Pix é um bom presente de Natal? Veja o que os brasileiros pensam sobre
30% dos brasileiros dizem usar o Pix como forma de presentar alguém, mas prática pode ser considerada fria e de pouco afeto
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A praticidade do Pix fez do sistema de pagamentos não só um sucesso entre os brasileiros como uma opção de presente conveniente. Segundo uma pesquisa do Grupo Consumoteca, liderada pelo antropólogo Michel Alcoforado, mandar um Pix com status de presente é uma prática que 30% dos mais de 1.200 brasileiros ouvidos na pesquisa declararam fazer, especialmente entre pessoas com vínculos mais próximos, como parceiros e filhos.
Mas, segundo o antropólogo, mesmo nas relações mais íntimas, o uso do Pix não deve ultrapassar esse um terço das ocasiões de presentear. Isso por que, conforme identificado pela pesquisa, o Pix comunica praticidade, mas não dedicação.
“Ele resolve, mas não simboliza. Nos círculos íntimos, isso funciona porque o vínculo já está dado. Nos vínculos mais distantes, porém, o Pix vira quase um gesto frio, podendo ser interpretado como ausência de cuidado”, aponta a pesquisa.
Ainda de acordo com o levantamento, 58% dos brasileiros valorizam presentes que criam memórias especiais e 47% valorizam trocas que proporcionam tempo de qualidade. Neste cenário, o presente físico ressurge como o “ativo de vínculo” mais valioso, diz a marca, enquanto presentear com Pix enfrenta resistência por simbolizar baixo esforço e pouco afeto.
Por que não presentear com Pix

Ganhou peso a presença e a conexão, de acordo com o estudo, porque, após a pandemia e a polarização política que os brasileiros vivenciaram nos últimos cinco anos, as pessoas estariam reorganizando profundamente seus vínculos, tornando-os mais seletivos e intencionais.
“As relações não estão esfriando; estão ficando mais seletivas. Hoje, o vínculo é uma escolha que exige dedicação, atenção e esforço contínuo. É aqui que o presente entra: ele é o atalho que valida que você parou, pensou e dedicou tempo ao outro”, explica Michel Alcoforado.
Presentes insubstituíveis
O estudo apontou que os presentes intencionais e escolhidos “com carinho” se tornam gestos simbólicos insubstituíveis, fundamentais para fortalecer a conexão e a memória nas relações humanas.
A pesquisa mostra que o esforço e o investimento financeiro dos presentes dados são direcionados fortemente para um núcleo central de relações, como parceiros, filhos e pais, que exigem maior investimento emocional e em presentes. Os filhos recebem, em média, de 7,6 presentes por ano e parceiros, 6,4.
“Então é lendo para onde esse consumidor está indo e para onde vai esse desejo dele que a Natura investe nas opções de kits para presentear”, diz Tatiana Ponce, vice-presidente de Marketing e head de Inovação da Natura.
Como vantagem para marca, dentro da categoria de perfumaria e cosméticos, o perfume se destacou como o “grande presenteável” ou o presente universal. Segundo o estudo, ele equilibra ”atenção e reciprocidade” em todos os vínculos. Mas, conforme a intimidade muda, os produtos também mudam: no núcleo central entram itens mais íntimos (hidratantes premium); na rede próxima dominam fragrâncias acessíveis e maquiagem; e na ampliada ganham força os ‘coringas’ como sabonetes e óleos.
Outros dados da pesquisa
- 40% se sentem mais distantes e 34% se veem em relações superficiais;
- A sociabilidade está em empate: enquanto 37% reduziram a frequência de encontros no último ano, 36% aumentaram;
- As pessoas ajustam tempo, frequência e dinheiro de acordo com o lugar que cada relação ocupa na sua vida;
- Presentear virou sinônimo de afeto;
- O presente deixou de ser espontâneo e virou compromisso de calendário;
- Presente funcionam como mecanismos de suporte dentro da lógica de manutenção da intimidade;
- Vínculos prioritários: a núcleo íntimo (parceiro/cônjuge, filhos e pais) é o que mais se fortaleceu nos últimos anos e exige presentes focados em personalização e profundidade;
- O amigo voltou: após anos de enfraquecimento, os amigos tiveram o maior salto de proximidade em 2025, com 38% dos entrevistados relatando uma reaproximação.

*Matéria publicada originalmente em IstoÉ Dinheiro, parceiro de B3 Bora Investir