Café e carne irão ficar mais baratos ou mais caros com tarifas dos EUA?
Tarifas de 50% sobre exportações de carne e café brasileiros aos EUA começaram a valer em 6 de agosto
Nesta quarta-feira, 6 de agosto, entraram em vigor as tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros enviados aos Estados Unidos. Apesar das taxas não atingirem boa parte da pauta exportadora – há uma lista com quase 700 itens que ficaram de fora da cobrança – alguns produtos do dia a dia dos brasileiros, como café e carnes, serão afetados pelo tarifaço.
A medida, assinada na semana passada pelo presidente norte-americano Donald Trump, afeta 35,9% das mercadorias enviadas ao mercado estadunidense, o que representa 4% das exportações brasileiras.
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Como as tarifas afetam os preços do café e carnes
De acordo com José Carlos de Souza Filho, professor da FIA Business School, os EUA são o destino de 30% das exportações brasileiras de café e de 12% das vendas externas de carne. Essa dinâmica deve afetar os preços no Brasil e nos EUA.
“No caso do café, o impacto será imenso, pois os Estados Unidos são responsáveis por cerca de 30% das exportações brasileiras. Isto com certeza deverá elevar os preços do produto para os consumidores americanos. Estima-se que esta alta deverá ser de 40%”, afirma o professor.
No cenário interno, Souza Filho aponta que, como os processos são mais lentos, os efeitos devem ser mais leves.
Em relação ao mercado de proteína animal, o professor diz que os efeitos podem ser mais imediatos pelas características do produto e aumento da oferta. Assim, num primeiro momento, este excedente pode ser direcionado para o mercado interno, reduzindo os preços pelo aumento da oferta.
“Existe uma expectativa de que a China possa aumentar suas importações da carne bovina brasileira. Mas o país deve ter cuidado para não ‘trocar’ a dependência de um país para outro”, destaca o professor da FIA Business School.
Já no médio prazo, José Benevides Romano, sócio especialista em Agronegócio da boutique de investimentos Araújo Fontes, aponta que para ambos os produtos “certamente a produção se ajustará, a condição será normalizada e os preços voltarão a patamares mais altos”.
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Perspectivas
Segundo os especialistas, ainda há uma expectativa da inclusão desses itens nas exceções, assim como aconteceu com o suco de laranja brasileiro, que é altamente consumido pelos americanos e teve sua tarifa diminuída. Se isso não acontecer, no entanto, pode haver uma redução de investimentos no setor.
“Acredito que isso poderá acontecer também com o café e carnes, já que uma tarifa de 50% irá impactar nos preços finais desses produtos para os americanos”, ressalta Romano.
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