4 questões que devem direcionar a economia em 2024
Dois especialistas respondem as principais dúvidas sobre o que deve influenciar o ambiente econômico, tanto internacional quanto doméstico, no ano que vem
O Brasil vai começar 2024 com algumas condições diferentes das vistas no início de 2023. A taxa básica de juros entrou em trajetória de queda nos últimos meses, a reforma tributária foi promulgada em dezembro e a inflação desperta menos preocupação.
O cenário internacional também aponta para uma situação mais confortável, com o afrouxamento monetário encabeçado por alguns dos principais bancos centrais, como explica Ricardo Faria, sócio da Legend Wealth. O especialista, no entanto, faz algumas ressalvas, que incluem a influência das questões geopolíticas e até climáticas.
Já Nicholas Kawasaki, estrategista-chefe de Private da Nova Futura, aponta a eleição americana como o principal ponto de atenção na economia internacional, além dos próximos passos do Fed, o banco central americano, em relação aos juros do país.
Veja o que dizem os especialistas:
O que deve influenciar a economia em 2024?
Ricardo Faria, sócio da Legend Wealth – A inflação global reduziu-se ao longo do ano de 2023 e foi um fator de surpresa e destaque econômico, a despeito de o crescimento econômico ter surpreendido para cima na maior parte dos países. A trajetória inflacionária atual aproxima-se de patamares consistentes com as respectivas metas na maioria dos países do G10. O ano tende a ser caracterizado pelo início do processo de afrouxamento monetário por parte dos principais bancos centrais do mundo. Os principais riscos parecem derivar do ambiente externo, vindos de uma desaceleração econômica – em especial nos EUA e China – e choques exógenos geopolíticos ou climáticos.
Nicholas Kawasaki, estrategista-chefe de Private da Nova Futura – Temos inúmeros fatores que podem influenciar a economia em 2024, sendo que os investidores direcionarão sua atenção principalmente para a eleição presidencial nos Estados Unidos e o possível início de um ciclo de redução das taxas de juros.
E no Brasil, o que pode ser destacado?
Faria – Aqui, vemos três razões para um cenário mais construtivo na economia, vindos da trajetória da balança comercial, da perspectiva de incremento do PIB potencial e do processo de convergência da inflação para a meta, abrindo espaço para cortes de juros adicionais nos próximos meses. No Brasil, as críticas estruturais ao tamanho e à rigidez do gasto persistem, trazendo atenção a ideias criativas que colocam em xeque dinâmica fiscal e sustentabilidade das contas públicas nacionais.
Kawasaki – No cenário brasileiro, o cumprimento da meta fiscal e a velocidade dos cortes de juros serão pontos monitorados pelos investidores.
O que pode ter um peso maior nos investimentos em 2024?
Faria – Não dá para ignorar os efeitos do potencial início de queda de juros na maioria dos países do G10 no próximo ano, em especial nos EUA.
Kawasaki – O início do ciclo e o ritmo do corte de juros dos Estados Unidos será o fator crucial para as decisões de investimentos em 2024.
Levando-se em consideração essas condições, como aproveitar as possíveis oportunidades de investimento?
Faria – O Boletim Focus do Banco Central, divulgado em 15/12, apontou para um crescimento do PIB de 1,51%, inflação (IPCA) de 3,93%, taxa de câmbio (R$/US$) de 5,00 e taxa Selic de 9,25% no final de 2024. Nesse contexto, julgamos que o balanço de riscos apresenta assimetria para níveis de maior crescimento, inflação e juros mais baixos e câmbio apreciado em relação às expectativas de mercado. Destacamos os níveis ainda atrativos em termos de taxas para o mercado de renda fixa atrelado a juro real (IPCA+) e os valuations descontados em termos históricos no mercado de renda variável local, proporcionando boas oportunidades de investimento.
Kawasaki – Diante dessas condições, os investidores podem explorar a oportunidade de garantir taxas atrativas na renda fixa, optando por títulos indexados à inflação ou totalmente prefixados. E, na renda variável, é possível buscar oportunidades em setores que se beneficiam do ciclo de redução de juros, tais como o setor imobiliário, o setor de consumo e o de tecnologia.
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