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Sem surpresas, Fed mantém taxa de juros na faixa entre 4,25% e 4,50%

Autoridade monetária dos EUA havia reduzido o nível de juros nas últimas três reuniões consecutivas. Mercado aguarda sinais sobre próximos passos

O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) decidiu pela manutenção dos juros na faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano, após três cortes consecutivos no segundo semestre do ano passado. O movimento já era amplamente esperado pelo mercado, que busca no comunicado e no discurso de Jerome Powell, o presidente do Fed, sinais sobre quais serão os próximos passos da política monetária norte-americana.

A decisão foi unânime entre os membros do comitê. No texto que anunciou a manutenção, o Fed retirou seus comentários sobre o alívio nas condições do mercado de trabalho. Em vez disso, afirmou que “a taxa de desemprego se estabilizou em um nível baixo” e que “as condições do mercado de trabalho permanecem sólidas”.

Em seu discurso, Powell enfatizou o duplo mandato do Fed, que tem o objetivo de manter a estabilidade de preços e o máximo de emprego possível. Ele destacou que a economia norte-americana seguiu em ritmo de expansão e que as condições do mercado de trabalho não são mais uma fonte de pressão inflacionária. Segundo ele, as projeções indicam que a inflação medida pelo PCE (a medida preferida do Fed) deve ter encerrado o ano de 2024 em 2,6%, acima, portanto, da meta. O core da inflação, medida que desconsidera preços voláteis como de alimentos, indica um aumento de preços de 2,8%.

“Conforme a evolução da economia, o Fed vai ajustar sua política de forma a maximizar o emprego e a manter os preços estáveis. Se a economia se mantiver forte e a inflação não continuar a cair de forma consistente em direção aos 2%, podemos manter as condições de aperto por mais tempo. Se o mercado de trabalho se enfraquecer de forma inesperada ou a inflação cair mais rápido do que esperado, podemos afrouxar a política de acordo”, afirmou Powell.

Apesar de não surpreender o mercado, a reunião de hoje era amplamente aguardada por ser a primeira desde a posse do presidente Donald Trump. Isso porque as promessas de campanha do republicano, como a imposição de tarifas às importações e o maior controle da imigração, são vistas como inflacionárias para a economia dos Estados Unidos. Ou seja: as políticas econômicas impostas pelo presidente podem dificultar o trabalho do Fed de levar a inflação à meta de 2% ao ano.

Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, ressalta que mesmo não havendo surpresas na decisão de hoje, o comitê seguiu o protocolo de não oferecer pistas sobre os próximos movimentos de política monetária.

“No entanto, foi enfático em ressaltar que mercado de trabalho está forte e a inflação permanece acima da meta. A leitura é que será mais difícil dar continuidade ao ciclo de afrouxamento monetário com relação à visão divulgada na reunião de dezembro”, pondera.

Qual o impacto da decisão do Fed para o Brasil?

Como a decisão veio em linha com o esperado e sem novidades no âmbito fiscal da economia brasileira, “o mercado de câmbio segue ‘vivendo o momento’ e tirando proveito da diferença de juros entre o Brasil e os seus pares lá fora”, comentou Alexandre Viotto, chefe da mesa de câmbio da EQI Investimentos

“A estimativa é de Selic em 16% ao final do ano para algumas casas, algo que deixa os juros real no país bem mais atrativos ao capital estrangeiro. Com isso, o Real se valoriza, operando consistentemente abaixo de R$ 6”, completou Viotto.

Já João Kepler, CEO da Equity Fund Group, afirma que a escolha do Fed de romper o ciclo de corte dos juros nos atuais patamares sinaliza uma abordagem prudente diante da inflação persistente e da resiliência da economia americana.

“Esse movimento mantém os EUA como um destino seguro para o capital global, fortalecendo o dólar e limitando o espaço para a valorização de moedas emergentes, como o real”, destaca ele.

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