Selic parou de subir? Onde investir com a taxa em 14,75% ao ano
Para alocadores, títulos de renda fixa atrelados à inflação oferecem oportunidades
O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou nesta quarta-feira (07/05) um novo aumento de 0,50 ponto porcentual na Selic, que alcançou o patamar de 14,75% ao ano, o maior nível desde 2006. O aumento, no entanto, foi menor do que os anteriores. Além disso, o comunicado publicado ao fim da reunião deixou abertas as possibilidades para o próximo encontro. Isso trouxe para o mercado a percepção de que o comitê encerrou – ou está perto de encerrar – o ciclo de aperto monetário. O Bora Investir conversou com especialistas em alocação para entender quais as oportunidades de investimentos no cenário atual.
“Na nossa visão, não haverá mais altas na Selic, porque o Copom já incorporou o risco recessivo ou desinflacionário no cenário global”, diz Eric Hatisuka, diretor de Investimentos do Mirabaud Family Office Brasil. “Se continuar como está, entendemos que cortes de juros podem começar ainda este ano, no último trimestre”.
Julio Ortiz, sócio-fundador da CX3, tem uma visão levemente diferente: espera mais uma alta de 0,25 ponto porcentual, com a Selic chegando ao pico de 15% ao ano nesse ciclo de aperto. “Acredito que 15% é o teto, o que já é positivo, pois há um mês atrás, a projeção era de 16,25%. Já temos uma vitória, a política monetária está fazendo seu papel” completa.
A decisão de alocação frente ao cenário, no entanto, é bastante similar. Ambos sugerem uma posição maior em títulos de renda fixa atrelados à inflação.
“Devido aos juros altos, desde o quarto trimestre do ano passado, cortamos bastante [a posição em ativos de] risco das carteiras, reduzindo a exposição a bolsa e multimercado em prol de NTN-B [Tesouro IPCA+]”, diz Hatisuka. A mudança recente nas carteiras, dada a proximidade do fim do ciclo de aperto monetário, foi o alongamento dos vencimentos desses títulos. “Passamos a trabalhar com vencimentos até 2030, aproveitando o prêmio da queda de juros. Antes, estávamos focados em vencimentos até 2028”, diz.
Na mesma linha, a CX3, que desde o ano passado priorizava os títulos pós-fixados, também vê agora mais oportunidades em alocar nos títulos atrelados à inflação. “Vendo o teto [da Selic] em 15%, não mais em 16%, já é possível pensar que NTN-Bs começam a ser mais atrativas”, diz Ortiz.
Títulos bancários e de crédito privado
Além dos títulos públicos, Hatisuka diz que a Mirabaud busca alocações em títulos bancários com boa avaliação de crédito, considerados os mais seguros – no entanto, a oferta nesse caso é baixa. “Na parte de crédito, trabalhamos com debêntures incentivadas, CRIs e CRAs, sendo bastante seletivos”, diz.
Essa cautela vem não de uma preocupação aumentada com possíveis calotes dos emissores, mas dos rendimentos desses títulos. “Não vemos risco imediato em um emissor ou setor específico. O que nos mantém seletivos é o prêmio muito baixo, que não compensam o risco de crédito ou de liquidez. O CDI está bastante alto. Não faz sentido, deve haver um ganho equilibrado ao risco”, explica.
Vale investir em renda variável?
Para Julio Ortiz, além das oportunidades na renda fixa, o momento também pode ser oferecer uma boa entrada para a renda variável. “O mercado de ações sofreu no ano passado por problemas intrínsecos do Brasil, mas o mundo também enfrentou dificuldades devido a uma bolsa americana virtuosa. O mercado americano suga recursos do resto do mundo, o que resulta em falta de dinheiro para renda variável em outros locais”, diz.
“Agora, com a bolsa americana menos atrativa, começa a haver um fluxo de saída, com investidores procurando novos mercados, e esse fluxo deve continuar. Estamos animados com a bolsa, pois está barata e deve haver fluxo de capital”, complementa.
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