Como começar a investir em ações? Veja dicas dos gestores da Constellation e Real Investor
Analisar bem as empresas antes de comprar suas ações e avaliar o preço é o ponto crucial para Cesar Paiva e Florian Bartunek
“Investir em ações é simples, a gente que complica”. Assim Cesar Paiva, sócio fundador da gestora Real Investor, iniciou sua primeira fala durante o AGF Day, evento que acontece em São Paulo nesta quarta-feira (30). “Basta comprar uma boa empresa num bom preço”, disse. A partir daí, no entanto, começam as complexidades. Ao longo do painel, Cesar Paiva e Florian Bartunek, fundador da Constellation, deram dicas aos investidores que querem começar a alocar em ações, ou que querem aprofundar seus conhecimentos.
Na ideia de comprar ações de boas empresas a um bom preço, Paiva traz a primeira dificuldade: “geralmente, as pessoas sabem quais são as boas empresas, e elas estão bem precificadas, o que não é uma boa oportunidade de investimento”. Ou seja: uma boa empresa e um bom investimento são coisas diferentes. Afinal, se o preço da ação está alto, há pouco espaço para ganho no longo prazo – e pouca margem de segurança nesse investimento. “Do outro lado, muitas vezes uma empresa está barata porque é ruim, então não necessariamente empresa barata é boa”, afirmou.
Portanto, para escolher as ações em que investir, é preciso ter conhecimento sobre a empresa para entender se ela é de qualidade e tem perspectiva de crescimento ou não. Para os investidores pessoa física, Florian Bartunek sugere começar a análise em setores que sejam do dia a dia e do conhecimento do investidor. Ele deu como exemplo um médico, para quem pode ser mais fácil analisar empresas de saúde do que empresas financeiras. “Mais fácil é começar por onde você conhece, e começar aos poucos”, diz.
Paiva também concorda que um bom começo é pelo círculo de competência do investidor. Escolhido o setor, ele sugere então separar as empresas em dois grupos: aquelas das quais você gostaria de ser sócio e aquelas das quais não gostaria. Entre o primeiro grupo, avalie quais companhias estão em um bom momento e em um preço atrativo, ou seja, “abaixo do que acha ser o valor justo” daquela empresa. O segredo, diz Paiva, é “comprar algo que seja bom, que vá crescer ao longo do tempo, por um preço atrativo”.
Modelo de investimento e estratégia
Além de escolher os setores de seu conhecimento e analisar bem as empresas antes de investir, Bartunek lembrou da importância de seguir um modelo de investimentos. “Gosto muito do modelo que vocês [AGF] usam. Você tem que ter um modelo, senão fica perdido, mistura empresa de crescimento com value, curto prazo e longo prazo”.
A AGF defende investir em empresas perenes, sólidas e que pagam dividendos relevantes aos acionistas. Para isso, o método sugere priorizar cinco setores: bancos, energia, saneamento, seguros e telecomunicações – o que ficou conhecido pelo acrônimo BESST.
“Se a empresa paga bons dividendos, é porque tem capacidade de gerar caixa, e está retornando o dinheiro para você”, comentou Bartunek. “E o dividendo é líquido de imposto, algo que as pessoas esquecem e faz diferença”. Por isso, ele concordou que usar o pagamento de dividendos é um bom filtro inicial. A partir daí, o investidor tem uma lista das empresas em que pode se debruçar e analisar antes de investir.
Paiva também afirmou que o dividendo é um fator relevante para avaliar as empresas, mas lembrou que é importante olhar “com lupa” esse número. “Pode ser que uma empresa tenha dividendo alto porque não tem um projeto interessante para reinvestir, então essa empresa não vai ter boa valorização no futuro”, disse. “Ou é um dividendo extraordinário que não vai se repetir”.
É um bom momento para investir em ações?
Com o elevado nível de juros, Louise Barsi, sócia do AGF, questionou qual a perspectiva dos gestores para o investimento em renda variável. “Bons fundos e bons modelos de investimento batem CDI e a bolsa [Ibovespa]. Quando você foca no longo prazo, e escolhe boas companhias, tem um bom resultado”, resumiu Bartunek. “A gente está num momento de juro alto, as pessoas estão desanimadas e poucas estão investindo na bolsa. Mas eu sou otimista, acho que é momento bom”.
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