Com fim da isenção de IR, investir em LCI e LCA vai ser mais vantajoso que CDB?
Para além da rentabilidade, há aspectos relacionados ao emissor que devem ser avaliados tanto nos CDBs quanto nos LCIs e LCAs

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Caso seja aprovada no Congresso a proposta que taxa títulos até agora isentos de Imposto de Renda (IR) e muda a tributação de aplicações financeiras, investidores precisarão mudar os atuais parâmetros ao escolher entre investir em um CDB (Certificado de Depósito Bancário) ou em LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) ou LCAs (Letras de Crédito Agronegócio).
LCIs e LCAs serão taxadas? FIIs seguem isentos? Entenda o que muda para seus investimentos
O texto relatada pelo deputado Carlos Zarattini traz algumas mudanças em relação à proposta da medida provisória nº 1.303/25, e sugere a taxação de LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio). Por outro lado, mantém a isenção de CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), e Fundos Imobiliários (FIIs).
Sócio-fundador da Guardian Capital, Thiago Costa Azevedo, calcula que um LCI ou LCA precisaria ter rentabilidade de pelo menos 90% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) para superar o retorno de um CDB com rendimento de 100% do CDI.
Os LCIs e LCAs ainda valeriam a pena, desde que “a taxa oferecida compense a nova mordida fiscal”, segundo o analista Sidney Lima, da Ouro Preto Investimentos. “O que muda é o ponto de equilíbrio”, explica.
O que muda na tributação das LCIs, LCAs e CDBs
Atualmente, LCIs e LCAs são isentas de tributos. Já os CDBs estão sujeitos à tabela regressiva do Imposto de Renda (IR), com alíquotas que diminuem ao longo do tempo conforme segue:
- Até 180 dias – 22,5%
- De 181 a 360 dias – 20%
- De 361 a 720 dias – 17,5%
- Acima de 720 dias – 15,0%
A proposta atualmente no Congresso, no entanto, criaria um imposto de 7,5% sobre os ganhos com LCIs e LCAs. Já os CDBs contariam com uma alíquota única de 17,5% independentemente do prazo.
Ponto de equilíbrio entre LCIs, LCAs e CDBs
Na tributação atual, o rendimento que torna uma LCI ou LCA vantajosa em relação a um CDB com rendimento de 100% do CDI varia conforme o prazo, como exibido na tabela a seguir:
Prazo do Investimento | Rendimento Líquido do CDB 100% | Rendimento Mínimo do LCI/LCA para Superar |
Até 180 dias | 77,5% do CDI | Acima de 77,5% do CDI |
De 181 a 360 dias | 80,0% do CDI | Acima de 80,0% do CDI |
De 361 a 720 dias | 82,5% do CDI | Acima de 82,5% do CDI |
Acima de 720 dias | 85,0% do CDI | Acima de 85,0% do CDI |
Como a proposta derrubaria a tabela regressiva de IR, a comparação de rendimento entre LCIs, LCAs e CDBs não precisaria mais considerar o prazo.
É importante notar que as LCIs e LCAs manteriam parte de sua atratividade. “A grande vantagem típica das LCIs e LCAs sempre foi a isenção para pessoa física, agora possivelmente substituída por alíquota reduzida”, afirma Sidney Lima.
Veja abaixo os cálculos de Thiago Costa Azevedo:
LCI/LCA (% CDI) | LCI/LCA Líquido (% CDI) | CDB 100% Líquido (% CDI) | Vantagem |
85% | 78.62% | 82.50% | CDB melhor |
90% | 83.25% | 82.50% | LCI/LCA melhor |
95% | 87.88% | 82.50% | LCI/LCA melhor |
100% | 92.50% | 82.50% | LCI/LCA melhor |
105% | 97.12% | 82.50% | LCI/LCA melhor |
110% | 101.75% | 82.50% | LCI/LCA melhor |
O que mais avaliar?
Para além da rentabilidade, há aspectos relacionados ao emissor que devem ser avaliados tanto nos CDBs quanto nos LCIs e LCAs. Afinal, são todos títulos emitidos por instituições financeiras. Ambos contam assim com proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) para valores de até R$ 250 mil.
“Ao investir em qualquer título de crédito privado, o investidor está emprestando dinheiro a uma instituição financeira em troca da remuneração prometida. Por isso, é fundamental avaliar a saúde financeira do emissor”, aconselha Azevedo.
Outro ponto na análise são os prazos. É mais comum encontrar CDBs com liquidez diária, ou seja, cujo valor pode se resgatado a qualquer momento sem perda dos rendimentos. Já no caso dos LCIs e LCAs, quase sempre é necessário aguardar a data de vencimento do título para garantir os ganhos.
Regulamento ainda em discussão
“Do ponto de vista político, o texto ainda enfrenta negociação intensa e sinais de resistência setorial, então o investidor deve tratar como cenário e não como fato consumado”, aconselha Sidney Lima.
Após a apresentação feita pelo deputado Carlos Zarattini, os parlamentares que compõe a comissão mista responsável por analisar a proposta receberam prazo para vista coletiva. A proposta será ainda discutida pelo grupo, e precisará aprovação da Câmara, do Senado e da sanção presidencial para entrar em vigor.
Para evitar grandes impactos de mudanças na tributação, o analista da Ouro Preto Investimentos aconselha diversificação. “Em um ambiente com proposta de mudança tributária, vale manter flexibilidade na carteira e evitar concentração grande”, diz.
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