Organizar as contas

Brasileiros têm em média 5,5 contas bancárias. Quais as vantagens e desvantagens?

Segundo pesquisa, 25% dos consumidores têm ao menos duas contas ativas em bancos distintos

O avanço tecnológico, as fintechs e a diversidade de opções estão levando o brasileiro a ter cada vez mais contas bancárias. Segundo a Pesquisa Panorama do Sistema Bancário Brasileiro, produzida pela Oliver Wyman, cada brasileiro tem, em média, 5,5 contas.

O estudo constatou que 25% dos consumidores têm ao menos duas contas ativas em bancos distintos, enquanto 21% dizem operar com 3 instituições financeiras, 13% relatam ter até 4 instituições e 18% já atuam com 5 bancos ou mais.

O levantamento ainda destaca que houve um aumento significativo, de aproximadamente 70%, na quantidade de contas registradas por CPF/CNPJ entre 2020 e 2023. Também houve aumento significativo da bancarização de indivíduos, que passou de 144 milhões de CPFs registrados no Cadastro de Clientes do Sistema Financeiro Nacional (SFN) para 194 milhões. 

Quantas contas bancárias devo ter?

Segundo Carlos Castro, CEO da SuperRico, a estratégia de ter várias contas bancárias vai depender muito de cada um, porém, sob o ponto de vista de planejamento financeiro, o ideal é ter contas com finalidades distintas.

“Não faz muito sentido ter mais de uma com a mesma finalidade. Então, quando se faz um planejamento numa visão de curto, médio e longo prazo, se pode trabalhar o conceito atribuindo cada uma de acordo com esses objetivos. Do ponto de vista de vantagens, você vai ter uma organização melhor”, afirma ele.

Simone Carvalho Santos, economista, CFP® e CEO do Grupo NanoCapital, diz que o ideal é ter entre duas e três contas bancárias, não mais do que isso. E também concorda quanto ao uso delas ser feito de forma distinta.

“A estratégia mais comum é ter um banco de maior relacionamento para as operações diárias, como pagamentos e transferências, e outra para investimentos, por exemplo. Se necessário, uma terceira pode atender necessidades mais específicas, como operações internacionais, mas dificilmente uma pessoa física precisará de mais contas do que isso”, aponta. 

Como se organizar ao usar mais de uma

Para o CEO da SuperRico, o uso das contas bancárias pode se dividir em uma estratégia de curto, médio e longo prazo. Para ele, essa divisão pode facilitar o entendimento e evitar que a pessoa se complique.

Ele aponta que, para o curto prazo, as pessoas deveriam ter uma conta corrente, em um banco que pode ser digital ou tradicional, com o objetivo de ter o controle dos pagamentos mensais. Enfim, o orçamento, fluxo de caixa, o dia a dia, são chamadas realmente contas de depósito à vista, em que a gente usa com a finalidade de fazer pagamentos. 

“O que é interessante com a profusão de bancos digitais é que, do ponto de vista de organização, a pessoa poderia ter uma conta digital mais barata para poder fazer o controle dos pagamentos do dia a dia, porque normalmente os bancos digitais oferecem de maneira integrada, uma forma mais fácil de você acompanhar o seu fluxo de caixa e até olhar para o seu orçamento. E uma conta de um banco tradicional com o objetivo mais de ter uma reserva financeira, a famosa reserva de emergência, colchão de segurança”, aponta.

Já para o médio e longo prazo, Castro destaca que o ideal é que a pessoa tenha uma conta de investimentos, que pode ser um cadastro em uma corretora, que pode ser de um grande banco ou uma plataforma independente. 

“O importante aqui é separar o que é dia a dia, curto prazo, do que é médio prazo e longo prazo. Quando eu falo médio prazo, podemos considerar aquele investimento que vai ficar para usar para projetos entre dois e cinco anos e longo prazo os investimentos acima de cinco anos”, explica. 

Ele ressalta que através das contas de investimentos e corretoras, você acessa uma diversidade de produtos que, se bem trabalhados em termos de carteira de ativos, facilitam olhar para o seu planejamento. Assim, você evita a tentação de resgatar seus investimentos de médio e longo prazo por causa de uma volatilidade pontual. “Até porque o seu curto prazo está bem estabelecido ali naquela conta que é do seu dia a dia”, afirma.

Para melhor uso, a CEO do Grupo NanoCapital sugere utilizar aplicativos para a gestão consolidada de todas as suas contas, o que pode ajudar a manter tudo sob controle. 

“Automatizar tantos pagamentos quanto possível, configurando débitos automáticos para contas recorrentes, também ajuda a evitar esquecimentos (e os juros decorrentes deles). De todo modo, é fundamental fazer revisões mensais para monitorar saldos e transações, garantindo que todas as contas estejam em ordem”, alerta.

Vantagens e desvantagens

Para quem é ‘time várias contas’

A economista ainda destaca que a principal vantagem de se ter mais contas é a diversificação de serviços, já que ter mais de uma conta permite acessar diferentes serviços bancários, como cartões de crédito e alternativas de investimento. 

A segurança também é um ponto importante citado por ela, afinal, em caso de problemas com o serviço, você ainda terá outras opções disponíveis. O acesso a diferentes programas de fidelidade também é um ponto positivo. 

Em relação aos riscos, Santos diz que temos que considerar os custos, uma vez que diferentes contas incorrem em tarifas e encargos bancários que podem se acumular, aumentando os custos totais.

“Gerenciar múltiplas contas pode ser complicado e levar a esquecimentos ou erros, por isso é importante limitar o número de serviços ativos”, destaca.

Por fim, ela aponta que a educação financeira é primordial, já que ter mais contas significa ter acesso a múltiplas linhas de crédito, o que aumenta o risco de endividamento, que já é alto entre os brasileiros. 

Para quem é ‘time uma conta só’

Do lado dos que escolhem ter apenas uma conta, a principal vantagem, segundo Santos, é a facilidade de controle financeiro, com todas as transações concentradas em um único lugar. 

“Isso leva a menos tarifas e encargos bancários para pagar. Quanto o banco oferece melhores condições e benefícios por ser um cliente fiel, isso também pode ser uma vantagem”, diz. 

Por outro lado, ela destaca que há o risco de ficar dependente daquele banco. “Se houver problemas com a conta, você pode ficar sem acesso aos seus recursos. Também por isso, você pode não ter acesso a todos os serviços ou benefícios que diferentes bancos oferecem. E em caso de fraude ou roubo, todos os seus recursos podem estar em risco”.

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