Mercado

Mercados financeiros hoje: tom negativo em NY marca volta de feriado

No Brasil, investidores repercutem o resultado do PIB

Dados de atividade econômica no Brasil e EUA serão acompanhados pelos investidores nesta terça-feira de agenda enxuta. O PIB brasileiro do segundo trimestre e o PMI industrial dos EUA em agosto devem dar suporte às projeções do mercado para o potencial crescimento interno e de desaceleração da economia americana neste ano. Ainda o Tesouro Nacional realiza leilões de NTN-B e de LFT e, no câmbio, não ficou programada oferta nova de dólar.

Exterior

Na volta do feriado nos EUA, os mercados de ações em Nova York caem moderadamente e contaminam os ajustes nas bolsas europeias em manhã de queda de commodities e espera de duas leituras do índices de gerentes de compras industrial americano. Ontem, o PMI industrial da zona do euro se manteve estável e em território de contração, em mais um indicativo de que a recuperação do setor pode não ser iminente na região.

A liquidez pode melhorar, mas tende a ser em ritmo gradual à medida que os mercados devem continuar no aguardo pelo principal indicador da semana, o relatório de empregos dos Estados Unidos, o payroll, que será publicado na sexta-feira. O documento deve conduzir a provável dimensão da redução do Federal Reserve (Fed, o Banco Central) esperada este mês.

Os retornos dos Treasuries curtos rondam a estabilidade, enquanto os vértices médios e longos recuam. Mas o dólar avança ante as moedas principais, após computar leve baixa ontem, quando o euro e a libra foram ajudados por uma série de dados de atividade no continente europeu. O petróleo recua em torno de 1% diante da crescente incerteza sobre a demanda, após sinais negativos no setor industrial na China e da possibilidade de que a segunda maior economia mundial não conseguirá cumprir a meta de crescimento de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano. O minério de ferro também voltou a cair mais de 4% na China.

Brasil

O Ibovespa deve ser contagiado pelos sinais negativos nas bolsas internacionais e as perdas do minério e do petróleo, que podem nutrir a demanda por proteção e alta do dólar ante o real. O EWZ, principal fundo de índice (ETF) do Brasil negociado em Wall Street, caía 1,57% no pré-mercado em Nova York mais cedo.

Os dados do PIB do segundo trimestre ficam no foco. Segundo divulgado pelo IBGE, a economia brasileira registrou alta de 1,4% na comparação com o primeiro trimestre. O resultado superou a mediana das projeções, de 0,9%, e ficou perto do teto das estimativas, que iam de 0,4% a 1,6%, apurou o Projeções Broadcast. Além de efeitos menos intensos do que o esperado do desastre climático no Rio Grande do Sul, a expansão fiscal do governo e a robustez do mercado de trabalho garantiram ganho de renda à população e um crescimento disseminado entre os setores da economia, avaliam os analistas.

No Focus desta semana, o mercado elevou a projeção do PIB de 2024, de 2,43% para 2,46%, mas baixou para 2025, de 1,86% para 1,85%. No câmbio, não está prevista intervenção do BC com recursos novos, mas não é descartado um novo leilão extra caso o dólar volte estressar. Ontem, após ter subido 2,84% na semana passada, a moeda americana caiu apenas 0,36% e ainda fechou acima de R$ 5,60, após as vendas entre sexta e ontem de US$ 3 bilhões em recursos novos (US$ 1,5 bi no mercado à vista e US$ 1,5 bi em swap cambial no mercado futuro). Já os juros podem oscilar sem direção única, afetados pelos Treasuries mistos e o pano de fundo de cautela fiscal, que tende a persistir.

O mercado questiona o projeto de lei orçamentária de 2025 em relação às receitas previstas e considera que as despesas estão subestimadas pelo governo. Existe muita incerteza se será possível zerar o déficit primário no próximo ano. A entrevista coletiva concedida nesta segunda-feira, 02, pelos secretários dos ministérios do Planejamento e da Fazenda evidenciou que o calo que mais dói para a equipe econômica continua sendo a desoneração da folha de pagamentos.

A suspensão do X (antigo Twitter) no Brasil repercutiu na comunidade internacional ontem e desencadeou uma série de críticas na rede social, que continua sendo acessada em outros países, mas o caso é visto como ‘único’ e sem peso para impactar o apetite de fundos que olham o mercado brasileiro para investir, conforme especialistas ouvidos pelo Broadcast.

*Agência Estado