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PIB dos EUA cai 0,3% no 1º trimestre, surpreendendo analistas

Resultado do PIB dos EUA alimenta temores de recessão da economia americana

O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos registrou uma contração de 0,3% no primeiro trimestre deste ano em relação aos três últimos meses de 2024, em base anualizada, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira pelo Departamento do Comércio do país. O resultado ficou abaixo do esperado por participantes do mercado, já que o consenso dos analistas ouvidos pelo “Wall Street Journal” apontava para um crescimento anualizado de 0,4% do PIB.

A queda refletiu, em especial, o aumento das importações e a redução dos gastos do governo, de acordo com o Departamento do Comércio. Esses movimentos foram parcialmente compensados por um aumento nos investimentos, nos gastos dos consumidores e nas exportações.

O salto de 41,3% nas importações e a queda de 5,1% nos gastos do governo contribuíram, assim, para o desempenho do PIB, ao mesmo tempo em que houve uma desaceleração no consumo. Enquanto no quarto trimestre de 2024 houve um aumento de 4,0% nos gastos dos consumidores (PCE), também em base anualizada, nos três primeiros meses deste ano a alta desacelerou para apenas 1,8%.

Recessão à vista nos EUA?

O mercado já esperava uma desaceleração mais intensa no crescimento econômico americano nos três primeiros meses do ano. Ontem, após a divulgação de um déficit comercial recorde na balança de bens, muitas casas passaram a esperar uma contração no PIB do primeiro trimestre do ano devido à força das importações, já que as empresas se anteciparam e tentaram importar o máximo possível de bens antes de as tarifas contra parceiros comerciais entrarem em vigor.

Vale notar, ainda, que houve um salto no deflator dos gastos com consumo, o que já era antecipado pelos participantes do mercado. No primeiro trimestre, o deflator do PCE subiu 3,6%, em base anualizada, enquanto o núcleo do deflator, que exclui itens voláteis, como os preços de energia e de alimentos, teve alta de 3,5%.

A equipe de economistas para EUA do Morgan Stanley, liderada por Michael Gapen, observa que a antecipação das tarifas continuou a aparecer nos dados, diante de um salto nas importações. Somente em março, o déficit comercial de bens atingiu o valor de US$ 162 bilhões. Houve alguma distorção devido às importações de ouro, mas, ainda assim, houve um aumento de mais de 4% no mês das importações de bens de capital; de 6,6% de automóveis; e de expressivos 27,8% de bens de consumo, de acordo com dados do Departamento do Comércio.

“Um aspecto interessante dessa história é a antecipação por empresas americanas às tarifas sobre importações dos EUA, mas não parece que empresas estrangeiras estejam fazendo o mesmo. Há alguma antecipação nas exportações, mas não no mesmo grau que vemos nas importações dos EUA”, enfatizam os economistas do Morgan Stanley, cujo “tracking” para o desempenho do PIB do primeiro trimestre apontava para uma contração de 1,4% em base anualizada. “Isso reflete a antecipação das importações e não uma fraqueza econômica atual”, ressaltam os profissionais, ao notarem que a demanda está forte.

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