Inflação da Páscoa: preço do chocolate acumula 27% de alta em 3 anos
Preço de cesta de alimentos ligados à Páscoa cai em 12 meses, com variação de 6,07%
O feriado de Páscoa é uma oportunidade de muitas famílias se reunirem, e como cada uma tem suas tradições, seja na sexta-feira com bacalhau ou no domingo com chocolates, as compras para a celebração fazem parte da preparação. E neste ano, a cesta de alimentos ligados a data está 6,07% mais barata – mas com o chocolate mais caro.
O levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV- Ibre) mostra que os itens de mesa da Páscoa, que registraram aumentos significativos nos últimos anos, tiveram queda de preços no acumulado em 12 meses até março de 2025.
Após um aumento médio de 11,68% em 2023 (comparado a 2022) e uma alta ainda mais expressiva de 16,14% em 2024, observa-se uma queda média de 6,07% em 2025 (em comparação com 2024). Mas quando analisamos os últimos três anos, a cesta teve alta de 21,68%, bem acima dos 12,47% registrado pelo índice de Preços ao Consumidor – Mensal (IPC-M). Confira!
Preços dos alimentos na cesta de Páscoa
Itens | Variação entre 2022 e 2023 (%) | Variação entre 2023 e 2024 (%) | Variação entre 2025 e 2025 (%) | Variação acumulada em 3 anos (%) |
IPC-M | 4,34 | 3,16 | 4,49 | 12,47 |
Páscoa | 11,68 | 16,14 | -6,07 | 21,68 |
Azeite | 7,84 | 46,84 | 10,22 | 74,54 |
Ovos de galinha | 26,08 | 0,62 | 19,04 | 51,02 |
Sucos de fruta | 11,93 | 6,82 | 14,57 | 36,98 |
Arroz | 9,37 | 28,71 | -4,90 | 33,88 |
Atum | 13,12 | 6,97 | 7,94 | 30,61 |
Bombons e chocolates | 10,02 | 2,44 | 12,88 | 27,22 |
bolo pronto | 14,40 | 3,97 | 5,87 | 25,92 |
Azeitona em conserva | 5,97 | 2,65 | 10,01 | 19,67 |
Bacalhau | 10,47 | -1,98 | 9,70 | 18,79 |
Couve | 0,83 | 6,50 | 6,37 | 14,22 |
Sardinha em conserva | 11,46 | -4,49 | 6,14 | 13,00 |
Vinho | 5,20 | 0,17 | 5,79 | 11,49 |
Pescados frescos | 5,06 | 6,85 | -2,22 | 9,76 |
Cebola | 23,06 | 33,37 | -43,12 | -6,64 |
Batata-inglesa | 2,68 | 43,68 | -45,05 | -18,92 |
Segundo Matheus Dias, economista do FGV-Ibre responsável pelo levantamento, apesar da queda total em 12 meses da cesta de Páscoa, alguns itens podem acabar pesando a conta final.
“O fato da cesta de Páscoa ter registrado queda intensa entre 2024 e 2025, influenciada por hortaliças e legumes, conta apenas metade da história. Quando analisamos mais de perto, por um período mais longo, vemos que itens cujos preços médios são mais elevados, como é o caso do azeite, bacalhau e chocolates, tiveram altas expressivas não somente em relação ao ano passado, mas sucessivamente ao longo do tempo, fazendo com que o preço pago pelo consumidor esteja sempre crescendo”, ressalta ele.
Chocolates em alta nos últimos anos
A dinâmica dos preços entre 2023 e 2025 mostrou tendências distintas entre os alimentos da cesta, mas com chocolates e bombons em alta ano após ano. Tradicionalmente associados às celebrações da Páscoa, os produtos subiram consecutivamente com aumentos de 10,02% em 2023, 2,44% em 2024 e 12,88% em 2025, acumulando 27,22% no período total.
O economista destacou que o chocolate, afetado há alguns anos por quebras na produção de cacau mundial, registraria aumento ainda mais significativo se não fosse o fenômeno da reduflação, que consiste na redução da gramatura do produto final como possibilidade de manter o preço ou até mesmo repassar aumentos mais suaves do que ocorreria se o produto fosse mantido com o mesmo peso.
“Um indicativo disso é a variação percentual acumulada das matérias primas do chocolate no Índice de Preços ao Produtor (IPA) desde abril de 2022. Observamos que ingredientes importantes tiveram aumentos muito acima dos preços do chocolate ao consumidor. No período total analisado, a manteiga de cacau registrou 125% de alta, leite em pó subiu 29%, açúcar aumentou 16%, em média, mas bem acima dos preços observados ao consumidor,” afirma.
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Batata e Cebola puxam queda; azeite e ovos a alta
Já nos últimos 12 meses, a batata-inglesa liderou as quedas mais expressivas e pesou na média para que a cesta ficasse mais barata. Após alta de 43,68% em 2024, o tubérculo registrou retração de 45,05% este ano, resultando em queda de 18,92% no triênio.
A cebola foi outra que seguiu tendência similar, passando de +33,37% em 2024 para -43,12% em 2025, com queda acumulada de 6,64%. O arroz, mesmo após recuo de 4,90% no último ano, manteve inflação de 33,88% no período.
Puxando os preços para cima, o azeite se destacou com a maior elevação acumulada (74,54%), com altas consecutivas de 7,84% (2023), 46,84% (2024) e 10,22% (2025). Os ovos de galinha, símbolo de inflação em 2025, somaram aumento de 51,02% nos três anos.
Outros clássicos do período, produtos como bacalhau e sardinha tiveram comportamento irregular nos preços. O bacalhau alternou entre alta (10,47% em 2023), queda (-1,98% em 2024) e nova alta (9,70% em 2025), totalizando 18,79%. O atum destacou-se entre os pescados com inflação de 30,61% no período.
Matheus Dias ainda diz que o levantamento considera os preços até março de cada ano e não captura possíveis variações de última hora na semana que antecede a Páscoa. “Tradicionalmente, ocorre intensificação da demanda sobre itens típicos da data, podendo gerar pressões adicionais de curto prazo nos preços encontrados pelo consumidor no momento da compra para as celebrações”, conclui.
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