Retorno do CDI supera 60% nos últimos cinco anos
Apesar do resultado do CDI, especialistas acreditam que o investimento em ações ainda faz sentido

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Renda fixa ou variável? Levantamento elaborado pela Quantum Finance mostra que entre agosto de 2020 e de 2025 o Ibovespa acumulou retorno positivo de 38,46%. No mesmo período, a valorização do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), principal indexador de investimentos da renda fixa, foi de 61,32%, ou seja, um desempenho 59,44% superior.
Em uma comparação, quem aportou R$ 1.000 em um investimento atrelado ao principal indicador de ações da Bolsa brasileira juntou em 5 anos um valor de 1.384,60, enquanto que uma aplicação com rendimento de 100% do CDI atingiu R$ 1.613,20.
O CDI acompanha de perto a taxa básica de juros, a Selic. Assim, a política monetária do Banco Central (BC) está diretamente relacionada à ampliação dos ganhos dos investidores da renda fixa. Ao mesmo tempo, o encarecimento do crédito reduz gastos dos consumidores e os investimentos das empresas, com impactos sobre as ações listadas na bolsa de valores.
“A Selic alta encareceu o crédito, desestimulou investimentos produtivos e reduziu o apetite ao risco, afetando diretamente a performance das empresas listadas”, afirma o analista da Ouro Preto Investimentos, Sidney Lima.
Com juros altos, a maior parte dos investidores prefere deixar seus ganhos investidos na renda fixa, reduzindo ainda mais os ganhos do Ibovespa. Também há impactos criados por um cenário político turbulento internamente.
“Tem questões que envolvem governo dos Estados Unidos, tem questões que envolvem prisão do Bolsonaro, etc. Esses elementos dificultam que a bolsa suba”, diz o head de renda variável na Faz Capital, Alexandre Pletes.
Por que os juros estão tão altos?
Após a decisão do Banco Central no mês de junho deste ano de elevar a Selic para 15%, os juros brasileiros chegaram ao maior patamar desde 2006. Por sua vez, a decisão do órgão pelo aperto monetário tem múltiplos fatores econômicos e políticos.
Alexandre Pletes lembra que o período pós-pandemia da covid-19 foi marcado por um surto inflacionário global, que motivou altas nos juros no mundo todo.
Mais recentemente, a percepção de riscos fiscais nas contas públicas brasileiras e um cenário de tensões geopolíticas internacionais pressionaram ainda mais por uma alta dos juros, e também por uma baixa nas ações.
“O período foi marcado por instabilidade política, pressões fiscais e elevada volatilidade global, fatores que ampliaram a aversão ao risco e contribuíram para limitar a valorização do índice”, diz Lima.
“A gente vê as taxas de juros futuras mais longas cedendo um pouco. Deveriam estar cedendo mais, mas é que essa questão política tá pegando”, complementa Pletes.
Ainda vale a pena investir em ações?
Os especialistas consultados pela IstoÉ Dinheiro acreditam que o investimento em ações ainda faz sentido, desde que se analise os ativos antes da compra.
“A bolsa oferece a possibilidade de capturar valorização de empresas sólidas, distribuição de dividendos e ganhos de capital que só se realizam ao longo do tempo”, diz Lima.
Além disso, é importante diversificar: escolher diferentes ações e manter parte do seu dinheiro em renda fixa, para atenuar perdas. “A melhor estratégia é combinar renda fixa e variável, aproveitando a renda fixa no curto prazo e mantendo posição em ações como forma de buscar retornos acima da média no futuro”, segue Lima.
Por fim, é preciso ter em mente que, apesar de acumularem desempenho negativo em algumas janelas, as ações podem acumular grande valorização em outros períodos. Assim, saber o momento de entrar e sair do investimento é essencial.
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