Investir melhor

Antifrágil: entenda a teoria de Nassim Taleb e saiba como aplicá-la em seus investimentos

Para o estudioso, antifrágeis são aqueles ativos que se beneficiam da incerteza e volatilidade

Qual é o oposto de frágil? A resposta mais óbvia é algo como forte ou robusto. Mas o estudioso Nassim Taleb defende que há outro nome para isso: antifrágil. “Frágil é algo que não gosta de desordem, de volatilidade. O oposto disso não é robusto, algo robusto não se beneficia da volatilidade, apenas não faz diferença. O oposto de frágil é o antifrágil, aquilo que ama volatilidade e ganha com isso”, explica ele, em palestra a executivos e funcionários do Google. Você pode estar pensando agora o que isso tem a ver com investimentos. Para Taleb, fragilidade e antifragilidade têm tudo a ver com o mercado e com a forma de se montar um portfólio sólido.

Segundo sua teoria, um ativo frágil é aquele que pouco se movimenta quando não há uma crise nos mercados. Mas quando há um evento extraordinário – como a crise da covid, por exemplo – seu valor despenca. “É como se você tomasse um remédio que te dá benefícios pequenos ou inexistentes, mas o dano é grande e raro”, diz ele. O dano pode, inclusive, nunca aparecer. Mas se ocorrer, é algo que traz imensos prejuízos.

Já um ativo antifrágil também não tem grandes valorizações ou desvalorizações em situações comuns no mercado. Mas quando há um grande evento, esse ativo se beneficia da volatilidade e apresenta um ganho excepcional. Seria, inclusive, capaz de compensar parte das perdas dos ativos frágeis.  

“Algumas coisas se beneficiam dos choques; elas prosperam e crescem quando expostas à volatilidade, à aleatoriedade, à desordem e aos estressores, ao risco e à incerteza. No entanto, apesar da onipresença do fenômeno, não há palavra para descrever exatamente o oposto de frágil. Vamos chamar de antifrágil. A antifrágil está além da resiliência ou da robustez. O resiliente resiste aos choques e permanece o mesmo”, escreve Taleb no livro Antifrágil, coisas que se beneficiam com o caos.

Para aplicar isso ao seu portfólio, Taleb sugere que é mais eficiente dividir seus ativos entre os mais conservadores e estáveis e os mais voláteis e arriscados – sem ter no meio ativos de médio risco. Isso porque, defende o autor, os ativos de médio risco não proporcionam retorno suficiente para compensar o risco a que o expõem.

Pontus Lagerberg, CEO da plataforma de seguros White Swan, resume: “o portfólio antifrágil simplifica as coisas, concentrando-se em manter um equilíbrio entre apostas seguras, que manterão seu portfólio estável e crescendo apesar de qualquer situação, e apostas de alto risco, que podem fazer você perder dinheiro, mas que também podem gerar retornos enormes”, escreve.

Por trás dessa divisão, está a ideia de que, em um mercado em alta, as posições mais arriscadas pode ter um ótimo desempenho. E com isso, o investidor deve fazer um rebalanceamento e aportar esses lucros nos ativos mais seguros. Por outro lado, se o mercado está em queda, o investidor não perderá mais dinheiro do que colocou nos ativos maios arriscados.

Atenção a seu perfil de investidor

Antes de aplicar a teoria de Taleb a seus investimentos, é importante saber que essa estratégia não é garantia de sucesso e não serve para qualquer investidor.

É preciso conhecer o seu perfil, seja ele conservador, moderado ou arrojado. O perfil leva em conta algumas características, como a sua propensão a assumir riscos, além de sua situação financeira (renda e patrimônio), a idade, o conhecimento do mercado e, claro, qual a destinação que será dada para o dinheiro.

Para conhecer mais sobre finanças pessoais e investimentos, confira os conteúdos gratuitos na Plataforma de Cursos da B3.