Mercado

Mercados financeiros hoje: reunião de Lula sobre dólar concentra atenções

Agenda externa é carregada de indicadores e tem ainda a divulgação de ata da última reunião do Federal Reserve

Dólar americano

A quarta-feira traz uma agenda carregada de indicadores dos EUA, antes da publicação da ata da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de junho. O relatório ADP de empregos no setor privado, duas leituras de índices de gerentes de compras (PMI) de serviços e as encomendas à indústria americana serão acompanhados nesta véspera do feriado de 4 de julho, que fechará os mercados amanhã no país. Em Sintra, Portugal, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, discursa no encerramento do Fórum do BCE sobre Bancos Centrais de 2024. As atenções no Brasil ficam ainda em dados industriais, lançamento do Plano Safra 2024/2025, em meio a expectativas pela reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento), Rui Costa (Casa Civil) e Esther Dweck (Gestão) para discutir o que fazer em relação à alta do dólar e o quadro econômico e fiscal.

Exterior

As bolsas europeias, o euro e a libra sobem, após dados de PMIs de serviços e antes das eleições parlamentares no Reino Unido, amanhã, e do segundo turno na França, no próximo domingo. Os PMIs de serviços e composto da zona do euro caíram ao menor nível em três meses, mas em ambos os casos firam acima das previsões dos analistas e ainda na zona de expansão, embora em ritmo mais comedido. Também os PMIs do Reino Unido desaceleraram menos do que as previsões, enquanto a queda do PMI de serviços na Alemanha frustrou as previsões.

Em Nova York, os índices futuros adotam sinais positivos, após o Nasdaq e o S&P 500 renovarem recordes de fechamento. Ações da Tesla voltam a se destacar, com ganhos de 3,65%, além dos papéis da Paramount Global, que saltavam 9,70% no pré-mercado às 7h05.

Os juros dos Treasuries exibem sinais divergentes, próximos da estabilidade, enquanto o dólar recua frente outras divisas principais, ecoando o presidente do Fed, Jerome Powell, que fez avaliação positiva sobre sinais recentes da inflação, mas também ponderou que ainda não há a confiança necessária para cortar as taxas nos EUA. O dirigente também destacou que os riscos agora estão mais equilibrados, o que sugere maior atenção ao mercado de trabalho. Os comentários ajudaram a ampliar a aposta no mercado de que o Fed abrirá o ciclo de afrouxamento monetário em setembro, conforme aponta a plataforma de monitoramento do CME Group.

Há expectativas pelos dados de emprego da ADP, antes da ata do Fed em meio ao fechamento mais cedo em Nova York, por conta do feriado americano nesta quinta-feira. Na Ásia, as bolsas chinesas caíram, destoando das altas na região, na esteira da queda do PMI de serviços maior que a esperada e ao menor nível em oito meses.

Brasil

O mercado de câmbio segue no foco, após rumores de que o Banco Central consultou as mesas de operação para sondar os agentes sobre a demanda para uma eventual intervenção no mercado, conforme apurou o Broadcast. Com essa possibilidade, o dólar desacelerou ontem após escalar a R$ 5,70, e fechou a R$ 5,6648, com avanço de 0,20%, na terceira alta consecutiva e içando os ganhos do ano a 16,72%. O real é a moeda mais desvalorizada em relação à americana em 2024.

No radar está a reunião entre o presidente Lula e os ministros da equipe econômica para debater o cenário fiscal e econômico e decidir o que fazer em relação à depreciação recente do real, classificada como “um ataque especulativo” pelo presidente.

Do lado fiscal, é aguardada uma definição do governo sobre corte de gastos e a dúvida é se será do tamanho necessário para que as metas sejam atingidas. Especulações no mercado apontam para possível bloqueio de recursos em torno de R$ 10 bilhões na terceira reavaliação de receitas e despesas do Orçamento de 2024, que será divulgada no próximo dia 22.

Com a disparada do dólar, a possibilidade de um novo aumento da taxa Selic já nas próximas reuniões do Copom vem sendo precificada pela curva de juros, que pode ter alívio diante de um desempenho mais lateral dos rendimentos dos Treasuries e queda do dólar frente moedas rivais.

A alta de 2,55% do minério de ferro em Dalian, na China, e o ambiente mais positivo em Nova York podem trazer algum alívio ao Ibovespa. Os investidores ainda repercutem notícias corporativas, como a intenção da Equatorial Energia de vender ativos para investir em saneamento a partir da Sabesp, pela qual irá pagar pelo menos R$ 6,9 bilhões para ficar com 15% da estatal paulista.

*Agência Estado