Serviços recuam 0,9% em agosto, após três altas seguidas
Resultado veio bem abaixo do esperado pelo mercado. Maior impacto negativo ficou com o setor de transportes e serviços prestados às famílias - como restaurantes e hotéis
O volume de serviços prestados no país caiu 0,9% em agosto, em relação ao mês anterior, divulgou nesta terça-feira, 17/10, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A baixa ocorreu após três altas seguidas, com ganho acumulado de 2,1% no período.
O resultado veio na direção aposta as estimativas do mercado, que esperavam uma alta de 0,4%. Com o desempenho de agosto, o setor que mais emprega no país está 11,6% acima do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020).
Na comparação com agosto de 2022, o indicador teve alta de 0,9%. No acumulado do ano, os serviços prestados no Brasil cresceram 4,1%.
VOLUME DE SERVIÇOS PRESTADOS NO BRASIL (MÊS A MÊS)
Transportes puxam serviços para o negativo
Quatro das cinco atividades pesquisadas tiveram baixa em agosto, na comparação com o mês anterior, segundo o IBGE.
O maior impacto negativo veio dos transportes, que caíram 2,1%, puxados pela queda em todos os modais: terrestre (-0,9%); aquaviário (-1,3%); aéreo (-0,3%) e armazenagem (-5,5%).
O gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, afirma que esse resultado foi puxado pelo recuo nas atividades de gestão de portos e terminais, além do transporte rodoviário de cargas.
“A gestão de portos e terminais vem apresentando perda de fôlego há algum tempo, registrando um impacto importante na pesquisa. O transporte de cargas, por sua vez, atingiu o ápice em julho de 2023, ou seja, está com uma base de comparação muito elevada”, explica.
O boom do comercio eletrônico desde o pós-pandemia, que aumentou a demanda por frete rodoviário, ajudou a impulsionar o setor de cargas. Assim como as safras recordes.
No entanto, segundo Lobo, a produção agrícola é mais concentrada no primeiro semestre do ano. Assim, nesta segunda parte de 2023, “vamos observar como o transporte de cargas se comportará com uma produção agrícola menos pujante”, afirmou.
O volume do transporte de cargas recuou 1,2% em agosto, após avançar 5,7% entre maio e julho. Já o de passageiros cresceu 0,7%, recuperando parte da perda de 2% entre junho e julho.
Serviços prestados às famílias desabam
O segundo maior impacto negativo veio dos serviços prestados às famílias, que recuaram 3,8% em agosto. A queda veio após ganhos acumulados de 4,8% entre abril e julho.
“O setor agora devolve boa parte desse ganho, com a queda ocorrendo basicamente em restaurantes e hotéis, que são os principais componentes em termos de peso”, afirma Rodrigo Lobo.
A piora também se deve à base de comparação elevada, já que julho é mês de férias e o consumo de alimentos e hospedagem cresce.
Para Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, a atividade mais fraca no setor ajuda a explicar a queda na inflação de serviços observada nos últimos meses.
“Mesmo com o bom desempenho do mercado de trabalho, o fim dos estímulos fiscais e o crédito mais caro e escasso devem continuar desacelerando o consumo das famílias”.
Os serviços prestados às famílias segue como o único a não superar o patamar pré-pandemia, operando 5,8% abaixo do nível de fevereiro de 2020.
Outras atividades
Os serviços de informação e comunicação tiveram baixa de 0,8%, acumulando retração de 1%. “Essa queda se deu em função de perdas de receita de empresas que atuam com consultoria em tecnologia da informação e telecomunicações”, afirma Lobo.
Os outros serviços também recuaram, menos 1,4%, diante da menor receita vinda de corretoras de títulos e valores mobiliários e das atividades de apoio à agricultura.
Na contramão ficou os serviços profissionais e administrativos, que subiram 1,7% em agosto, taxa mais intensa desde março de 2023. O destaque ficou com atividades de limpeza, jurídicas e serviços de engenharia.
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