Tesouro prefixado a 15%: veja o quanto rende o título e se vale a pena investir
Taxa do título prefixado alcançou patamar recorde, mas é preciso cautela ao investir
As taxas oferecidas pelos títulos do Tesouro Direto voltaram a subir nesta semana, em resposta ao estresse do mercado financeiro com a ata do Copom (Comitê de Política Monetária), que veio mais dura do que o esperado, além das já conhecidas preocupações com a trajetória fiscal do País. Nesta manhã, os títulos prefixados superam os 15% ao ano, e os títulos do tipo IPCA+ pagam acima de 7% ao ano. Mas em meio à escalada das taxas, é um bom momento para comprar novos títulos?
Juros dispararam mais: vale a pena resgatar títulos do Tesouro Direto para reinvestir?
“Com todo esse estresse no mercado, é importante que o investidor fique muito atento à diversificação da carteira e a ativos de médio e longo prazo, já que podem sofrer com a marcação a mercado se as taxas continuarem subindo e podem ter deságio para a saída antecipada”, lembra Luciana Ikedo, especialista em finanças e autora do livro Vida Financeira – Descomplicando, economizando e investindo.
As taxas podem ser tentadoras, mas é preciso atenção. Quem investiu nesta terça-feira (17/12) R$ 1.000 no Tesouro Prefixado 2031 irá receber, no vencimento do título, R$ 2.081,35 – já descontados os impostos e taxas, segundo o próprio simulador do Tesouro Direto. Mas no meio do caminho, por causa da marcação a mercado, esse valor pode flutuar (e muito). Quem precisar do dinheiro antes do vencimento, portanto, pode ser penalizado e até ter prejuízos.
Confira a projeção do site do Tesouro Direto para o investimento de R$ 1 mil no Tesouro Prefixado 2031 e comparações com outras opções do mercado. Os valores em 1º de janeiro de 2031 são brutos.
Data | 01/01/2031 |
Tesouro Prefixado (15,18%) | R$ 2.303,56 |
LCI/LCA | R$ 1.559,79 |
Poupança | R$ 1.505,87 |
Fundo DI | R$ 1.656,11 |
CDB | R$ 1.636,70 |
Daiane Gubert, head de assessoria de investimentos da Melver, concorda que é preciso cautela. “O investidor fica muito animado ao encontrar uma taxa prefixada dessa magnitude. 15% é muito além do sonho de todo investidor – os tão desejados 1% ao mês. À primeira vista, é realmente muito tentador, mas é preciso observar outras variáveis”, lembra.
Isso porque, segundo ela, uma deterioração do cenário fiscal pode levar a Selic a patamares ainda maiores do que os 15% oferecidos, o que reduziria a atratividade da taxa prefixada oferecida hoje.
“Há cerca de 15 dias, essa taxa chamou a atenção quando atingiu 14,3%, e agora alcançou 15%. Se olharmos para o passado, podemos lembrar que a taxa SELIC já chegou a 42% em 1999 e a 28% em 2004”, comenta.
E mesmo que haja a possibilidade de resgate antes do prazo de vencimento, a depender do momento do mercado, o investidor pode ter prejuízo nessa operação. Por isso, o ideal é alinhar o prazo do título com a sua necessidade de receber o dinheiro de volta. “Minha orientação é sempre observar o prazo de alocação e manter o investimento até o vencimento. Só haverá ágio se a taxa negociada for menor do que a contratada, o que só ocorrerá caso os juros caiam. No entanto, nas projeções atuais, essa redução não deverá ocorrer ao longo de 2025”, diz Gubert.
Rafael Bellas, coordenador de produtos da InvestSmart, destaca que a taxa atual pode ser interessante.
“Este tipo de título garante uma taxa de retorno fixa até o vencimento, uma característica valiosa especialmente em momentos de incerteza econômica e fiscal intensa como a que vivemos atualmente”, diz. “Entretanto, é fundamental compreender que investir em Tesouro Prefixado carrega riscos significativos, como a volatilidade dos preços no mercado secundário. Essa volatilidade pode ser amplificada por mudanças na política monetária ou revisões nas expectativas econômicas. Por exemplo, um aumento nas taxas de juros além do previsto atualmente pode depreciar consideravelmente o valor de mercado desses títulos, causando prejuízos para aqueles que precisem liquidar seus investimentos antes do prazo de vencimento”, explica.
Outro risco, lembra Bellas, é a inflação, que pode corroer os ganhos do investimento. “Apesar das taxas oferecidas pelo Tesouro Prefixado parecerem atraentes à primeira vista, é crucial avaliar as expectativas de inflação ao longo do prazo até o vencimento do título. Uma aceleração inflacionária não antecipada pode corroer o poder de compra dos rendimentos, diminuindo a efetividade deste investimento como ferramenta de proteção contra a inflação”.
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