Setor de serviços recua 0,6% em outubro e marca terceiro mês de queda
Resultado veio abaixo do esperado pelo mercado e foi puxado pela retração no transporte rodoviário de cargas e serviços prestados às famílias
O setor que mais emprega no país tombou pelo terceiro mês consecutivo. Os serviços prestados caíram 0,6% em outubro, após recuo de 0,3% em setembro e 1,4% em agosto, segundo publicou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 13/12.
O resultado frustrou a expectativa dos analistas, que esperavam uma alta de 0,1%. Em três meses de queda, os serviços acumulam perdas de 2,3%, e eliminam o ganho de 2,3% entre maio e julho.
“O ainda elevado endividamento das famílias, mesmo com o emprego e renda melhores, é entrave para a retomada do crescimento”, explica a economista-chefe do banco Inter, Rafaela Vitória.
Apesar de mais um mês no vermelho, o setor está 10,2% acima do nível de pré-pandemia (fevereiro de 2020). No acumulado do ano, a prestação de serviços é positiva em 3,1%.
VOLUME DE SERVIÇOS PRESTADOS NO BRASIL (MÊS A MÊS)
Transportes e consumo das famílias puxam queda
Apenas duas das cinco atividades pesquisadas pelo IBGE em outubro ficaram no campo negativo.
O segmento de transportes tombou 2% e acumula perdas de 4,3% entre agosto e outubro. O segundo pior desempenho veio dos serviços prestados às famílias, com retração de 2,1% e eliminação de praticamente todo o ganho de setembro (2,5%).
Segundo o gerente da pesquisa, Luiz Almeida, a queda da primeira atividade foi puxada pela baixa de 2,3% no transporte de cargas, principalmente o rodoviário. Essa retração está ligada a expectativa menor da próxima safra.
“Isso faz com que o transporte de insumos e a preparação da próxima safra seja menor, assim como o fim das colheitas recordes significa que o setor está passando por um ajuste. A produção industrial também vem demonstrando menor dinamismo, com uma queda nos bens de consumo e de capital, que impactam também no transporte de cargas”.
Na contramão ficou o transporte de passageiros, que teve alta de 0,7% em outubro, na comparação com o mês anterior.
Pelo lado do consumo de serviços às famílias, a retração veio pela menor demanda por espetáculos e eventos esportivos.
“Essa queda já era esperada pois o aumento em setembro foi devido a um grande festival de música [The Town]. Portanto, não houve a continuidade desses ganhos, o que explica a queda do setor, sendo um retorno ao patamar anterior”, explica Almeida.
Três setores cresceram em outubro
O maior impacto positivo em outubro veio dos serviços profissionais e administrativos, que tiveram avanço de 1%. O grupo recuperou quase toda a retração de setembro.
Os serviços de informação e comunicação cresceram 0,3%, após três resultados negativos seguidos, com perdas de 1,6%. Os outros serviços ficaram estáveis, após recuarem 2% entre agosto e setembro.
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