PIB cresce 1,4% no primeiro trimestre de 2025, abaixo das projeções
Economistas projetam uma desaceleração do PIB nos próximos trimestres
No primeiro trimestre de 2025, o PIB cresceu 1,4% frente ao quarto trimestre de 2024, na série com ajuste sazonal, informou nesta sexta-feira (30) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar do resultado positivo, a alta ficou abaixo da expectativa do mercado.
Pela ótica da produção, a Agropecuária apresentou crescimento de 12,2%. Também houve alta nos Serviços (0,3%) enquanto a Indústria (-0,1%) não mostrou variação significativa. Em relação ao 1º trimestre de 2024, o PIB avançou 2,9%.
“O grande destaque foi a agropecuária, que representa cerca de 7% da economia brasileira e se beneficiou de uma safra sazonal recorde. Já os serviços — setor de maior peso no PIB — cresceram 0,3%, impulsionados pelo mercado de trabalho aquecido”, analisa Igor Cadilhac, economista do PicPay.
Ainda na visão de Cadilhac, pelo lado da demanda, os dados refletem um ambiente doméstico aquecido. “Os investimentos surpreenderam positivamente, com alta de 3,1%. O consumo das famílias avançou 1%, enquanto o consumo do governo permaneceu praticamente estável (0,1%). Por outro lado, o setor externo teve contribuição negativa, devido ao aumento das importações (5,9%) e à queda das exportações (2,9%)”.
Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter, também destaca a demanda das famílias, que “ainda veio robusta no trimestre, mas, na variação anual, mantém a tendência de desaceleração”. Segundo ela, o mercado de trabalho aquecido e os estímulos do governo seguem impulsionando o consumo, “mas, pelo lado da oferta, ficam claras as restrições e, apesar do aumento da importação, a inflação segue persistente”, explica.
“É um PIB forte, mas controlado pelo otimismo com atividade pós últimos dados do mercado de trabalho torna-se agridoce a mercado”, avalia Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos. Segundo ela, a demanda doméstica continua em aceleração na comparação anual.
“No todo, é um PIB que mostra que começamos 2025 com crescimento forte, não exclusivo do agro”, afirma. Segundo ela, o resultado deve levar a revisões para cima nas expectativas quanto ao resultado do ano de 2025.
Mercado espera desaceleração
Apesar da visão de que o PIB do primeiro trimestre mostrou uma economia forte, os economistas esperam uma desaceleração nos próximos trimestres. “Para o próximo trimestre, nosso cenário base segue apontando um bom momento para a atividade econômica brasileira, sustentado por um mercado de trabalho em pleno emprego e por uma massa salarial robusta. No entanto, a combinação de inflação persistente, juros elevados e consequente aperto das condições financeiras deve pesar sobre o desempenho da economia. Nesse contexto, a desaceleração não apenas se torna inevitável, como também necessária para a correção dos desequilíbrios atuais”, diz Cadilhac.
“O desempenho do agro ainda deve contribuir no 2º trimestre, mas esperamos que a tendência de desaceleração da demanda, tanto nos investimentos como no consumo das famílias, deva permanecer. O PIB, que cresce 3,5% no acumulado de 12 meses até março de 2025, deve desacelerar para mais próximo de 2% até o final do ano”, diz Rafaela Vitoria.
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