Succession chega ao fim: 5 lições que tiramos das 4 temporadas
A aclamada série Succession da HBO chega ao fim neste domingo e, mais do que entretenimento, o seriado oferece diversas lições sobre economia, negócios, finanças e mercado
Por Guilherme Naldis
Sucesso de crítica e público, o seriado Succession, da HBO, chegou ao fim em maio de 2023. Com suas personagens complexas e uma trama eletrizante, a história conquistou fãs dentro e fora do mercado financeiro que puderam aprender, e muito, sobre relações familiares, o mundo corporativo, poder e, por que não, finanças.
A tragédia se situa nos bastidores da gigante multinacional da comunicação Waystar Royco. Apesar de ser uma empresa de capital aberto com atuação global, a companhia é um negócio familiar, cujos acionistas majoritários são os ricaços Roy — e há uma disputa entre os herdeiros do império.
Succession: o que a série da HBO ensina sobre o papel dos acionistas
Durante os episódios, os irmãos Kendall (Jeremy Strong), Siobhan (Sarah Snook) e Roman (Kieran Culkin) tramam, traem e se aliam pela sucessão da presidência da firma, liderada pelo pai Logan Roy (Brian Cox).
Cada personagem tem sua base de fãs que querem vê-la vencendo a corrida pelo título de CEO do grupo de mídia. Alguns são do time dos irmãos sacanas, enquanto outros preferem os executivos ambiciosos. E há, também, espectadores que são avessos ao mau caráter dos concorrentes. Eles esperam que a empresa entre em falência e todos os protagonistas sejam presos por crimes corporativos.
Veja abaixo as principais lições da série sobre economia e finanças ao longo de suas quatro temporadas:
1. Os dados podem ser maquiados. A reação do mercado, não
Os filhos de Logan Roy topam tudo para agradar o pai e sair na frente na competição pela sucessão. Estão dispostos, até mesmo, a passar a perna nos investidores.
Não vamos dar spoilers aqui, é claro. Mas, se você está acompanhando o seriado e está aguardando o final, já deve ter visto a prática conhecida como maquiagem de dados. Ela acontece quando, diante de um balanço com resultados ruins, os executivos responsáveis alteram o valor das informações para parecerem “melhores”.
O problema é que uma planilha é uma coisa, e a realidade é outra. Na ausência de provas mais concretas, o mercado financeiro pode reagir bem a um balanço positivo à primeira vista. Contudo, quem olhar para a empresa com mais atenção vai observar fragilidades, que logo viram inconsistência e, por fim, indícios de fraude. E, aí, as ações despencam.
2. Executivos são pessoas, mas fazem preço
A morte de uma das personagens centrais da trama faz a cotação das ações da empresa mergulharem. No caso fictício, um dos fundadores da companhia faleceu e o valor de mercado do grupo caiu mais de 20%.
Na vida real, casos semelhantes já aconteceram. Isso porque, às vistas do mercado, um fundador de uma empreitada que deu certo é uma pessoa que merece confiança pelo seu trabalho. Na sua ausência, a gerência da empresa fica em xeque.
Casos como o da morte de Steve Jobs, em 2011, fez as ações da Apple cederem no pregão e as da sua principal concorrente à época, a Samsung, terem forte alta.
3. M&As movem o mercado, não só em Succession
Um tema recorrente na série é a venda da Waystar Royco. Mais de uma vez em Succession, o império esteve mal das pernas e uma concorrente se ofereceu para assumir a dívida. Como condição, a família controladora perderia poder sobre o negócio.
Este tipo de transação é classificada como M&A, acrônimo de Merge and Acquisition ou, em português, Fusão e Aquisição. Ao realizá-las, empresas se unem e se fortalecem, enquanto outras deixam de existir.
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4. Empresas familiares têm prós e contras
A dinastia de Logan Roy se orgulhou pela expansão constante dos negócios condicionada ao núcleo familiar em posições de comando. O problema é que, quando o cenário macroeconômico mudou e as preferências dos consumidores mudaram, a firma passou por problemas de adaptação.
Com a crise, a família controladora também se desgastou e a questão central emergiu: quem assumirá a presidência da empresa após a morte de seu fundador?
Jayme Carvalho, economista da SuperRico, explica que o fato de um líder familiar ter sido fantástico em um momento de expansão da empresa não significa que os seus sucessores farão o mesmo. “Muitas empresas estão vinculadas ao nome de um fundador, mas a busca pela profissionalização é o que vai permitir a perpetuação do negócio”, diz.
5. Bons conselhos são, sempre, independentes
Grande parte das tensões de Succession são entre os conselheiros da empresa e os acionistas. Normalmente, seus interesses se opõem e os três irmãos tentam convencê-los.
Em todos os casos, os interesses pessoais falam mais alto e a série conquista o público com um dos seus maiores trunfos: a surpresa constante. Mas, na vida real, é importante saber quem é quem dentro de um conselho administrativo das empresas em que se investe. Isso porque o dever do conselho é representar os acionistas.
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