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Conheça as tendências para a gestão de investimentos no Brasil (e saiba o que isso pode ter a ver com você)

Em meio a discussões sobre modelo de assessoria de investimentos fee ou comission based, especialistas

No atual cenário do mercado financeiro brasileiro e com novidades na regulação, a discussão sobre o melhor modelo de assessoria de investimentos se intensifica. Mas para alguns especialistas, o modelo de remuneração dos assessores – baseado em comissões (comission based) ou em uma taxa fixa (fee based) – é o que menos importa. O que realmente vai ditar a escolha dos investidores é o serviço recebido. Isso foi tema de discussão em um painel sobre as tendências para o mercado de wealth management durante evento organizado pela fintech Gorila, nesta quarta-feira (23/04).

Na conversa, Bruno Balista, sócio e Head de Assessoria e Relacionamento com Clientes da XP, e Guilherme Assis, cofundador e CEO do Gorila, abordaram a evolução da indústria e a importância do serviço prestado aos investidores.

Contexto: o que mudou no mercado de assessoria?

Em novembro de 2024, passou a valer a norma 179 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que visa dar mais transparência à relação entre investidores e assessores de investimento no Brasil. A partir de agora, os assessores de investimentos são obrigados a divulgar a seus clientes quais as taxas de remuneração e comissões recebidas pela recomendação de produtos financeiros. Além disso, as instituições precisarão enviar um relatório trimestral com os detalhes de quanto receberam com os investimentos do cliente, com a remuneração dos assessores e as comissões da instituição.

Com a regra nova, muitos no mercado acreditam em uma mudança relevante no modelo de assessoria ou consultoria de investimentos. Hoje, o modelo principal adotado no Brasil é o chamado comission based, em que os assessores recebem um valor a depender do produto de investimento oferecido pelo cliente. Em contrapartida, há quem acredite que a nova regulação pode ser um incentivo ao modelo conhecido como fee based, em que o cliente paga uma taxa fixa ao assessor com base no patrimônio gerido, independente do produto financeiro oferecido.

Personalização e serviço de qualidade são diferenciais na gestão, independente do modelo de remuneração

Para Bruno Balista, o Brasil vive um momento propício para o desenvolvimento da assessoria de investimentos. “Estamos no melhor momento para essa agenda. Nos mercados mais maduros, a maior parte da riqueza nacional é investida por consultores e assessores independentes, é razoável acreditar que no Brasil vamos ver algo semelhante”, afirmou.

Outro motivo de otimismo para ele é o próprio desenvolvimento do mercado local. “Foram criadas mais de mil empresas da consultoria desde 2018. O número de assessores cresce dois dígitos por ano, o de consultores chega a crescer 3 dígitos em alguns anos”, exemplificou. Para Balista, a tecnologia tem sido um aliado importante, proporcionando agilidade e disponibilidade as profissionais, que podem assim entregar um serviço melhor e mais personalizado aos clientes e investidores.

Guilherme Assis usou a trajetória da própria fintech como exemplo. “A Gorila começou em 2016, e nesse período a gente viu muita coisa acontecer nessa indústria de distribuição de investimentos, com o amadurecimento regulatório e o próprio framework do open finance, o amadurecimento tecnológico, que casa com outros fatores para permitir a criação de modelos de negócio emergentes que conseguem escalar atendimento para cliente menor”, disse.

Ele mencionou que a hiperpersonalização, antes restrita a family offices, agora começa a ser oferecida a investidores com patrimônio a partir de R$ 300 mil. “O foco no serviço e na experiência que você consegue entregar é o que realmente importa”, afirmou Assis.

A coexistência de modelos de remuneração, como o fee based e o commission based, foi um dos pontos centrais da discussão. Para os especialistas,os dois modelos de remuneração devem coexistir – e quem vai escolher entre eles é o cliente. “Os modelos de comissão e de fee based vão coexistir, quem escolhe é o investidor, e vai ter gente que vai preferir comissão e vai ter gente que vai preferir fee. O que acontece no Brasil é que adesão ao fee based ainda é baixa, devemos ver um catch up (aumento). Mas no fim do dia, é o cliente que vai escolher, e quanto mais educação tiver, essa escolha vai ser mais alinhada aos interesses dele”, disse Guilherme Assis.

“Somos agnósticos com relação a qual modelo de cobrança vai ser adotado. A decisão soberana é sempre do cliente final. O formato de assessoria é menos relevante e tampouco o formato de remuneração, o que importa é o valor que se entrega para o cliente”, completou Balista.

Jayme Carvalho, cofundador da Super Rico e mediador do painel, questionou como trazer mais poupadores para o mercado de investimentos. Assis respondeu que a educação continua sendo o caminho mais eficaz. “É preciso não apenas levar conhecimento, mas também entregar uma experiência que facilite o acesso ao mercado e ajude o cliente a entender o que acontece com seu dinheiro”.

+ 5 perguntas a fazer para seu assessor de investimentos antes de aceitar uma recomendação

A complexidade do mercado financeiro, com o aumento do número de ativos, porém, é um desafio. “O número de ativos explodiu, isso complica um pouco o entendimento do mercado. Simplificar ajuda o cliente, ele está buscando um nível de serviço de qualidade, um bom retorno depois de imposto, ele quer entender o que está acontecendo nas finanças dele. Diversificação de produtos com simplificação da experiência e personalização disso para cada um é o diferencial”, disse Guilherme.

Por fim, Balista lembrou que o processo de investimento vai além de simplesmente alocar recursos em busca de retorno. “É sobre a riqueza que foi construída e o aspecto emocional de lidar com retornos negativos”, reforçando o papel crucial do consultor de investimentos em guiar os clientes através desses desafios.

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