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Quando a taxa do CDB é demais, o santo desconfia; veja os cuidados a tomar

Investidor deve investigar o perfil das instituições emissoras de CDBs, LCAs e LCIs

A alta na taxa básica (Selic) e as indicações do Banco Central de que continuará subindo os juros vêm atraindo ainda mais recursos para títulos de renda fixa emitidos por instituições financeiras, como CDBs (Certificados de Depósitos Bancários), LCAs (Letras de Créditos Agrícolas) e LCIs (Letras de Crédito Imobiliário).

Especialistas em investimentos alertam, porém, que este é o momento para redobrar os cuidados com papeis que pagam retornos muito acima da média do mercado, investigando o perfil dos bancos emissores e avaliando sua capacidade de pagamento.

“Há títulos prefixados pagando hoje acima de 15%. Não tem como um banco ter as contas em dia e emitir papeis com taxas tão atraentes”, aponta Lucas Taxweiller, senior investment advisor da Warren Investimentos.

Confira abaixo as principais dicas para selecionar os melhores papeis, equilibrando retorno e risco.

Cuidados importantes ao adquirir CDBs, LCAs e LCIs

Gustavo Faria, gestor de recursos do Grupo Fractal, afirma que há algumas regras na hora de selecionar essas aplicações.

“Antes de investir, é essencial entender mais sobre o perfil das instituições emissoras, os mecanismos de segurança disponíveis, como o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), e as condições oferecidas por instituições que oferecem percentuais elevados”, aponta.

O FGC é uma instituição privada, sem fins lucrativos, que garante até R$ 250 mil por CPF e por banco em caso de não pagamento ao investidor. Os CDBs, LCAs e LCIs possuem essa garantia, mas isso não elimina todos os riscos.

“Caso a instituição venha a falir, o FGC assegura o pagamento, mas o processo de recebimento do valor pode demorar de algumas semanas a vários meses, conforme a complexidade do caso e do processo de liquidação da instituição”, lembra. “Essa possibilidade deve ser levada em consideração, especialmente para investidores que podem precisar de liquidez imediata.”

Taxweiller, da Warren, também aponta a necessidade de sempre se investir dentro do limite do FGC, mas reforça que os cuidados devem ir além disso. “É melhor evitar bancos que oferecem taxas extravagantes, para evitar dor de cabeça”.

Os especialistas lembram que há títulos que oferecem taxas acima de 200% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), e que exigem uma atenção redobrada do investidor.

“Instituições que oferecem esses percentuais costumam ter prazos mais curtos, o que reduz o tempo de exposição ao risco, mas também indica, frequentemente, uma necessidade urgente de captação”, lembra Faria. “Avaliar se o nível de retorno justifica o risco envolvido é fundamental. Embora as taxas possam ser tentadoras, vale considerar que uma maior rentabilidade geralmente acompanha um risco proporcional.”

Ele considera que essas aplicações até podem ser uma oportunidade para diversificar a carteira, desde que o investidor entenda o perfil do banco emissor e a sua própria tolerância ao risco.

“A proteção do FGC oferece segurança adicional, mas uma análise consciente e ponderada do emissor, dos prazos e do cenário econômico é o que permitirá fazer escolhas mais informadas e adequadas ao perfil de cada investidor.”

Avaliando o perfil do banco emissor de CDBs, LCAs e LCIs

Evitar dor de cabeça no futuro passa pela avaliação do perfil da instituição financeira que emitiu o título de renda fixa. “Bancos menores, que costumam oferecer taxas mais altas, estão frequentemente em busca de capital e podem apresentar maiores riscos de crédito”, lembra o gestor.

Por isso, aponta ele, o ideal é pesquisar sobre a saúde financeira da instituição em questão, analisando informações como sua reputação no mercado e índices como Basileia e de imobilização.

O índice de Basileia é um indicador internacional que tem como objetivo mostrar a saúde financeira de um banco. De forma simplificada, ele mede quanto a instituição financeira tem de patrimônio em relação ao seu volume de empréstimos.

“Avaliar indicadores de solvência sempre é muito importante”, afirma Taxweiller.

Se o índice de Basileia de um banco é de 15%, por exemplo, isso quer dizer que, a cada R$ 100 emprestados, R$ 15 são em recursos próprios, e o restante é de terceiros.

No Brasil, o índice mínimo necessário, estabelecido pelo Banco Central para evitar que as instituições financeiras se alavanquem de forma excessiva, é de 11%.

Este é o percentual mínimo, mas é importante lembrar que, quanto maior o patrimônio do banco em relação aos recursos emprestados, mais seguro ele é para o tomador.

Também é interessante olhar o índice de imobilização, que mede quanto o banco tem de capital próprio investido em ativos de baixa liquidez, como imóveis. Quanto maior esse índice, pior, já que a instituição financeira levará mais tempo para honrar com suas obrigações financeiras em caso de calote.

Para pesquisar o índice de Basileia e de imobilização dos bancos, é possível olhar nesse link do site do Banco Central, selecionando “Conglomerados prudenciais” como instituição e “Resumo” como relatório.

Entenda as características de CDBs, LCAs e LCIs

Especialistas lembram ainda que é importante entender a característica de cada papel, e entender qual o mais indicado para compor a sua carteira – diversificação também é a palavra-chave aqui.

Os CDBs são títulos de dívida emitidos pelas instituições financeiras. Quando compra esse papel, você está emprestando dinheiro ao banco, e sendo remunerado por isso.

Os CDBs podem ser prefixados (os juros são definidos no momento da aplicação e não mudam até o resgate), atrelados à inflação e pós-fixados (quando acompanham o CDI, que é a referência das aplicações de renda fixa). A tributação segue a tabela regressiva do Imposto de renda (22,5% até 180 dias; depois disso há redução até chegar em 15% para dois anos ou mais).

Já as LCAs (Letras de Crédito de Agronegócios) e LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) também são emitidas pelos bancos, mas lastreadas em empréstimos a produtores rurais ou cooperativas ou, no segundo caso, em crédito imobiliário.

São papeis de menor liquidez e possuem um período mínimo de carência, de 9 meses para as LCAs e de 12 meses para as LCIs. Sua grande vantagem é que são isentos de Imposto de Renda.

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