Como se organizar para economizar R$ 5 mil até o fim do ano
Rever seu orçamento, focar no objetivo e acompanhar a meta são dicas para cultivar o hábito de economizar dinheiro todos os meses
Chegamos na metade do ano, e esse pode ser um bom momento para rever as metas estabelecidas no início de 2025. Se um dos seus objetivos era organizar as finanças e economizar dinheiro, esse texto é para você. Com planejamento, disciplina e clareza do por que você quer guardar dinheiro, fica mais fácil alcançar a meta.
O Bora Investir conversou com os planejadores financeiros Jeff Patzlaff e Brenno Domingos para dar dicas de como chegar em dezembro com R$ 5 mil guardados.
Primeiro passo: entender seu dinheiro (e seus impulsos)
O primeiro passo, dizem os especialistas, não é escolher onde investir nem começar a cortar tudo que for supérfluo. É entender como você lida com o dinheiro hoje – na prática e emocionalmente.
“Para quem deseja juntar R$ 5 mil até o fim de 2025, o primeiro passo não é abrir uma planilha, mas sim olhar com sinceridade para seus hábitos, prioridades e emoções”, diz Jeff. Ou seja: comece pensando por que você quer guardar dinheiro. É para fazer uma viagem? Para aproveitar as festas no fim do ano? Ou você quer montar uma reserva de emergência para ter mais tranquilidade em 2026? Ter um objetivo claro ajuda no esforço de economizar.
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Depois disso, vem a parte dos cálculos. Para isso, valem planilhas, aplicativos ou até papel e caneta. “Liste todas as suas entradas, como salário, comissões, vale-refeição e qualquer outra fonte de renda disponível. Em seguida, anote todas as saídas: alimentação, aluguel, transporte, lazer, streamings, saúde e demais despesas”, orienta Brenno, sócio da GT Capital.
Com isso em mãos, pense em onde você pode economizar. Pode ser aquele streaming que não é muito usado, reduzir os pedidos de delivery ou até rever gastos maiores. Jeff reforça que esse processo precisa respeitar a realidade – não só financeira, mas emocional. “Muitas metas financeiras fracassam não pela matemática, mas pela falta de um plano que respeite a realidade da pessoa – tanto financeira quanto emocional. Guardar dinheiro sem prazer, sem propósito claro e sem espaço para o improviso gera uma armadilha comum: o famoso ‘eu mereço’, que acaba virando uma justificativa emocional para gastos por impulso.”
A meta cabe no seu bolso?
Com esse diagnóstico em mãos, vem a pergunta: a meta cabe no seu bolso? Para juntar R$ 5 mil até dezembro, quem começa em julho precisa guardar algo entre R$ 833 e R$ 1.000 por mês, dependendo do mês em que começar. Se isso for inviável, é melhor ajustar a meta ou o prazo do que insistir em algo que só vai gerar frustração. “Depois de entender sua situação financeira, o próximo passo é calcular se sua meta cabe no seu bolso”, diz Brenno. “Se não couber, será necessário cortar gastos ou ajustar a meta.”
Jeff concorda: “Uma meta se torna realista quando está alinhada com a renda e o estilo de vida atuais, e não compromete necessidades básicas ou o equilíbrio emocional da pessoa.” E completa: “A motivação não nasce da meta em si, mas da clareza de propósito e da confiança que você constrói ao cumprir pequenos passos.”
Dá para guardar dinheiro mesmo com dívidas?
Outro ponto que gera dúvida é: vale guardar dinheiro mesmo estando endividado? A resposta depende do tipo de dívida. “Se for uma dívida com juros altos, como cartão de crédito ou cheque especial, o melhor caminho é focar em quitar o quanto antes. Já em dívidas com juros mais baixos, como um financiamento imobiliário ou de automóvel, pode fazer sentido seguir pagando as parcelas normalmente e ao mesmo tempo começar a guardar dinheiro”, explica Brenno.
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Jeff também chama atenção para o impacto dos juros compostos — tanto nas dívidas quanto nas aplicações. “Dívidas com juros elevados, como as de cartão de crédito (que seguem com taxas médias acima de 400% ao ano segundo dados do Banco Central), devem ser priorizadas antes de qualquer tentativa de poupança. Já no caso de dívidas de longo prazo e com juros mais baixos, como financiamentos imobiliários ou de veículos com taxas prefixadas abaixo da Selic, é possível sim conciliar o pagamento das prestações com a construção de uma reserva de curto prazo.”
A decisão final, dizem os especialistas, deve considerar o comparativo entre o rendimento líquido do investimento (já com impostos descontados) e o Custo Efetivo Total (CET) da dívida.
Como manter o foco ao longo dos meses
Definida a meta, o segredo passa a ser a constância. “Acompanhar sua meta é tão importante quanto defini-la. Reserve pelo menos um dia por mês para revisar suas finanças, conferir quanto já foi economizado e garantir que você continua no caminho certo”, orienta Brenno. Ele sugere separar o valor assim que o salário cair na conta, como se fosse um boleto.
Jeff propõe transformar esse controle em rotina: “Estabeleça revisões semanais ou mensais, verificando se o valor poupado está dentro do planejado. Celebre pequenas vitórias: cada R$ 500 guardados já são um marco.” Automatizar essa transferência para uma conta separada no início do mês também ajuda a blindar o dinheiro da tentação de ser usado para outra finalidade.
E depois de bater a meta?
Quando chegar dezembro, o objetivo batido pode se tornar um gatilho positivo para o ano seguinte. “O segredo para manter o hábito é transformar a economia em parte da sua rotina, e não em um esforço pontual”, diz Brenno. “Estabelecer novas metas para o próximo ano, mesmo que menores, ajuda a manter o foco.”
Jeff complementa: “Ao perceber os resultados concretos de um objetivo atingido – como ter R$ 5 mil guardados para as festas de fim de ano, viagens ou emergências – o cérebro é recompensado, reforçando o comportamento de poupar.”
Onde deixar o dinheiro até dezembro?
“Como estamos falando de um objetivo de curto prazo, o ideal é investir em ativos com liquidez diária e baixa oscilação”, afirma Brenno. Ele cita como opções os CDBs de liquidez diária, o Tesouro Selic e fundos de renda fixa conservadores.
Jeff acrescenta: “Fundos DI com baixas taxas de administração ou aplicações em CDBs de liquidez diária de bancos médios com rentabilidade igual ou acima de 100% do CDI são boas opções.” Para quem só pretende usar o dinheiro em dezembro, CDBs com vencimento no fim do ano também podem ser considerados.
Não é só sobre dinheiro
Mais do que planilhas e contas, o que faz uma meta dar certo é a intenção de que ela realmente aconteça. “Não se trata apenas de guardar o que sobra, mas de decidir intencionalmente que aquele objetivo é uma prioridade”, resume Jeff. “Quando você entende que dinheiro é uma ferramenta para realizar aquilo que te faz bem e não um fim em si mesmo, poupar deixa de ser sacrifício e passa a ser liberdade.”
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