Aposentadoria: guia completo para você se planejar
É possível garantir um futuro mais tranquilo, desde que você comece programar suas finanças agora
Um futuro com qualidade de vida e menos preocupações. Quem nunca sonhou com o momento de descanso após uma vida toda dedicada ao trabalho? O caminho para a aguardada aposentadoria, no entanto, costuma ser longo e acompanhado de dúvidas e incertezas
Essa insegurança é natural, já que uma boa aposentadoria é um desejo possível, mas que só pode ser alcançado com planejamento. E quanto antes você começar a se planejar, melhor.
No Brasil, 4 em cada 10 pessoas admitem que não se preparam para a aposentadoria. Entre os jovens, a porcentagem é ainda maior: 75% das pessoas entre 18 e 24 anos não têm essa preocupação.
As justificativas mais usadas por este grupo são a falta de renda e a pouca idade, segundo revela uma pesquisa de 2021 realizada pelo Banco Central em parceria com a CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e o SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), nos anos de 2019 e 2021.
Ao mesmo tempo, somos um país que envelhece rapidamente. O aumento da expectativa de vida do brasileiro – que atualmente é de 76,8 anos, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) – associa a aposentadoria a mais tempo para aproveitar a vida com energia e bem-estar.
Com o envelhecimento da população, cresce o risco de faltar capacidade de pagamento do sistema previdenciário público, o INSS, o que aumenta a importância de conhecer os tipos de aposentadorias privadas disponíveis no mercado. Confira as dicas para você ficar mais tranquilo em relação ao futuro.
Planejamento para a aposentadoria: como começar?
Em primeiro lugar, é preciso entender que o planejamento previdenciário é um tipo de investimento a longo prazo. Por isso, leva em consideração a trajetória profissional e pessoal de cada um e será uma programação constantemente revista.
1: Quanto pretende investir e por quanto tempo?
Trace um objetivo e pergunte a si mesmo: quanto posso investir por mês? Durante quanto tempo? Qual retorno pretendo ter? As respostas vão indicar o caminho ideal de investimento para você.
A Reforma da Previdência, que aconteceu em 2019, deixou na mão do contribuinte um trabalho ainda maior de educação financeira. Por isso, colocar e manter as contas em dia, reservando uma parte do dinheiro todos os meses, é uma prática que deve virar hábito. Por mais difícil que pareça, ainda mais considerando os baixos salários e o custo de vida cada vez mais alto, trata-se de uma decisão de agora que definirá os seus próximos 10, 20, 30 anos.
Vamos abandonar, então, o pensamento de que somente os mais velhos precisam se preocupar com o amanhã. A aposentadoria também é assunto para os jovens. Inclusive, esse planejamento será mais fácil de ser seguido para quem ainda mora com os pais e não tem o orçamento comprometido com gastos fixos.
2: Invista com regularidade
Com base em seu objetivo, tenha disciplina e mantenha a regularidade. Entenda que, independentemente das flutuações de cargo, salário ou das modalidades de contratação ao longo da vida (como Pessoa Jurídica ou tendo a famosa “carteira assinada”), esse é o compromisso com o seu futuro.
Para quem acabou de entrar no mercado de trabalho, preocupe-se menos com os valores e mais com a disciplina para poupar de 5% a 10% do salário. Isso já será suficiente nesse momento.
Para refletir:
Se um jovem de 20 anos começa a poupar R$ 1 mil por mês, ele chegará aos 65 anos com R$ 1,5 milhão de reserva. O patrimônio acumulado cai para R$ 900 mil se o investimento começar aos 30 anos. Se for aos 40 anos, o total será de R$ 500 mil. Ou seja, quanto mais cedo melhor
3: Eleve o percentual de investimento
Ao longo dos anos, o ideal é que o valor investido seja de 20% a 30% da renda. Sobre isso, tenha em mente que a contribuição do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) representa apenas de 8% a 11% do salário. Como compor, então, uma boa aposentadoria?
O que você precisa saber para entender a Previdência Social
A maneira mais “tradicional” de se aposentar é contribuir para o INSS. Essa é a famosa previdência pública, financiada pelo governo federal. Aqui, é necessário levar em conta requisitos legais como tempo de contribuição e idade mínima.
Em linhas gerais, a Previdência Social no Brasil segue um regime de repartição na qual prevalece a “solidariedade” dos contribuintes. Ou seja, os trabalhadores em idade ativa bancam o benefício da população aposentada.
Ao contribuir mensalmente com o INSS – seja pelo regime de carteira assinada ou por conta própria –, você custeia os 70 milhões de trabalhadores protegidos por esse sistema, que, em fevereiro de 2022, pagava 36,4 milhões de benefícios todos os meses.
Na teoria, quem contribui hoje está assegurado amanhã. Porém, cada vez mais, especialistas em contas públicas alertam sobre o deficit deste sistema, considerando o maior tempo de vida do brasileiro e a menor contribuição à Previdência pública, frente ao desemprego e o aumento do trabalho informal, que prejudicam a arrecadação nacional.
INSS: veja os principais tipos de aposentadoria acessíveis via Previdência Social
- Aposentadoria por Tempo de Contribuição: homens com 65 anos de idade e 15 anos de contribuição. Mulheres com 61 anos de idade e 6 meses e 15 anos de contribuição;
- Aposentadoria por invalidez: contribuintes impossibilitados de exercer suas funções em decorrência de doença ou acidente que gere incapacidade permanente;
- Aposentadoria especial: tempo total de contribuição de 25, 20 ou 15 anos, conforme o caso, para trabalhadores expostos a agentes nocivos à saúde de forma contínua;
Além dessas situações, o INSS prevê especificações para professores, pessoas com deficiência, servidores públicos e trabalhadores rurais. Vale lembrar que contribuir para o INSS tem mais uma vantagem: o acesso ao auxílio-doença. Esse benefício dá segurança aos trabalhadores e garante o mínimo mensal àqueles que estão temporariamente incapacitados por doença ou acidente.
4: Não fique apenas com a Previdência Social
Diante desse cenário, não conte apenas com a Previdência Social, e encare o benefício do INSS como um complemento da renda durante a aposentadoria.
E como funciona a Previdência Privada?
No Brasil, existem dois tipos de Previdência Privada: a aberta e a fechada. Vamos começar pela fechada, que também é conhecida como Fundo de Pensão. Trata-se de um tipo de previdência sem fins lucrativos, realizado por empresas com foco nos próprios funcionários. Logo, somente quem trabalha nesses locais pode optar pelo regime. O Banco do Brasil, por exemplo, possui o Previ, o maior Fundo de Pensão do país.
Já a Previdência Privada aberta pode ser feita por qualquer pessoa que queira investir nessa modalidade. Ela é oferecida por instituições financeiras e dispõe de especialistas para gerir o patrimônio do fundo.
Os planos são divididos em: PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e VGBL (Vida Geradora de Benefício Livre). A diferença principal entre os dois está associada ao tipo de declaração de IR (Imposto de Renda).
5: Diferenças entre PGBL e VGBL
O PGBL é indicado para quem faz a declaração de IR completa, já que, nessa modalidade, o investidor consegue deduzir do IR os valores investidos, até o limite de 12% de sua renda bruta anual. Em contraponto, no momento do resgate, todo o valor (principal + rendimentos) será tributado.
Já o VGBL é indicado para os jovens, que costumam fazer a declaração de IR simplificada ou não precisam declarar. Assim, não há como deduzir os valores aportados, mas, no momento do resgate, o imposto incide apenas sobre os rendimentos.
Após definir qual é a modalidade que mais se encaixa ao seu perfil, o contribuinte tem de optar ainda entre: tabela progressiva ou regressiva.
6: Entenda as tabelas progressiva e regressiva
A tabela progressiva do IR é ideal para quem poupa o dinheiro para aposentadoria, mas tem grandes chances de sacar a quantia antes do tempo por estar suscetível a emergências financeiras. Aqui, quanto maior o rendimento, maior a tributação. Os investidores pagarão a mesma taxa aplicada ao IR: de 0% para pagamentos mensais até R$ 1.903,98; e que vai aumentando até o limite de 27,5% para quem recebe acima de R$ 4.664,68.
A tabela regressiva, por outro lado, é indicada para quem está longe de se aposentar e vai aplicar por longos períodos (daqui a 10, 20 ou 30 anos). Isso porque a sua tributação é feita em cima do tempo de investimento. Se seu objetivo é retirar o dinheiro em até dois anos, a alíquota será de 35% – ela diminuirá 5 pontos percentuais a cada dois anos, chegando ao mínimo de 10% com investimentos acima de 10 anos.
7: Atenção às taxas sobre a previdência
Fique de olho nas taxas adicionais que algumas instituições financeiras aplicam sobre a previdência. Há taxas de entrada, saída e de administração. Os montantes variam bastante, e é importante saber em que momento serão cobradas.
Dica bônus: outros tipos de investimento para se aposentar
Além da Previdência Social e dos planos de Previdência Privada, existem outras opções interessantes para juntar dinheiro para o futuro no mercado de capitais. Estamos falando dos produtos de renda fixa e renda variável no portfólio dos bancos e corretoras. Entre os ativos sugeridos nesse tipo de carteira estão os títulos públicos (Tesouro Direto), os CDBs (Certificado de Depósito Bancário), as ações da bolsa e os fundos de investimentos que combinam esses produtos de forma eficiente visando ganhos no longo prazo.
Você sabia?
No site do Tesouro Direto é possível simular opções de título e aportes mensais para objetivos variados, como a aposentadoria
Agora que você já sabe por onde começar, não perca tempo e comece o quanto antes a investir no seu futuro
Como funciona a aposentadoria com investimentos na prática?
Se um jovem de 20 anos que recebe um salário mínimo (R$ 1.212,00 em 2022) começar a investir 10% da sua renda na previdência privada, optando pelo plano VGBL (Vida Geradora de Benefício Livre), com início do recebimento aos 60 anos, no formato vitalício, após 40 anos ela terá o valor acumulado de R$ 110.979,98, com pagamentos mensais de R$ 314,42.
Se esse investimento – no mesmo plano com a mesma quantia – começar a ser feito aos 30 anos, o valor total será de R$ 70.024,28 com pagamentos mensais de R$ 198,39.
Com início do investimento aos 40 anos, o valor acumulado cai para R$ 39.549.39, com valor mensal de apenas R$ 112,05 (menos do que o valor mensal investido durante 20 anos). É importante perceber como o tempo faz tanta diferença quanto o valor investido.
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