Notícias

Varejo segue impactado pelos juros altos e cai 0,2% em agosto

Ano é marcado pela estabilidade nas vendas do setor, diante da crise contábil em grandes cadeiras de lojas. No varejo ampliado, que inclui veículos e construção, recuo foi de 1,3%

Pessoas caminhando entre as lojas na rua.
Os dados são da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

As vendas do varejo brasileiro recuaram 0,2% em agosto, em relação ao mês anterior, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio, publicada nesta quarta-feira, 18/10, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado, que veio um pouco melhor que o esperado pelo mercado, foi classificado pelo gerente da pesquisa, Cristiano Santos, como uma estabilidade.

“Excluindo-se janeiro (+4%) da série histórica de 2023, além de março (+0,7%), maio (-0,6%) e julho (+0,7%), todos os demais meses indicaram variações próximas a zero, ou seja, foram quatro meses de estabilidade e três de volatidade baixa”.

EVOLUÇÃO DAS VENDAS DO VAREJO (MÊS A MÊS)

Fonte: IBGE

Na comparação com agosto do ano passado, houve um aumento de 2,3% nas vendas do comércio. No acumulado do ano a alta é um pouco menor, 1,6%. Segundo analistas, esse avanço anual veio de impulsos na atividade econômica feitos pelo governo no início de 2023, como o aumento do Bolsa Família.

Pelo lado negativo, os juros ainda em patamares elevados – apesar de duas reduções na taxa básica – tem freado uma melhora do setor. A Selic está em 12,75% ao ano.

“Ainda não tem efeito. Não tem grande tração que seja projetada [no comércio]. (…) A gente não vê ainda o crédito como grande influência no volume de vendas do varejo”, conclui Santos.

Sobre a alta de 4% em janeiro, o gerente da pesquisa do IBGE explicou que essa expansão foi influenciada pela base de comparação baixa de dezembro (-3%).

Meio a meio das atividades

Em agosto, quatro das oito atividades varejistas pesquisadas pelo IBGE tiveram resultado ruim.

Os destaques negativos foram outros artigos de uso pessoal e doméstico (-4,8%), livros, jornais, revistas e papelaria (-3,2%), móveis e eletrodomésticos (-2,2%) e tecidos, vestuário e calçados (-0,4%).

“Ao longo do ano grandes cadeias de lojas vivem crises contábeis e estão passando por redução no número de lojas. Esse movimento de puxar o indicador para baixo está muito relacionado a essa crise contábil que ainda persiste até agosto”.

No lado positivo ficaram as atividades de Hiper, supermercados, produtos alimentícios (0,9%), Combustíveis e lubrificantes (0,9%), Equipamentos e material para escritório (0,2%), e Artigos farmacêuticos e de perfumaria (0,1%).

Para o gerente da pesquisa, esses grupos tiveram crescimento diante da desaceleração da inflação na parte alimentícia.

“O efeito da inflação acaba tendo impacto na atividade, com maior renda para o consumidor adquirir produtos. Combustíveis e lubrificantes apresenta uma trajetória contrária, tendo registrado vários meses com taxas muito próximas de zero”, explica Santos.

Varejo ampliado

No varejo ampliado – que inclui veículos, material de construção e atacarejo – a queda em agosto foi ainda maior, menos 1,3% na comparação com julho.

O setor de Material de construção caiu 0,1%, enquanto Veículos e motos cresceu 3,3%.

Quer entender o que é macroeconomia e como ela afeta seu bolso? Acesse o curso gratuito Introdução à Macroeconomia, no Hub de Educação da B3.