Mercado

Mercados financeiros hoje: tom positivo no exterior pode trazer alívio para juros e câmbio no Brasil

No Brasil, investidores repercutem o IBC-Br, considerado uma prévia do PIB

O recuo dos rendimentos dos Treasuries e do dólar pode aliviar os ajustes nos mercados de juros futuros e de câmbio. Foto: B3

Pronunciamentos de vários dirigentes do Federal Reserve (Fed), Banco Central Europeu (BCE) e Banco da Inglaterra (BoE) em fórum do Instituto Internacional de Finanças (IIF) estão programados ao longo do dia, nos Estados Unidos. Em Washington, prosseguem as reuniões de Primavera do FMI e Banco Mundial. Por lá, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participam de vários compromissos e da reunião de Ministros das Finanças e de Presidentes de Bancos Centrais do G2. O Livro Bege do Fed e o IBC-BR também serão publicados.

Exterior

Os juros dos Treasuries recuam nesta manhã, após registrarem as máximas desde novembro ontem à tarde, na esteira do presidente do Fed, Jerome Powell. Ele apontou que os juros devem ficar restritivos por mais tempo para conter a inflação, intensificando as apostas do mercado por um único corte de juros em 2024 no CME Group ontem à tarde. Também o presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, que tem poder de voto neste ano, disse que alguns dados recentes, incluindo o índice de preços ao consumidor, não “apoiaram” uma aterrissagem suave da economia americana.

Os índices futuros de Nova York avançam levemente e o destaque são papéis do setor aéreo, beneficiados pelo salto de mais de 5% da ação da United Airlines no pré-mercado, estendendo ganho do after hours após relatar prejuízo menor do que o esperado e alimentar expectativas por uma demanda fortalecida por viagens aéreas nos Estados Unidos.

O dólar cede frente outras moedas principais e algumas emergentes ligadas a commodities, com ajustes e expectativas dos investidores por discursos de dirigentes de bancos centrais ao longo do dia, além do Livro Bege, enquanto seguem atentos à geopolítica no Oriente Médio, visto que Israel ameaçou retaliar pelos ataques aéreos que sofreu do Irã no fim de semana.

O petróleo mantém ligeira baixa por fator técnico relacionado a aumento de estoques americanos da commodity e a sinalização de paciência do Fed na política monetária dada a persistência da inflação. Na Europa, as bolsas sobem e recuperam parte das perdas de ontem, após dados mostrarem arrefecimento da inflação na zona do euro e no Reino Unido e em meio a balanços de empresas locais.

Brasil

O ambiente positivo nas bolsas lá fora nesta manhã e alta de 4,25% do minério de ferro em Dalian devem apoiar uma recuperação do Ibovespa, após recuar ontem pelo quinto pregão consecutivo, aos 124.388,62 pontos. O American Depositary Receipt (ADR) da Vale sobe no pré-mercado em meio a avaliações dos resultados de produção e vendas no 1º trimestre deste ano. A queda do petróleo é contraponto e deve a pesar nas ações da Petrobras, em meio ao compasso de espera pela distribuição dos dividendos extras, tema que deve entrar na pauta da reunião ordinária desta sexta-feira e tende a ser definido até a assembleia geral de acionistas, no dia 25 de abril.

Ontem, o desembargador Marcelo Saraiva, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, suspendeu o afastamento do presidente do Conselho de Administração da Petrobras, Pietro Sampaio Mendes, do cargo. E o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que os recentes acontecimentos no Oriente Médio não simbolizam “nada relevante até agora em termos de preço” e que deve haver impacto no preço “se [o conflito Israel-Irã] virar uma coisa maior que uma rusga”.

O recuo dos rendimentos dos Treasuries e do dólar pode aliviar os ajustes nos mercados de juros futuros e de câmbio, após o estresse ontem com os juros americanos e a percepção fiscal mais negativa no Brasil, o que elevou juros futuros e o dólar à vista aos R$ 5,2688 no fechamento, pela quinta sessão consecutiva, acumulando ganho de 5,21% no período e de 8,56% neste ano. Os investidores vão repercutir ainda o IBC-BR, e ficar atentos a Haddad e Campos Neto em Washington, onde o presidente do BC reúne-se ainda com investidores e concede entrevista ao IMF Today, do FMI, com previsão de ir ao ar no site do FMI, a partir das 14 horas pelo horário de Brasília.

*Agência Estado