Transporte por app desbanca café como vilão da inflação; veja maiores altas em 12 meses
Inflação desacelera para 0,09% em outubro, menor taxa para o mês desde 1998, com alívio na conta de luz
O preço do café ainda acumula alta de mais de 48% em 12 meses, mas a bebida foi superada pelo transporte por aplicativo no ranking das maiores altas em um ano até outubro, mostram dados do IBGE divulgado nesta terça-feira, 11.
As viagens feitas via apps como Uber e 99 subiram 2,31% em outubro, bem acima da inflação oficial do país medida pelo IPCA, e passaram a acumular um salto de 52,86% em 12 meses.
Após uma alta de 0,48% em setembro, o IPCA desacelerou em outubro, chegando a 0,09%. O resultado, divulgado nesta terça-feira, 11, pelo IBGE, é o menor para um mês de outubro desde 1998. A desaceleração foi puxada pelo recuo no preço da conta de luz.
Veja abaixo o ranking dos ‘vilões’ da inflação pela métrica de maiores altas no acumulado em 12 meses:
As maiores altas de preços em 12 meses (em %)

No começo deste ano, o café chegou a acumular alta de mais de 80% em 12 meses. Em maio, apresentava aumento de 83,20% na comparação com o mesmo mês do ano anterior.
Importante destacar, no entanto, que o café moído tem participação bem maior na composição do índice oficial de inflação do país, com peso de 0,66 ponto percentual, enquanto o transporte por aplicativo representa 0,29 ponto percentual do cálculo do IPCA.
Inflação dos serviços em alta
O transporte por app é um dos itens que têm pressionado a inflação de serviços, que acumula alta de 6,20% em 12 meses — bem acima do IPCA , que desacelerou para 4,68% no mesmo período.
O Índice Serviços acelerou para 0,41% em outubro ante 0,13% em setembro. Segundo o gerente do IPCA, Fernando Gonçalves, a alta pode refletir uma inflação de demanda, em meio a um mercado de trabalho forte e aumento da renda.
Para o restante do ano, ele ponderou que, enquanto no final de 2024 a inflação foi pressionada por carnes e café, agora não há perspectiva de impactos mais fortes de alta. “Ainda tem efeito maior da queda da gasolina já que ela caiu no dia 21 de outubro e maior parte (do impacto) vai ficar para novembro”, afirmou.
Já o grupo Alimentação e bebidas apresentou variação de apenas 0,01% em outubro, com destaque para as quedas do arroz (-2,49%) e do leite longa vida (-1,88%). No lado das altas, sobressaem a batata-inglesa (8,56%) e o óleo de soja (4,64%).Veja abaixo as maiores quedas em 12 meses:
As maiores quedas de preços em 12 meses (em %)

Inflação ainda acima da meta
O centro da meta oficial para a inflação no ano é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Em ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça, o BC afirmou que já tem maior convicção de que uma manutenção da taxa Selic em 15% ao ano por período bastante prolongado fará com que a autoridade monetária cumpra o objetivo de levar a inflação à meta de 3%.
A projeção atual do mercado para a alta do IPCA está em 4,55% em 2025 e em 3,80% em 2026, segundo o último Boletim Focus.
As projeções do Banco Central para inflação acumulada em 12 meses são de 4,6% para 2025, 3,6% para 2026 e 3,3% para o segundo trimestre de 2027 (3,3%) – este último, o horizonte relevante da política monetária.
*Matéria originalmente publicada em IstoÉ Dinheiro, portal parceiro de Bora Investir
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