Dia do café: saiba como a commodity se tornou investimento
Comemorado em 14 de abril, o Dia Mundial do Café celebra o fruto que fez e faz parte da história do Brasil
Todo ano, em 14 de abril, os amantes de uma das bebidas mais populares do mundo têm um motivo a mais para tomar aquele cafezinho, já que é celebrado o Dia Mundial do Café. Parte importante da rotina de brasileiros, seja de manhã ou após o almoço, o fruto tem ligação direta com a economia brasileira, e por consequência, com história da bolsa de valores.
O café no Brasil
O café desempenhou papel central na história econômica e social do Brasil. Introduzido em 1727, tornou-se, durante o século XIX, o principal produto de exportação do país, respondendo por mais de 60% das exportações nacionais.
“Esse ciclo cafeeiro impulsionou o desenvolvimento de infraestrutura, como ferrovias, e fomentou a urbanização e industrialização, especialmente nas regiões Sudeste e Sul”, aponta Marcos Piellusch, professor da FIA Business School.
A importância foi tanta que não se limitou à economia. O período entre 1889 e 1932 ficou conhecido no Brasil como República Café com Leite, marcado pelo revezamento entre presidentes naturais de São Paulo (onde se produzia café) e Minas Gerais (onde era produzido leite).
Atualmente, o Brasil mantém sua posição de destaque como maior produtor e exportador mundial de café, e é responsável por aproximadamente um terço da produção global. Além disso, é o segundo maior consumidor da bebida no mundo.
“O setor cafeeiro continua sendo uma importante fonte de divisas para o país, contribuindo significativamente para a economia nacional”, destaca Piellusch.
O café como investimento
Segundo o professor da FIA Business School, o café não demorou a se tornar um ativo de investimento, principalmente devido à sua relevância econômica e à necessidade de mecanismos para mitigar os riscos associados à sua produção e comercialização.
A negociação de café no Brasil teve início formal com a criação da Bolsa Oficial de Café, em Santos, em 1917. Inicialmente, as transações ocorriam em uma sala alugada, mas, devido ao crescimento do mercado, foi construído um edifício próprio, inaugurado em 1922, que hoje abriga o Museu do Café.
Com o tempo, as negociações de café se expandiram para outras bolsas, como a Bolsa de Mercadorias de São Paulo (BMSP), criada em 1917, e posteriormente a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), em 1985.
“Essas instituições permitiram a negociação de contratos futuros de café, oferecendo aos produtores e investidores mecanismos para proteção contra a volatilidade dos preços”, conta Marcos Piellusch.
Em 2008, ocorreu a fusão entre a BM&F e a Bovespa, que levou à criação da BM&FBOVESPA, que, em 2017, tornou-se a B3. Atualmente, a B3 oferece contratos futuros e opções de café arábica, permitindo que investidores se exponham ao mercado cafeeiro brasileiro.
“A importância do café na balança comercial brasileira e sua influência na economia motivaram o desenvolvimento de políticas públicas e instituições voltadas para a regulação e valorização do produto, consolidando-o como um ativo estratégico para investimentos”, ressalta o professor.
Como investir em café
O café é uma commodity negociada em bolsas de valores internacionais, como a Intercontinental Exchange (ICE) e a B3, no Brasil. Investir em café permite diversificação de portfólio e potencial de retorno, especialmente em períodos de alta demanda e oferta limitada.
“Com o avanço da tecnologia e a popularização das plataformas de investimento, o acesso ao mercado de café tornou-se mais democrático, permitindo que investidores de diferentes perfis participem desse segmento, seja por meio de contratos futuros, fundos de investimento ou ETFs relacionados ao café”, afirma Piellusch.
Contratos Futuros
Investidores podem negociar contratos futuros de café arábica na B3. Cada contrato representa 100 sacas de 60 kg. O código do contrato futuro do ativo na B3 é ICF.
ETFs e Fundos de Commodities
Outra opção é investir em ETFs (fundos de índices) que investem em café, ou fundos de investimento atrelados a commodities e, por consequência, ao grão.
Commodities via opções
Para investidores avançados, há também a possibilidade de operar opções sobre contratos futuros de café, alavancando investimentos e protegendo-se contra oscilações bruscas no preço da commodity.
Benefícios e riscos
Como todo investimento, investir em café oferece benefícios e riscos que devem ser bem avaliados por investidores. Do lado positivo, Piellusch destaca a diversificação de portfólio, exposição a uma commodity globalmente demandada e oportunidades de ganhos em períodos de alta nos preços. “Além disso, os contratos futuros de café proporcionam liquidez e possibilidade de alavancagem”.
No entanto, segundo ele também existem riscos significativos, incluindo a alta volatilidade dos preços, influenciada por fatores climáticos, variações cambiais, políticas comerciais e mudanças na demanda global. “Além disso, o mercado de café pode ser afetado por questões logísticas e regulatórias, exigindo que investidores estejam atentos às dinâmicas do setor e adotem estratégias de gestão de risco adequadas”.
“Independentemente da estratégia escolhida, é fundamental que o investidor compreenda os riscos associados ao mercado de commodities e busque orientação profissional antes de investir”, completa o professor da FIA.
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