Renda fixa

Prefixado, pós-fixado ou IPCA+: o que rendeu mais na renda fixa e onde vale a pena investir agora?

Com perspectiva de queda da Selic, títulos de renda fixa prefixados ou atrelados à inflação ganham destaque, mas é preciso cautela

Com a Selic em 15% ao ano – e o Comitê de Política Monetária (Copom) alertando que a taxa se manterá elevada por período prolongado – muitos investidores buscam na renda fixa uma oportunidade de garantir retornos expressivos com baixo risco, aproveitando o cenário de juros altos para proteger e potencializar o patrimônio. Mas uma dúvida recorrente é: qual o melhor título nessa classe de ativos? Afinal, é melhor escolher os ativos que acompanham a Selic (pós-fixados), que corrigem o seu investimento pela inflação e oferecem uma rentabilidade real, ou aqueles que têm a taxa prefixada?

A resposta, como muitas vezes no mundo dos investimentos, é “depende” – do seu perfil como investidor, do seu prazo, seu objetivo e das perspectivas para os próximos meses e anos.

O Bora Investir conversou com especialistas para entender o que está acontecendo nesse mercado. Confira!

Um passo atrás: o que rendeu mais na renda fixa até agora?

A pedido do Bora Investir, a Quantum Finance fez um levantamento de quanto renderam os principais títulos do Tesouro Direto em diferentes janelas de tempo: nos últimos 90 dias, no ano até agora, e nos últimos cinco anos.

Em cada prazo, um indexador sai vencedor. Isso mostra a importância da diversificação.

Em 90 dias úteis, de julho até novembro, é do Tesouro IPCA+, que rendeu 8,76% no período. Em segundo, aparece o Prefixado.

NomeTítuloData de EmissãoRetorno nos últimos 90 dias úteis (22/07/2025 até 25/11/2025)
LFT 210100 20290301Tesouro Selic05/10/20225,17%
LTN 100000 20320101Tesouro Prefixado10/01/20258,15%
NTN-B 760198 20500815Tesouro IPCA+29/05/20128,76%
NTN-B 760199 20600815Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais12/01/20226,09%
NTN-F 950199 20350101Tesouro Prefixado com Juros Semestrais05/01/20247,49%

Olhando o recorte do primeiro dia útil de janeiro de 2025 até 15 de novembro, as primeiras posições mudam. O título que mais rendeu foi o Prefixado, seguido pelo IPCA+.

NomeTítuloData de EmissãoRetorno no ano até agora (02/01/2025 até 25/11/2025)
LFT 210100 20290301Tesouro Selic05/10/202213,12%
LTN 100000 20310101Tesouro Prefixado18/01/202427,02%
NTN-B 760198 20500815Tesouro IPCA+29/05/201223,59%
NTN-B 760199 20600815Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais12/01/202217,15%
NTN-F 950199 20310101Tesouro Prefixado com Juros Semestrais10/01/202022,93%

Já na janela dos últimos 5 anos, o primeiro lugar fica com o Tesouro Selic, com uma rentabilidade acumulada de 69,88%.

NomeTítuloData de EmissãoRetorno nos últimos 60 meses (20/11/2020 até 25/11/2025)
LFT 210100 20270301Tesouro Selic03/07/202069,88%
NTN-B 760198 20260815Tesouro IPCA+24/06/201648,22%
NTN-B 760199 20260815Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais06/01/201651,13%
NTN-F 950199 20270101Tesouro Prefixado com Juros Semestrais15/01/201641,04%

Como funciona cada tipo de título – e por que a rentabilidade da renda fixa varia?

O Tesouro Direto é um programa do governo federal que permite a qualquer pessoa investir em títulos públicos pela internet, com valores acessíveis e segurança. Esses títulos são usados para financiar a dívida pública e, em troca, oferecem ao investidor diferentes formas de rentabilidade.

  • Tesouro Selic (pós-fixado): acompanha a taxa básica de juros da economia, a Selic. É indicado para quem busca liquidez e menor risco de oscilação, já que seu preço varia pouco. Ideal para reserva de emergência ou prazos curtos.
  • Tesouro IPCA+: corrige o valor investido pela inflação (IPCA) e adiciona uma taxa fixa de juros. Assim, esse título garante rentabilidade real, protegendo o poder de compra no longo prazo. Por outro lado, seu valor é mais sensível às oscilações de mercado, especialmente quando os juros mudam.
  • Tesouro Prefixado: oferece uma taxa fixa definida no momento da compra. Se mantido até o vencimento, você sabe exatamente quanto vai receber no vencimento do título. Porém, se o investidor decidir vender o papel antes do prazo, poderá receber menos do que o valor investido (ou obter uma rentabilidade acima da prometida no momento da compra): tudo depende das condições do mercado e das expectativas quanto à taxa de juros no futuro.

Essas oscilações acontecem por causa da marcação a mercado: os preços dos títulos variam diariamente conforme as expectativas para juros e inflação. Quando as taxas sobem, os preços caem, e vice-versa. Quem carrega o título até o vencimento não sente essas variações, mas quem vende antes pode ter ganhos ou perdas.

Qual o melhor título para o momento atual?

Com a Selic em 15% ao ano desde junho, o mercado busca prever quando o Copom irá começar o ciclo de redução da taxa básica de juros. “É esperado o que o Banco Central conduza cortes na taxa básica de juros no próximo ano, mas o que vale mais é o movimento na curva de juros, ou seja, o que o mercado espera dos juros à frente”, afirma Guilherme Almeida, Head de Renda Fixa da Suno Research. “E a percepção é de que nós teremos juros menores nos próximos anos”, resume.

Esse cenário, diz ele, pode beneficiar especialmente os títulos com componente prefixado – sejam os prefixados puros ou aqueles indexados à inflação. Guilherme dá destaque aos títulos do Tesouro IPCA+: “Eles estão pagando taxas historicamente muito elevadas, acima de 7%, algo que somente ocorreu em poucas janelas. E são títulos que preservam o poder de compra do investidor”, lembra. “O ano que vem é um ano eleitoral, o que pode trazer surpresas inflacionárias, e é importante que o investidor consiga preservar o poder de compra do seu patrimônio”.

É importante destacar, no entanto, que pode haver volatilidade no preço desses títulos, especialmente para quem pretende vender antes do vencimento.

Como escolher o vencimento certo para cada objetivo

Para reduzir riscos e aproveitar melhor as oportunidades, o investidor deve alinhar o prazo do título com o objetivo financeiro. Se a meta é de longo prazo, como aposentadoria ou compra de imóvel em 10 anos, títulos do Tesouro IPCA+ com vencimentos mais distantes podem ser adequados, pois garantem rentabilidade real e proteção contra inflação. Já para objetivos intermediários, como pagar estudos ou trocar de carro em 3 a 5 anos, prefixados ou IPCA+ com vencimentos mais curtos podem fazer sentido.

Para quem precisa de liquidez e segurança, o Tesouro Selic continua sendo uma boa opção. Ele acompanha a taxa básica de juros e tem baixa volatilidade, sendo ideal para reserva de emergência ou objetivos de curto prazo. Como pode ser resgatado a qualquer momento sem grandes perdas, funciona como um “porto seguro” dentro da renda fixa.

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