Como começar a acompanhar o mercado e tomar decisões de investimento informadas
Aprendizado sobre investimentos é processo gradual, que combina estudo e prática
Investir no mercado financeiro pode parecer, à primeira vista, um desafio, especialmente para quem está começando. A complexidade de termos, gráficos e a imprevisibilidade das oscilações podem intimidar, mas nada é impossível de aprender e aprimorar.
O aprendizado sobre investimentos é um processo gradual, que combina estudo, prática e observação. Entender como o mercado funciona é mais do que apenas saber onde aplicar o dinheiro; trata-se de compreender os fatores econômicos e comportamentais que influenciam o cenário financeiro.
Para oferecer uma base inicial de informações sobre investimentos, o Bora Investir conversou com especialistas para dicas de como começar a acompanhar o mercado e tomar decisões de investimento informadas.
Primeiros passos para começar a investir
Estude conceitos básicos
Leandro Martins, especialista em Renda Variável da Me Poupe!, diz que o mercado financeiro deve ser pensado como uma nova língua. “Você precisa entender os termos principais, observar como funciona e só depois começar a praticar com segurança.”
Para Dema Oliveira, CEO da Goshen Land e especialista em investimentos e empreendedorismo, o primeiro passo também é educar-se. “Comece com conteúdos acessíveis: leia livros, artigos e acompanhe canais de profissionais experientes.”
É importante escolher um canal confiável de notícias financeiras e se familiarizar com conceitos básicos como taxa Selic (os juros básicos da economia brasileira), inflação e o papel das ações e títulos.
“A diversificação é fundamental para reduzir riscos – e isso precisa ser compreendido desde o início”, argumenta Oliveira.
O sócio da Septem Capital Gestão Patrimonial e Investimentos, Frederico Avril, concorda que estudar os conceitos básicos é essencial. Alguns dos termos que ele recomenda pesquisar são renda fixa, renda variável, diversificação, risco e retorno.
“Cursos gratuitos, vídeos no YouTube e livros introdutórios como “O Investidor Inteligente”, de Benjamin Graham, são bons pontos de partida”, indica Frederico.
Por sua vez, Marlon Glaciano, planejador financeiro e sócio da Invest Prime Planejamento Patrimonial, recomenda estudar conceitos como análise fundamentalista, que avalia a saúde financeira e o potencial de crescimento de empresas, e análise técnica, que foca no comportamento dos preços e volumes negociados.
Entenda o seu perfil de investidor
Há um consenso entre os especialistas consultados: é essencial saber qual seu perfil de investidor para alinhar investimentos aos seus objetivos e tolerância ao risco.
Jayme Carvalho, planejador financeiro e especialista-chefe da SuperRico, recomenda a pergunta: “o que eu quero com investimentos? Por que estou investindo?”. Dessa maneira, é mais fácil tomar decisões mais alinhadas com o seu perfil.
Adicionalmente, Glaciano, da Invest Prime, indica perguntar a si mesmo se está mais próximo de um conservador que busca segurança ou de um arrojado que tolera riscos. “Diversificação é a palavra-chave para equilibrar sua carteira e mitigar riscos.”
Ferramentas como home brokers e plataformas de análise tornam esse acompanhamento mais ágil e estratégico. Além disso, os especialistas indicam investir tempo em networking e aprendizado constante, participando de eventos, cursos ou consultando profissionais qualificados.
Para Glaciano, um planejador financeiro também pode ser seu aliado, guiando você a decisões mais personalizadas e alinhadas aos seus objetivos, transformando seus investimentos em um caminho estruturado para alcançar suas metas
Acompanhe o mercado
Acompanhar o mercado é fundamental para quem deseja investir de forma consciente e estratégica. O mercado financeiro reflete uma série de fatores econômicos, políticos e sociais que podem impactar o desempenho dos investimentos, tanto positiva quanto negativamente.
Ao monitorar essas mudanças, é possível identificar tendências, avaliar riscos e aproveitar oportunidades de forma mais informada.
Carvalho, da SuperRico, defende: “O primeiro passo para quem nunca investiu seria começar a acompanhar o mercado financeiro. Eu acho que passa pela escolha de um canal de informação de qualidade e que tenha também uma linguagem adequada para o conhecimento daquele investidor novo.”
Como evitar erros de iniciantes no mercado financeiro
O especialista em investimentos Hulisses Dias argumenta que muitos iniciantes cometem erros comuns ao começar a investir, mas esses deslizes podem ser evitados com conhecimento e planejamento.
“Alguns dos erros mais comuns é aplicar em investimentos mais arrojados do que realmente toleram, o que pode gerar frustração e até perdas significativas. Outro equívoco é a concentração excessiva de ativos em um único setor ou tipo de investimento, ou fazer investimentos muito caros ou sem liquidez.”
Avril, da Septem, também recomenda evitar investimentos muito caros logo de cara. “Invista valores menores em produtos simples, como Tesouro Direto ou ETFs, para ganhar experiência enquanto reduz o risco inicial.”
O especialista da Me Poupe!, Leandro Martins, indicou montar uma reserva de emergência. Para ele, a pessoa deve ter dinheiro equivalente a 6 meses do seu custo de vida guardado em um investimento seguro e líquido, como o Tesouro Selic ou um fundo DI de baixa taxa de administração.
Carvalho, por sua vez, recomenda ter paciência. “Temos que entender que investir é um processo, não é uma solução de curto prazo, não é uma mágica que vai resolver os problemas do cliente, do investidor no curto prazo, mas sim que o investimento é simplesmente uma ponte que vai transformar os sonhos deles do cliente hoje em realidade no futuro. Então quando ele tem essa visão, ele cuida bem do dinheiro”.
Um erro comum é investir sem clareza sobre seus objetivos. Oliveira também recomenda não se deixar levar por “oportunidades imperdíveis”. É preciso entender os produtos financeiros antes de investir – cada investimento tem um propósito, como liquidez, segurança ou rentabilidade. “Evite a pressa e busque conhecimento consistente”, ele indica.
Quais os melhores indicadores para tomar decisões de investimento
A escolha dos melhores indicadores para tomar decisões de investimento depende do tipo de ativo e da estratégia adotada, mas alguns deles são amplamente utilizados por investidores de diferentes perfis.
Especialistas oferecem algumas dicas para saber os melhores indicadores, principalmente para iniciantes.
A dica de destaque é focar no básico. Oliveira recomenda acompanhar o índice Bovespa para entender a tendência geral do mercado. Também é importante analisar indicadores econômicos como PIB e inflação. “Para ações, preste atenção no P/L (preço/lucro) e no ROE (retorno sobre patrimônio). No entanto, não confie cegamente em um único indicador. O contexto é essencial para tomar decisões equilibradas”, argumenta ele.
Para investimentos de renda fixa, Avril diz que é importante ficar atento à taxa Selic, que indica o retorno esperado em títulos do Tesouro e outros investimentos atrelados ao CDI. A inflação (IPCA) também é essencial para avaliar o poder de compra do retorno do investimento.
Já para Renda Variável (Ações, ETFs, FIIs), vale entender melhor e analisar:
- Preço/Lucro (P/L): mede se uma ação está cara ou barata em relação ao seu lucro;
- Dividend Yield (DY): mostra a rentabilidade dos dividendos pagos:
- Endividamento: empresas com dívidas altas podem ser mais arriscadas, especialmente em períodos de alta de juros;
- Crescimento de receita e lucro: acompanhar a evolução ao longo do tempo.
E para o mercado como um todo, Avril também recomenda atenção à taxa de câmbio, pois impacta empresas exportadoras/importadoras e o valor de investimentos internacionais. A política monetária e fiscal também é importante, uma vez que está atrelada a decisões do Banco Central e políticas governamentais afetam juros, inflação e, consequentemente, os investimentos.
Hulisses Dias menciona o payback, indicador que mede o prazo necessário para recuperar o valor investido inicialmente, o que faz dele uma ferramenta útil para avaliar o retorno de determinados projetos ou ativos.
Por fim, o economista Leandro Martins conclui com uma dica geral: “Comece com indicadores simples e aumente sua análise conforme ganhar experiência. Acompanhar o mercado financeiro e tomar decisões informadas exige paciência, consistência e aprendizado contínuo. Comece com o básico, mantenha uma postura cautelosa e, acima de tudo, invista em educação para evitar erros comuns e garantir o sucesso no longo prazo”.
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