Selic alta já desacelera economia, diz diretor do BC. Como isso afeta seu bolso?
Diretor do BC reforça que política monetária está funcionando e explica por que isso importa para inflação
A desaceleração da economia brasileira já aparece nos dados mais recentes – e isso não tem sido uma surpresa para o mercado. Na verdade, já era até mesmo antecipado, como resposta à política monetária do Banco Central. A avaliação é de Diogo Guillen, diretor de Política Econômica do BC, que participou nesta segunda-feira (18) do Warren Day, evento que acontece em São Paulo e tem apoio da B3.
Segundo ele, os juros altos estão funcionando e já estão refletindo no crédito, no câmbio e na atividade como um todo. Desde setembro do ano passado, o Copom vinha elevando a taxa básica de juros, a Selic, que chegou a 15% ao ano. Na última reunião, o colegiado optou por uma manutenção do nível atual, e antecipou que espera manter os juros em nível restritivo por algum tempo.
“Há alguns meses, havia um debate grande sobre a potência da política monetária. Acho que esse debate saiu um pouco de cena. A política monetária funciona, a gente vê atuando em diferentes canais, como câmbio e crédito”, afirmou. Guillen destacou que a moderação da atividade é parte esperada do ciclo de aperto promovido pelo BC.
“O que a gente tem observado é essa moderação de atividade, que é o cenário antecipado pelo Copom, você volta para o que a gente via de política monetária, uma desaceleração relevante que a gente antecipa e que tem começado a ocorrer”, disse.
Segundo ele, além de indícios como o IPCA (que em julho surpreendeu o mercado para baixo) e as vendas no varejo (que recuaram 0,1% na passagem de maio para junho), há indicadores como a desaceleração da concessão de crédito e o aumento dos juros livres que mostram a eficiência da política fiscal na economia.
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Na prática, isso significa que empresas e famílias já começam a sentir o aperto: o crédito fica mais caro e o consumo desacelera, o que tende a reduzir a pressão sobre a inflação.
O diretor do BC lembrou que, há um ano e meio, a discussão girava em torno das causas da desancoragem das expectativas de inflação. Hoje, no entanto, a questão central é como lidar com elas. “À medida que a gente foi avançando, fomos mudando um pouco o debate das causas da desancoragem para a discussão de que, se as expectativas estão elevadas, você precisa atuar para trazer a inflação de volta para a meta”, disse. Para ele, expectativas desancoradas exigem política monetária mais restritiva – ou seja, juros mais altos.
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