Renda fixa

Onde estão as oportunidades no mercado de crédito, segundo duas gestoras

Arx e BNP Paribas participaram do Smart Summit e comentaram suas apostas para a estratégia de crédito

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Os ativos chamados de créditos privados nada mais são do que títulos de dívidas emitidos por empresas e instituições não-públicas. Foto: Adobe Stock

Passado um ano do choque que o mercado sentiu com o evento Americanas, os gestores de crédito estão otimistas – mas cautelosos. Durante o Smart Summit, que acontece no Rio de Janeiro nesta semana, representantes da Arx e do BNP Paribas falaram sobre suas expectativas para o segmento.

“O mercado de crédito privado cresceu e se desenvolveu muito desde 2018”, ano em que a Arx lançou sua estratégia nesse segmento, afirmou Bernardo Teixeira, responsável pela área de relações com investidores da gestora.

Com cerca de R$ 16 bilhões nos fundos de crédito privado, a casa hoje vê oportunidades principalmente no segundo e terceiro layer de risco de crédito, entre as emissões e empresas com nota AA e AA.

Em resumo, diz ele, a busca é por “ativos com excelente risco de crédito que estejam negociando taxas não condizentes com seu risco de crédito”.

“Além disso, ainda olhamos para as empresas AAA [as mais bem avaliadas] em setores que não são regulados. Gostamos por exemplo do setor de saúde”, disse Teixeira. Nesse segmento, ele comentou uma emissão feita pela Hapvida, a CDI + 5,8% ao ano. “Isso, para uma empresa AAA, era inimaginável em 2022”.

Esse cenário acontece muito a rebote do que aconteceu em 2023. Segundo ele, desde os eventos de crédito do começo do ano passado, houve um aumento expressivo do spread sobre o CDI – o prêmio de risco que as empresas precisam oferecer a seus credores sobre a taxa básica de juros.

Retomada do crédito

Num primeiro momento, o mercado travou e poucas emissões e negociações aconteciam. Depois disso, voltaram as captações em ativos isentos, como CRIs, CRAs e debêntures incentivadas. Em seguida, as empresas mais bem avaliadas (AAA) conseguiram reduzir os prêmios de risco e voltaram a captar num nível muito similar ao histórico desde 2020, disse Teixeira. “Mas houve um descompasso grande, em que as empresas com rating AA e A não conseguiram voltar aos níveis anteriores e continuaram com spreads elevados. É aí que vemos mais oportunidades”, afirmou.

“Estamos otimistas, acreditamos que o ciclo para o mercado de crédito é muito bom. As empresas já reduziram seus custos, estão desalavancando os balanços e voltaram a querer distribuir dividendos, e isso passa pelo pagamento dos encargos financeiros”, afirmou.

Luciano Santos, gerente comercial do BNP Paribas Asset Management, reforçou a necessidade de avaliar cada emissão para fazer uma análise de como o papel e a empresa deverão operar num prazo mais longo. “Analisamos o crédito num processo de longo prazo, olhando para o setor, a macroeconomia, o posicionamento da empresa e sua capacidade de financiamento. Analisamos a empresa e os problemas que ela pode vir a enfrentar”, disse.

Ele também comentou que a gestora, que tem uma carteira de crédito privado de cerca de R$ 22 bilhões, vem buscando avaliar a rentabilidade no formato “CDI +”, olhando para o spread de crédito pago, e não para a porcentagem do CDI que aquele papel oferece. “A gente fica mais confortável com uma taxa de CDI + 1,5%, seja o CDI 12% ou 9%”, exemplificou.

Legado Americanas

Para Bernardo Teixeira, da Arx, os problemas enfrentados pela Americanas no ano passado deixaram como aprendizado para o mercado de crédito a importância da governança da empresas. “Não basta olhar o balanço, precisamos estar próximos da direção das companhias”, afirmou.

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