PIB dos Estados Unidos interrompe queda e cresce 2,9% no 3° trimestre
O resultado interrompe duas quedas consecutivas. Hoje à tarde, presidente do Banco Central americano discursa sobre o ritmo de aperto monetário no país
O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos avançou 2,9% no terceiro trimestre, em dados anualizados, informou o Departamento do Comércio americano (BEA) nesta quarta-feira, 30/11. A primeira estimativa havia registrado um crescimento de 2,6%. O resultado veio acima das projeções dos economistas que previam um aumento de 2,7%.
O avanço interrompe uma sequência de duas quedas trimestrais consecutivas e coloca fim as preocupações de que a economia dos Estados Unidos estaria em uma recessão. No segundo trimestre, o PIB americano encolheu 0,6%.
O resultado no terceiro trimestre foi puxado pelo avanço nos gastos do consumidor e nas exportações, mas a queda nos investimentos em habitação não permitiu que o PIB avançasse mais. Para o estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, a economia americana tem mostrado sinais dúbios.
“A gente já sabia que o consumo tinha crescido, mas a queda na parte de moradia pode ser um sinal de uma inflação nesse item mais baixa – que representa um terço da inflação americana. De um lado também tem uma Black Friday mais forte que no ano passado, mas tem um PIB maior e uma confiança caindo. Portanto, parece complicado de determinar ainda o que vai ser da economia americana no ano que vem”.
Gastos do Consumidor
O índice de preços com gastos com consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) cresceu 4,3%, contra 4,2% da leitura preliminar. Quando a variação nos preços de alimentos e energia são excluídas (núcleo PCE) o avanço chega a 4,6%, ante 4,5% da divulgação anterior. Em relação aos gastos com consumo, o avanço foi de 1,7% na segunda leitura do terceiro trimestre, contra alta de 1,4% da preliminar.
Outro importante indicador é a renda interna bruta – que subiu a uma taxa de 0,3% no terceiro trimestre, após cair 0,8% no período anterior. Esse índice mede a receita gerada e os custos incorridos na produção desses bens e serviços.
Juros e Emprego
A economia dos Estados Unidos se recuperou no terceiro trimestre acima do esperado pelos economistas. A melhora acende novamente o alerta sobre o aperto monetário realizado pelo Federal Reserve (Fed) para domar a inflação. O banco central americano elevou os juros nas últimas seis reuniões desde março. As taxas estão no intervalo de 3,75% a 4% – o mais alto desde o início de 2008.
Por outro lado, a oferta de empregos nos EUA caiu em outubro, revertendo um salto surpreendente no mês anterior, em um sinal de esperança para o Federal Reserve, que busca conter a demanda em toda a economia. Os dados também foram divulgados hoje pela Pesquisa de Abertura de Empregos e Rotatividade de Mão de Obra, ou JOLTS.
O número de vagas disponíveis caiu para 10,3 milhões em outubro, ante 10,7 milhões no mês anterior. O resultado mostra que a demanda por trabalhadores, embora ainda robusta, está se moderando em meio a uma perspectiva econômica sombria e ao aumento das taxas de juros. Mesmo assim, muitos empregadores ainda estão lutando para preencher as vagas em aberto.
“Parece que eles [o Fed] estão caminhando para começar a reduzir o ritmo de juros em breve. A questão parece mais incerta no ponto final do ciclo de alta do que realmente nos próximos passos. Eles vão reduzir o ritmo, agora a pergunta é quando que eles vão parar? Em que patamar? Isso ainda não está muito certo. Será preciso esperar mais dados da economia”, afirma o estrategista da RB Investimentos.
15h30: discurso do Jerome Powell
O presidente do Fed, Jerome Powell, discursa hoje sobre as medidas que serão tomadas para os próximos meses quanto ao aumento na taxa de juros dos Estados Unidos. Powell pode sinalizar uma desaceleração no ritmo de aperto monetário no país.
“Sobre o discurso do Fed mais tarde, eles já vão preparar o terreno para começar a reduzir juros”, diz Gustavo Cruz.