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O que era possível comprar com R$ 100 há 20 anos?

Inflação 'corrói' poder de compra dos brasileiros e é sentida na hora das compras

Nos últimos anos, os brasileiros têm sentido no bolso os efeitos da perda do poder de compra, que na prática é a diminuição do que se consegue comprar com uma mesma quantia de dinheiro. Isso é uma a inflação, ou seja, o aumento do valor dos produtos, sejam bens ou serviços.   

Nos últimos 20 anos – desde 2005 – a inflação medida pelo IPCA acumulou alta de 196,28%. Isso significa que R$ 100 em 2005 equivalem a cerca de R$ 296 em 2025. No inverso, os R$ 100 de hoje comprariam o equivalente a R$ 33,80 de 20 anos atrás.  

Nesse mesmo período, segundo levantamento da Rico, o salário-mínimo passou de R$ 300 para R$ 1.518, um aumento nominal de 406%. Corrigido pela inflação, isso representa um ganho real de aproximadamente 71%. Ainda assim, a percepção comum é de que “tudo está mais caro”. 

Coisas estão muito mais caras? 

A sensação de que está tudo muito mais caro tem explicação, segundo Maria Giulia Figueiredo, analista de research da Rico. Isso ocorre porque a inflação não atinge todos os itens igualmente, aponta ela. Alimentos, transporte e serviços essenciais tiveram alta acima da média, pesando de forma desproporcional no orçamento das famílias.

“Além disso, novos gastos se tornaram parte da rotina, como assinaturas digitais e serviços de streaming, que não existiam há duas décadas e hoje competem com despesas básicas. Por fim, fatores como crises econômicas, oscilações cambiais e oferta e demanda também podem impactar na alta de preços em determinados períodos”, destaca a analista.  

Por isso, mesmo diante de ganhos reais no salário-mínimo, muitos sentem que o dinheiro não rende. “O ponto central é que a inflação corrói silenciosamente a equivalência do dinheiro ao longo do tempo, e a mudança nos hábitos de consumo amplia essa percepção”, pontua Figueiredo.  

Quanto custava comprar uma cesta básica: 2005 x 2025 

Em dezembro de 2005, a cesta básica em São Paulo custava R$ 183,43, segundo o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Já em 2025, de acordo com o IBGE, a cesta básica no estado custa em média R$ 851,82. 

A diferença entre os dois valores representa um aumento de 364,38%, quase o dobro da inflação (196%) e perto dos 406% do salário-mínimo.  

Outra comparação que podemos fazer é com o preço do gás de cozinha, que custava R$ 30 em 2005, e subiu 333% em 20 anos, custando R$ 130 em média atualmente.  

Como preservar o valor do dinheiro?

De acordo com Paulo Feldmann, professor da FIA Business School, nos anos 70, 80 e 90, o método mais utilizado para preservar o poder de compra do dinheiro era comprar dólar. No entanto, isso hoje não é mais visto como a melhor forma de investir. “Existe uma série de alternativas que permitem proteger as nossas aplicações, os valores que temos e o que devemos fazer”. 

Para o professor, não faltam alternativas atualmente que possam fazer o dinheiro manter seu valor no tempo, sem deixar a inflação o corroer. Para isso, há diversos investimentos de renda fixa, principalmente indexados ao IPCA, que fazem o dinheiro render acima da inflação oficial do país.  

Quais investimentos protegem contra a inflação? 

Títulos públicos atrelados ao IPCA (Tesouro IPCA+, também chamado de Tesouro NTN-B): Esses títulos oferecem um rendimento baseado em uma taxa fixa mais a variação do IPCA. Isso significa que haverá um retorno de X%, mais a inflação, o que garante um retorno real. 

Fundos de inflação: É um tipo de fundo de renda fixa que combina diversos títulos públicos e privados com rentabilidade indexada ao IPCA – ou seja, rendem a inflação e mais uma taxa prefixada. 

Ativos em moeda estrangeira: Investir em ativos atrelados a moedas estrangeiras, como o dólar, pode ser uma forma eficaz de proteger os investimentos contra a inflação brasileira. 

Fundos Multimercados: Esses fundos podem investir em uma ampla variedade de ativos, incluindo renda fixa, ações e moedas estrangeiras. 

Outros investimentos como ações de empresas sólidas, Fundos Imobiliários (FIIs), e outras podem render acima da inflação, mas como são de renda variável, o desempenho não é garantido por uma taxa exata. 

Como FIIs podem ajudar a proteger seu patrimônio da inflação?

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