Black Friday: quais os principais golpes e cuidados a tomar na hora da compra
Com tantas promoções, é essencial estar atento para o desconto na Black Friday não terminar em prejuízo
Diferentemente de datas comemorativas como o Dia das Mães, o Dia das Crianças ou o Natal, quando os criminosos exploram a emoção e a vulnerabilidade das pessoas, a Black Friday é marcada principalmente por promoções, tanto em lojas físicas quanto virtuais.
Nesse período, a grande expectativa dos consumidores por descontos atrativos torna o ambiente propício para fraudes como o golpe da promoção com contagem regressiva, o golpe da indicação de novos clientes, o uso de celebridades falsas criadas com inteligência artificial e até o tradicional golpe da falsa central de atendimento.
Com anúncios e comunicações cada vez mais sofisticados, os fraudadores se aproveitam da pressa e da confiança das vítimas para obter dados pessoais e financeiros ou lucrar com compras que nunca são entregues.
Uma pesquisa do Instituto Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e divulgada em agosto deste ano, mostrou que, nos 12 meses anteriores ao levantamento, um em cada três brasileiros foi vítima de golpe financeiro — cerca de 56 milhões de pessoas — resultando em um prejuízo estimado de R$ 111,9 milhões.
“As fraudes financeiras evoluíram de ações isoladas para operações altamente estruturadas, que combinam engenharia social, inteligência artificial e técnicas avançadas de persuasão digital. Hoje, o crime cibernético atua com a mesma sofisticação das empresas legítimas — com planejamento, segmentação e uso intensivo de dados. Por isso, a melhor forma de enfrentamento é o fortalecimento da cultura de segurança, com educação digital contínua e cooperação entre instituições e cidadãos”, destaca Leandro Vilain, CEO da ABBC (Associação Brasileira de Bancos).
Quais os principais golpes na Black Friday
Para a Black Friday, a ABBC lista os golpes mais comuns em que a população deve ficar de olho.
Golpe da promoção com temporizador com contagem regressiva
Os consumidores devem ficar atentos a golpes que aparecem de diferentes formas: por e-mail, anúncios em redes sociais ou até mesmo notificações (“push”) de aplicativos. Uma tática comum é exibir um temporizador ao lado de uma oferta aparentemente irresistível.
Por exemplo, ao buscar um smartwatch que custa cerca de R$ 400, o usuário pode se deparar com uma promoção de 50% de desconto válida por apenas um minuto. Essa estratégia pressiona o consumidor a agir por impulso, explorando seu interesse prévio pelo produto.
Nesses casos, a ABBC recomenda desconfiar de ofertas que utilizem esse tipo de pressão e sempre buscar promoções em e-commerces confiáveis, digitando diretamente o endereço do site no navegador ou pelo aplicativo oficial baixado nas lojas da Apple Store ou Google Store.
Golpe da indicação de novos clientes
Nesse tipo de golpe, o mecanismo é parecido com o descrito anteriormente: uma oferta muito atraente, com desconto alto ou condições “boas demais para ser verdade”, mas que exige uma ação adicional do usuário. Aqui, a pressão vem da obrigação de indicar novos clientes.
Por exemplo, o consumidor encontra um conjunto de joias por R$ 200, mas a promoção só se tornaria válida se ele compartilhasse o link com cinco pessoas. Trata-se de um golpe de phishing (mensagem falsa em cadeia), que pode estar acompanhado de malware (vírus) capaz de roubar dados pessoais. Em muitos casos, os criminosos usam spoofing (falsificação de página ou rementente), criando páginas que imitam sites de grandes varejistas para enganar o consumidor e capturar informações sensíveis, causando prejuízos financeiros.
Aqui, a ABBC orienta a sempre digitar o endereço oficial da loja diretamente no navegador e desconfiar de promoções recebidas por e-mail, redes sociais ou aplicativos de mensagens. “Antes de concluir qualquer compra, verifique a URL na barra de endereços e certifique-se de que o site é legítimo – na dúvida, sempre acione os canais oficiais das lojas ou dos marketplaces”.
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Celebridades falsas com inteligência artificial
Esse tipo de golpe pode resultar em diferentes fraudes, como phishing, golpes no WhatsApp e outras variações. O ponto principal é que raramente celebridades reais anunciam promoções com grandes descontos em vídeos de redes sociais, especialmente quando não há menção nos canais oficiais da marca ou da própria personalidade.
Exemplo: o usuário navega no Instagram e se depara com um vídeo de um famoso anunciando uma promoção de um jogo virtual. Nesses casos, é possível que o vídeo tenha sido criado com inteligência artificial para simular a voz e a aparência da celebridade, conferindo falsa credibilidade à propaganda fraudulenta.
Por isso, é importante verificar se existem publicações oficiais nas redes sociais da marca ou do artista e denunciar o anúncio à plataforma sempre que houver suspeita de falsificação. Outra orientação é observar atentamente a sincronização entre a voz e a imagem do influenciador — qualquer descompasso pode indicar que o vídeo foi manipulado.
Um dos mais comuns: golpe da falsa central de atendimento
Nunca sai de moda, e com a incidência do período de compras tende a aumentar. Nele, criminosos entram em contato com consumidores se passando por funcionários de instituições financeiras ou operadoras de cartão de crédito. Eles alegam que houve uma tentativa de compra suspeita ou pedem a confirmação de dados bancários.
A partir dessas informações, os golpistas podem acessar contas, realizar transferências ou fazer compras com os dados dos cartões. Bancos jamais solicitam senhas, dados do cartão de crédito ou códigos de segurança por telefone, WhatsApp ou SMS. Qualquer contato suspeito deve ser ignorado, e o consumidor deve procurar o canal oficial da instituição.
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10 dicas na hora da compra na Black Friday
Para ajudar consumidores a evitar prejuízos, Joyce Lira, professora de Direito da Universidade Veiga de Almeida (UVA) e especialista em Direito do Consumidor, apontou dez recomendações essenciais para comprar com segurança.
- Verifique o domínio e a URL
- Procure pelo cadeado HTTPS
- Veja se o site contém selos de segurança
- Consulte o nome da loja no Reclame Aqui
- Pesquise o nome da loja nos sites dos Tribunais de Justiça
- Confira a idade do domínio com o Whois
- Use a ferramenta “Posso Confiar”
- Verifique se o site apresenta informações obrigatórias (CNPJ, razão social, endereço, telefone, e-mail ou formulário de contato)
- Examine a política de troca e devolução
- Cheque as formas de pagamento disponíveis
Além dos sites tradicionais de e-commerce, os marketplaces dentro de redes sociais, como Instagram e Facebook, também merecem atenção especial. A professora reforça que os melhores preços nem sempre traduzem um bom negócio e recomenda desconfiar de ofertas muito abaixo do mercado, conferir comentários e reclamações e verificar se há informações claras sobre produto, vendedor e condições de pagamento.
Ela também destaca que, ao negociar diretamente com pessoas físicas, os cuidados devem ser redobrados. “Dados pessoais devem ser compartilhados somente quando indispensáveis, e informações de cartão de crédito jamais devem ser informadas fora de sites verificados e seguros. O uso do cartão virtual é apontado como uma camada extra de proteção”.
Outro ponto fundamental é manter um registro completo de toda a transação: conversas, tratativas, comprovantes e capturas de tela com as especificações do produto. Esses documentos são essenciais caso seja necessário acionar o fornecedor ou recorrer à Justiça. Conforme lembra Lira, é importante que o fornecedor tenha liquidez. “Empresas estruturadas oferecem maior segurança jurídica em eventuais pedidos de indenização. De nada vale ganhar o processo e não levar”, completa.
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