Mercado

Mercados financeiros hoje: tensão com economia dos EUA volta a pressionar bolsas

Atenções se concentram em dados sobre abertura de vagas nos EUA

Indicadores americanos voltam a ganhar as atenções dos mercados nesta terça-feira, em especial o relatório de abertura de vagas Jolts de agosto, além do Livro Bege do Federal Reserve, que fornece uma visão abrangente da condição econômica nos Estados Unidos. No Brasil, as atenções se voltam aos números da produção industrial em julho. Investidores também acompanham entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à GloboNews. O Tesouro Nacional faz uma divulgação referente ao Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2024 e uma entrevista coletiva sobre o Relatório Mensal da Dívida Pública (RMD) relativo a julho.

Exterior

O índice VIX, conhecido como “termômetro do medo” em Wall Street, disparou quase 10% hoje cedo, reagindo à contínua liquidação de ações do setor de tecnologia desde Nova York à Ásia, com pressão particular no segmento de fabricantes de chips semicondutores. Há preocupação em relação a uma possível desaceleração aguda da economia americana, alimentada por dados industriais ontem e um compasso de espera por novos catalisadores. São aguardados vários dados americanos, incluindo o relatório Jolts de abertura de vagas de emprego, antes do payroll na sexta-feira.

Os PMIs de serviços na zona do euro e Alemanha ficaram abaixo das previsões e adicionam pressão às bolsas europeias, na esteira das perdas ampliadas pelos índices futuros de ações americanos nesta manhã. O Nasdaq futuro segue perdendo mais, após computar o pior primeiro pregão de setembro desde 2002 ontem, puxado entre outras ações pelo tombo de 8% da Nvidia.

Ontem à noite, após o fechamento em Wall Street, a Bloomberg informou que a Nvidia foi alvo de intimação antitruste pelo governo americano, o que ajuda a amplificar a pressão sobre o papel da empresa, que caía 0,66% no pré-mercado mais cedo.

Os juros dos Treasuries ampliam a queda com a busca de segurança dos investidores, enquanto o dólar recua frente às divisas principais. O petróleo inverteu o sinal e passou a subir nesta manhã, após circularem relatos de que os países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+) estudam a possibilidade de adiar o aumento da produção da commodity que havia sido planejado para outubro. Além disso, na Líbia, as duas facções que disputam o controle do país chegaram a um acordo para indicar conjuntamente um presidente do Banco Central, conforme a Reuters, o que tende a encerrar a divergência que paralisou a produção local da commodity.

Brasil

A aversão a risco no exterior e ainda uma nova queda de 3,09% do minério de ferro na China hoje indicam mais um dia difícil à bolsa brasileira. Ontem, o Ibovespa chegou à quarta sessão consecutiva em baixa, ao cair 0,41%, aos 134.353,48 pontos, após atingir os 137 mil pontos, nível recorde de fechamento, na última quarta-feira. Assim, quase já zerou o ganho no ano, que soma 0,13%. Notícias corporativas também devem influenciar os ajustes. Conforme antecipou pelo Broadcast, a Petrobras confirmou ontem a realização de uma nova emissão de títulos, no valor total de US$ 1,0 bilhão, por meio da sua subsidiária integral Petrobras Global Finance B.V. (PGF).

Ações do setor de energia ficam no foco, após o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) recomendar a adoção de uma série de medidas preventivas para a segurança do suprimento elétrico, no contexto de seca e impacto nos níveis dos reservatórios.

No câmbio, o ambiente externo negativo e a fraqueza das commodities indicam possível abertura em alta para o dólar, embora sinais mistos predominem frente às moedas emergentes e ligadas a commodities nesta manhã, o que pode trazer volatilidade também aos negócios.

Os juros futuros podem ser pressionados pelo tombo na curva de rendimento dos Treasuries, após os dados industriais reforçarem apostas em corte de 50 pontos-base do Federal Reserve, embora 25 PB ainda seja mais provável. O desempenho do dólar pode ser contraponto. Além disso, aumentou a expectativa no mercado de uma alta de 0,50 ponto porcentual da taxa Selic na reunião do Copom deste mês, após a surpresa com o resultado do PIB do segundo trimestre acima do esperado. Além da possibilidade de um aperto mais forte, o mercado considera factível um ciclo mais longo de aperto monetário, levando em conta ainda o risco fiscal doméstico.

Os investidores ficam à espera ainda do anúncio do Tesouro para o Plano Anual de Financiamento (PAF) deste ano e da coletiva sobre o Relatório Mensal da Dívida Pública (RMD) de julho de 2024. Como mostrou o Broadcast, analistas do mercado já consideravam que o Tesouro deveria alterar o PAF deste ano diante do seu perfil “tomador de preço” e do maior apetite do mercado voltado aos papéis remunerados pela Selic, as LFTs. A expectativa desses agentes é de que o órgão anuncie porcentuais mais baixos de participação dos títulos prefixados e das Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B), que são títulos com rentabilidade atrelada à inflação, enquanto a fatia dos pós-fixados deve subir. Espera-se ainda que seja mantido o intervalo de prazo médio, o intervalo para os títulos com prazo de vencimento e o estoque.

*Agência Estado