Mercados financeiros hoje: semana com Fed e payroll começa com tom positivo
No Brasil, foco na política fiscal e Petrobrás
A semana tem virada de mês, de abril para maio, e traz uma importante agenda econômica. A decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e a entrevista do seu presidente, Jerome Powell, estão programados para quarta-feira, 1º de maio, quando os mercados brasileiros estarão fechados pelo feriado do Dia do Trabalho. Outros destaques são os PMIs da China, inflação ao consumidor na Zona do Euro, Alemanha e a divulgação do relatório de empregos dos EUA, o payroll. Entre os principais balanços americanos estão Apple e Amazon. Por aqui, a segunda-feira já deve ser cheia, com dados do Governo Central, palestra do presidente do BC, Roberto Campos Neto, além da publicação do relatório de produção e vendas da Petrobras no 1º trimestre de 2024. Ainda, nos dias seguintes, saem os números do Caged, transações correntes, IDP, produção industrial e resultados trimestrais do Bradesco e Santander.
Exterior
Um ambiente positivo predomina em Nova York nesta manhã. Os índices futuros sobem, enquanto os juros dos Treasuries e o dólar recuam em meio à agenda esvaziada hoje e com expectativas pela decisão de juros do Fed e o payroll. Entre analistas é unânime a aposta em manutenção do juro na atual faixa de 5,25% a 5,50% e o mercado aguarda pelos sinais do comunicado e de Powell sobre quando a autoridade monetária poderá iniciar o ciclo de queda.
Na Europa, os sinais estão divergentes, com investidores digerindo balanços corporativos e após a frustração com a queda do índice de sentimento econômico da zona do euro, que mede a confiança de setores corporativos e dos consumidores, para 95,6 pontos em abril, ante 96,2 pontos em março, contrariando previsão de manutenção do índice em 96,3 pontos.
Na Ásia, as bolsas subiram em geral, na esteira do salto de ações de incorporadoras chinesas, reverberando a notícia de que Chengdu, capital da província chinesa de Sichuan, eliminou restrições a compras de moradias. Com isso, os dados fracos do lucro industrial chinês, que sofreu queda anual de 3,5% em março, acabaram ficando em segundo plano.
No Japão, a bolsa não operou por causa de um feriado, mas o iene teve acentuadas flutuações ante o dólar durante a madrugada, primeiro renovando mínima em 34 anos e depois se recuperando fortemente em meio a rumores de intervenção do governo japonês no mercado cambial.
Brasil
A Bolsa pode ter fôlego curto influenciado por Wall Street, mas sob pressão de baixa pelo recuo do petróleo e de 0,51% do minério de ferro hoje na China. Expectativas por balanços e o relatório de produção e vendas da Petrobras devem afetar também os ajustes na B3, após o bom humor na sexta-feira com a confirmação da distribuição de metade dos dividendos extras de 2023 pela estatal e o potencial pagamento do restante até o fim do ano.
Também o IGP-M e os dados do Governo Central serão monitorados. O mercado financeiro espera um superávit primário de R$ 1,4 bilhão para março, na mediana, impulsionado pelo bom desempenho das medidas de aumento da arrecadação aprovadas pelo governo e das rubricas ligadas à atividade, apurou o Projeções Broadcast. Para o IGP-M, a mediana do mercado indica alta de 0,12% em abril, pelo avanço esperado para os preços da soja, após dois meses consecutivos de queda.
Com o feriado local na quarta-feira, a reação à decisão de juros ao Fed será na quinta. A queda dos juros dos Treasuries e do dólar nesta manhã pode trazer alívio à curva de juros futura e ao mercado de câmbio, que já pode ficar mais volátil também nesta véspera de definição da última taxa Ptax de abril amanhã. A percepção de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pode demorar mais para cortar os juros nos Estados Unidos e o novo aumento da tensão fiscal no Brasil já fazem o mercado vislumbrar uma chance crescente de o Banco Central (BC) ser forçado a encerrar o ciclo de afrouxamento monetário com uma taxa Selic de dois dígitos, provavelmente em 10%.
Do lado fiscal, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliou ser absolutamente “possível” que a União volte a ter um patamar de receitas já registrado no passado, como em 2011 – ao lutar, por exemplo, para reduzir gastos tributários – e disse ter “certeza” que medidas para retomada da base fiscal não passariam no Congresso se a meta do resultado primário não fosse exigente, em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), chamou de “desnecessária” a declaração de Haddad, de que o Congresso “também tem que respeitar” a lei de Responsabilidade Fiscal. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse que a responsabilidade fiscal é um dever de todos, mas que o governo do presidente Lula tem como característica o diálogo entre os poderes.
*Agência Estado