Mercado

Mercados financeiros hoje: investidores aguardam Copom e se mantêm cautelosos com fiscal

Dia deve ser de liquidez reduzida por causa de feriado nos Estados Unidos

Com o fechamento dos mercados nos EUA pelo feriado de Juneteenth nesta quarta-feira e uma agenda enxuta de indicadores, a liquidez global diminui e tende a ser fraca também no Brasil, dada a espera pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) para a Selic, que será anunciada depois do fechamento dos negócios. Assim, as atenções ficam em torno das reuniões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com ministros da área econômica, Previdência e Meio Ambiente para tratar sobre revisão de gastos e o plano de emergência climática, e na posse de Magda Chambriard como presidente da Petrobras, no Rio, com as presenças de Lula e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Exterior

A maioria das bolsas europeias opera em baixa e com liquidez reduzida pelo feriado americano, mas a Bolsa de Londres tem viés positivo e a libra avança ante o euro, após a taxa anual de inflação ao consumidor (CPI) do Reino Unido ter desacelerado para 2% em maio, como previsto, em véspera da decisão de juros do Banco da Inglaterra (BoE).

Embora a taxa anual do CPI britânico tenha desacelerado para a meta oficial de 2% em maio, as leituras do núcleo da inflação e de serviços continuaram elevadas, apoiando chances de manutenção de juros pelo BoE, amanhã. A Capital Economics avalia que a inflação de serviços do Reino Unido de maio ainda veio persistente e deve ser um “ponto de preocupação”, de forma que o BoE só deverá cortar os juros na reunião de agosto. O ING reiterou também expectativa de um primeiro corte de juros em agosto, encerrando o ano com três reduções da taxa.

Na Ásia, sinais positivos predominaram nos mercados de ações, no embalo de novos patamares históricos do índice S&P 500 e do Nasdaq ontem, quando a fabricante de chips Nvidia ultrapassou a Microsoft e se tornou a empresa com maior valor de mercado do mundo, em meio ao entusiasmo com a tecnologia de IA. Porém, na China, as bolsas recuaram, após o órgão regulatório chinês de valores mobiliários afirmar que irá fortalecer a supervisão de todas as atividades financeiras para prevenir possíveis riscos.

Brasil

Sem a referência de Nova York, os investidores podem se retrair em meio à espera pelo desfecho do Copom, que só vai repercutir amanhã cedo, e devem monitorar notícias corporativas antes da posse na Petrobras. Quedas leves do minério de ferro e do petróleo podem pressionar o Ibovespa, além de desconforto com as contas públicas.

Nos juros e câmbio, as taxas futuras e o dólar podem ter oscilações mais contidas, porém, não tendem a relaxar diante da cautela fiscal e da tensão pré-Copom. Ontem, o presidente Lula voltou a criticar o patamar dos juros e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a quem acusou de ter “lado político”, sinalizando que não aceitará uma “traição” dos seus indicados, entre os quais Paulo Picchetti e Gabriel Galípolo, mais cotado até então para assumir o Banco Central a partir de janeiro.

De 50 instituições consultadas, 43 esperam que o BC mantenha a taxa básica de juros no nível atual, de 10,50% ao ano, e sete apostam em novo corte de 0,25 ponto porcentual, segundo pesquisa Projeções Broadcast. As atenções estarão voltadas para o placar da decisão. Na reunião anterior, de maio, o comitê diminuiu os juros em 0,25 ponto porcentual, por cinco votos a quatro. A minoria composta pelos indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva votou por um corte de 0,5 ponto, causando ruído forte nos mercados.

*Agência Estado