do Tesouro, Rogério Ceron, para anunciar mudanças no programa Tesouro Direto.

Treasuries seguem em alta e dólar ganha força

Os rendimentos dos Treasuries se mantêm em alta, ampliando ganhos acumulados na semana e com os títulos de 10 e 30 anos renovando máximas desde 2007, dada a sensação de que o Fed manterá juros em níveis elevados por mais tempo, diante de sinais de solidez da economia americana.

O dólar também volta a subir e os futuros das bolsas em Nova York mostram fraqueza, repercutindo balanços corporativos já divulgados nos EUA enquanto os investidores aguardam mais resultados trimestrais e acompanham os desdobramentos da crise no Oriente Médio.

As ações da Netflix saltavam 13,6% nos negócios do pré-mercado em NY mais cedo, enquanto as da Tesla caíram perto de 5%. A montadora de veículos elétricos de Elon Musk não lucrou tanto quanto se previa.

Pesam ainda preocupações fiscais nos EUA, com propostas de aumento de gastos voltados à guerra pelo governo Biden e pelo risco de paralisação do governo a partir de novembro.

A Câmara dos Deputados dos EUA segue sem presidente. De acordo com a NBC, os principais legisladores do Congresso americano estão começando a receber detalhes de um novo pacote de financiamento que o governo Biden deve enviar ao Congresso esta semana. O pacote, que totalizará cerca de US$ 100 bilhões, provavelmente buscará US$ 60 bilhões para a Ucrânia, disseram fontes. O restante do pedido será para fornecer ajuda a Israel, Taiwan e à fronteira EUA-México.

Na Ásia, as bolsas recuaram, refletindo cautela com o setor imobiliário na China, após a Country Garden fracassar em segunda tentativa de pagamento de títulos.

No Brasil, investidores atentos à tramitação de reformas

A tentativa de recuperação dos futuros das bolsas em Nova York pode amenizar os ajustes do Ibovespa futuro na abertura, embora as perdas de mais de 1% do petróleo podem limitar e devem pressionar as ações da Petrobras.

Os investidores acompanham ainda notícias corporativas, como de Copel e Multiplan. O avanço dos retornos de Treasuries e do dólar frente moedas emergentes ligadas a commodities deve estimular a demanda defensiva nos mercados de juros e câmbio em cenário de guerra entre Israel e o grupo palestino Hamas, cautela fiscal nos EUA e chance ainda de o Federal Reserve promover uma alta adicional dos juros em dezembro.

Os investidores também continuam atentos às discussões e à tramitação das propostas de reformas no Congresso. Como a reforma tributária deverá unificar a arrecadação de Estados e municípios em um único imposto, o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), senadores elaboram uma forma de evitar que “caroneiros” aproveitem ganhos de arrecadação obtidos pelos outros entes da federação. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, reforçou nesta quarta-feira, 18, sua avaliação de que o Brasil “arrecada muito” e “arrecada mal”, além de gastar “muito” e de forma equivocada, enfatizando sua defesa da reforma tributária sobre consumo.

*Com Agência Estado