Renda fixa

Como usar os novos índices de debêntures da B3 para investir melhor

Conheça os novos índices de renda fixa da B3 e saiba como usá-los em sua estratégia de investimentos

Qualquer pessoa que começa a investir logo ouve falar do Ibovespa B3, o principal índice de ações da Bolsa brasileira. O indicador serve como um termômetro e reflete o comportamento das ações mais negociadas do mercado. O que muita gente não sabe é que a renda fixa também tem seus próprios índices – e eles podem ser uma ferramenta valiosa na hora de escolher onde investir.

Em junho, a B3 lançou dois desses indicadores, voltados para debêntures com a melhor nota de crédito do mercado, de rating AAA. Um deles acompanha debêntures atreladas ao CDI (o IDEB), e o outro debêntures incentivadas corrigidas pelo IPCA (o IDEI). Os novos índices já podem ser usados por investidores que querem tomar decisões mais embasadas, seja para comparar títulos disponíveis no mercado, montar uma carteira ou entender se a remuneração de uma debênture está compatível com o risco envolvido.

Segundo a professora Betty Grobman, especialista no tema, eles funcionam como um guia para diferentes estratégias: desde a montagem de carteiras até a análise de risco e retorno de papéis específicos.

“Se o investidor é mais ativo, que opera com frequência no mercado secundário, o índice de preço pode ser mais relevante. Já quem está montando uma carteira para carregar até o vencimento, por exemplo, pode se interessar mais pelo índice de taxa”, explica Betty.

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Ambos os índices são do tipo retorno total – ou seja, além da variação de preço de mercado, consideram os eventos financeiros associados aos papéis, como pagamentos de juros, amortizações e prêmios. “Isso é fundamental porque, ao comprar uma debênture, o investidor não está interessado só no preço. Ele quer saber o que vai receber ao longo do tempo”, afirma.

Análise de riscos

Como qualquer investimento, as debêntures têm riscos atrelados a elas. E os índices podem ser usados para comparar o nível de risco de diferentes papéis. Betty explica que os títulos de renda fixa têm três tipos diferentes de risco: crédito, mercado e liquidez. “Não é porque tem ‘fixa’ no nome que é 100% seguro. Há risco de crédito, mesmo em títulos públicos.”

Por isso, além de referência para estratégias de alocação, os índices também funcionam como ferramenta de comparação. Como reúnem apenas debêntures de classificação AAA, o investidor pode usá-los como benchmark para avaliar a remuneração de outros papéis. “Se uma debênture com rating semelhante está pagando um spread muito acima da média, isso pode indicar um risco adicional que merece ser investigado. E, ao contrário, se o spread estiver abaixo, talvez a remuneração não compense”, diz.

Ela cita o exemplo de dois papéis que analisou recentemente: ambos com nota AAA, mas com spreads bem diferentes – um pagando 1,5%, outro 1,9%. “É aí que o índice ajuda: ele mostra a média do mercado e permite identificar distorções. Pode ser uma boa pista para aprofundar a análise.”

O que mais analisar em títulos de renda fixa

Além do risco, a professora destaca a importância de se atentar ao prazo de vencimento de uma debênture antes de comprar um título como este.

“Às vezes o investidor se empolga com uma taxa alta, mas esquece que vai precisar do dinheiro antes”

Por fim, ela ressalta que os índices ajudam até mesmo na escolha entre debêntures individuais. “É possível consultar os ativos que compõem o índice, investigar aqueles que chamaram atenção e até replicar uma parte da carteira. É um instrumento muito útil para quem quer montar uma carteira alinhada ao seu perfil de risco e horizonte de investimento.”

Entenda os novos índices de renda fixa

Para compor os índices amplos, são selecionadas as séries de debêntures com volume emitido igual ou superior a R$ 300 milhões e que, na data de rebalanceamento, detenham as seguintes características:

Índice de Debêntures AAA DI B3

  • Debêntures de remuneração composta por DI (Depósito Interbancário) + spread;
  • Tenham volume médio diário de negociação no mercado secundário igual ou superior a R$ 300 mil e 20% dos dias com negociação nos últimos 4 meses;
  • Tenham classificação de risco (rating) mínimo de AAA;
  • Estejam em consonância ao cumprimento da agenda de eventos financeiros;
  • Apresentem prazo de vencimento superior a um mês na data de rebalanceamento, de tal forma que o vencimento do ativo não aconteça durante o período de vigência da carteira teórica.

A primeira carteira do índice é composta por 68 ativos de 27 emissores.

Índice de Debêntures Incentivadas AAA

  • Debêntures de remuneração composta por IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) + spread;
  • Sejam incentivadas e apresentem benefícios fiscais aos investidores;
  • Tenham volume médio diário de negociação no mercado secundário igual ou superior a R$ 300 mil e 20% dos dias com negociação nos últimos 4 meses;
  • Tenham classificação de risco (rating) mínimo de AAA;
  • Estejam em consonância ao cumprimento da agenda de eventos financeiros;
  • Apresentem prazo de vencimento superior a um mês na data de rebalanceamento, de tal forma que o vencimento do ativo não aconteça durante o período de vigência da carteira teórica.

A primeira carteira do índice é composta por 57 ativos de 28 emissores.

Os dois são índices de Retorno Total, com carteiras teóricas de prazo médio superior a 720 dias corridos. O rebalanceamento será realizado mensalmente, para refletir as eventuais mudanças ocorridas nas quantidades de mercado dos títulos.

Os títulos são ponderados pelo valor de mercado, levando em consideração as quantidades de mercado das debêntures ao longo da vigência do título. Não estão inclusas as debêntures perpétuas, conversíveis e permutáveis, e que estejam em recuperação judicial ou extrajudicial na data de rebalanceamento.

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