Dívidas, investimentos e metas: como revisar suas finanças antes de 2026
Saiba como fazer o balanço das suas finanças para iniciar o novo ano sem dor de cabeça
O fim de 2025 se aproxima e é hora de olhar para trás e fazer o balanço do ano, inclusive das finanças. Revisar as contas no final do ano é equivalente a fazer um check-up quando você vai ao médico: você enxerga onde está, o que funcionou e o que precisa ser corrigido para entrar no próximo ano com mais clareza, leveza e estratégia.
Milagres não acontecem, e de acordo com Paula Sauer, professora da FIA Business School, quando se faz um balanço, é possível identificar melhor onde está gastando, o que é supérfluo, o que é sazonal, quais as despesas fixas que cresceram e onde conseguiu diminuir.
“A gente identifica um padrão. Dá para identificar, avaliar e analisar também as dívidas, os compromissos futuros, olhar para a fatura do cartão e pensar: ‘Bom, está tudo para este mês ou tem contas parceladas? Consigo pagar o valor da fatura que eu gastei este mês com o meu salário, sem entrar no cheque especial, sem ter necessidade de parcelamento?’ Isso é importante”, destaca a professora.
Outro ponto importante é mensurar o que melhorou e o que piorou em relação ao ano passado. Se nada muito diferente aconteceu na sua vida, você consegue identificar se melhorou ou piorou o seu comportamento financeiro em relação ao ano anterior.
Além disso, também é possível verificar quais objetivos foram alcançados, se você conseguiu fazer ou manter sua reserva de emergência, se conseguiu fazer os aportes nos investimentos de acordo com o que tinha planejado ou se conseguiu quitar dívidas.
“Conseguir realizar essas coisas é fundamental para entrar no próximo ano com menos dívidas, com mais controle e com um planejamento mais efetivo. A gente precisa tirar essa fotografia financeira, fazer esse check-up das finanças para entender como foi 2025 e se preparar para 2026”, ressalta Sauer.
Tenho dívidas. Como avaliar minha situação financeira?
Para as pessoas que têm dívidas a pagar, a professora da FIA Business School diz que a regra geral é priorizar aquelas com a maior taxa de juros e as dívidas que possuem um bem real como garantia. Então, das dívidas com taxa de juros maior para menor: priorizar o cartão de crédito, o rotativo do cartão, as compras parceladas no cartão e o cheque especial.
“Mais adiante, entram os empréstimos pessoais não consignados, que têm juros menores, mas ainda altos. E, por último, os empréstimos consignados, que podem ser pagos ao longo do prazo porque têm juros mais baixos”, pontua ela.
Se após avaliar as dívidas você identificar a necessidade de renegociar, aproveite o fim do ano. Receitas extra como bônus e décimo terceiro podem ser uma boa alternativa para desafogar as finanças.
+ Vale a pena usar o 13º salário para pagar dívidas e impostos?
Como fazer o balanço dos investimentos
Ao olhar para os investimentos a primeira pergunta, segundo Paula Sauer, é: esse investimento que eu tenho tem a ver comigo ou com meu amigo, com meu colega, com meu chefe? Eu estou aplicando, comprando ou guardando dinheiro com base nas minhas crenças, valores e objetivos, ou estou fazendo porque todo mundo está fazendo?
“Isso não é uma crítica, é uma constatação. A maioria de nós, quando não tem muita certeza do que fazer, acaba seguindo o que todo mundo está fazendo. E, como diz a mãe da gente: você não é todo mundo. Então, nem sempre uma aplicação financeira que funciona muito bem para o seu vizinho, chefe ou amigo tem relação com o seu momento de vida”, alerta ela.
Por isso, é preciso analisar o prazo do seu objetivo, o prazo dos investimentos, a liquidez e a sua própria tolerância ao risco. No geral, isso tudo significa conhecer bem o seu perfil de investidor. Nesse processo, algumas perguntas ajudam como:
- Este investimento me aproxima ou me afasta do meu objetivo? (E essa lógica vale também para o consumo: “esta compra me aproxima ou me afasta do meu objetivo?”)
- O prazo está adequado? Imagine que você faz um investimento com resgate em 12 meses, mas precisa do dinheiro em 9. “Ah, mas eu converso com o gerente, ele vai dar um jeito.” Ele até pode te ajudar, mas provavelmente você não vai receber o que teria direito se mantivesse o prazo contratado.
- Eu aguento o risco? Pense na sua reação ao ver a oscilação do preço de um investimento. Você olha e pensa: “Que bom, a bolsa caiu, posso comprar mais um pouquinho”, ou pensa: “Meu Deus, o mundo acabou, preciso tirar meu dinheiro agora”? É preciso entender como você suporta o risco.
Devo rebalancear minha carteira?
Quanto ao rebalanceamento da carteira: sim, é importante fazer, mas não é adequado ficar mexendo o tempo todo. Às vezes, você troca um investimento por outro que pode até render mais, mas esse movimento de “tira e bota” pode gerar taxas, corretagem, imposto de renda e tudo isso acaba diminuindo sua rentabilidade por causa dos custos das movimentações financeiras.
Um exemplo seria: Imagine que você sentou com seu planejador financeiro e, juntos, identificaram que a carteira ideal para você seria composta por algo como 70% de renda fixa, 20% de ações e 10% de investimentos no exterior. Isso faz sentido para o seu perfil.
Agora imagine que passou um ano, passaram dois, e vocês nunca mais olharam para essa carteira. A renda fixa cresceu mais do que o esperado, enquanto as ações tiveram queda, assim como os ativos no exterior. Aquele balanceamento inicial de 70/20/10 se transformou em 85/10/5. Isso pode não conversar mais com o seu perfil de investimento. Nesse caso, sim, faz sentido fazer o rebalanceamento.
O APP B3 pode ajudar nesse momento. A plataforma consolida todo o seu patrimônio investido, seja em renda fixa ou variável, e facilita a visão de como estão distribuídos seus investimentos. Assim, mesmo que você tenha aplicações em diferentes bancos ou corretoras, consegue ver facilmente quanto do seu dinheiro está em renda fixa ou variável, com detalhes sobre as posições.
“Rebalancear uma carteira não significa definir um prazo rígido, de que a cada um ano vou olhar e mexer. Talvez seja necessário olhar, mas não necessariamente mexer, desde que o combinado inicial, os ativos escolhidos e os objetivos do investimento ainda façam sentido para o que você deseja alcançar”, aponta a professora da FIA Business School.
+ Quase 40% dos brasileiros gastam mais do que recebem, aponta pesquisa
Como escolher metas para 2026
Na hora de escolher as metas, a primeira dica é estabelecer objetivos realistas. Ao definir metas que não consegue cumprir, você provavelmente vai abandoná-las. Sauer ensina que existem instrumentos que podem ajudar a desenhar metas claras: minha meta, minha carteira, meu objetivo. “No modelo SMART, a meta precisa ser específica, mensurável, relevante e com prazo definido. Esse é o modelo SMART — o acrônimo vem do inglês”.
Quais ferramentas usar para acompanhar as finanças?
Segundo a professora da FIA, não existe uma ferramenta exata que seja a melhor para acompanhar o analisar as finanças. Seja aplicativo, uma planilha ou consultoria financeira, tem que ser algo adequado à sua realidade. Não existe uma regra única que atenda a todo mundo.
“Muitas vezes a gente sabe que a ferramenta existe, mas, se ela não atende, procure outro método. O que importa é ter alguma coisa que funcione para você. Um aplicativo pode ser muito útil para quem abre, alimenta e entende como ele funciona”, completa ela.